segunda-feira, 27 de novembro, 2017

Todos ganham com a economia da floresta em pé

A relação da fabricante de cosméticos Natura com a biodiversidade da Amazônia já é antiga. E se tornou uma das marcas registradas da companhia, apontada como a melhor do setor de bens de consumo e também A Empresa Sustentável do Ano nesta edição do Guia EXAME de Sustentabilidade (veja reportagem na pág. 190). Para manter sua fonte de matérias-primas, a companhia investe em tecnologias e projetos que geram renda para as comunidades com base no extrativismo da floresta, e não em sua derrubada. Foi assim que nasceu a iniciativa de liderar a criação de um sistema de cultivo sustentável de óleo de palma, conhecido como azeite de dendê no Brasil, cultura que é hoje uma das principais responsáveis pela derrubada de florestas tropicais no mundo.
Usado tanto na indústria alimentícia como na de cosméticos, o dendê é amplamente cultivado na Amazônia, ocupando grandes áreas de plantação num sistema de agricultura industrial, ou seja, baseada na máxima produtividade econômica. O novo modelo desenvolvido integra a produção e a conservação da biodiversidade ao fazer o plantio da palma junto com o de outras espécies, num sistema agroflorestal. Numa espécie de consórcio, na mesma área da palma foram plantados cacau, açaí, ucuuba, ipê, entre outras espécies. “Essa forma de cultura se mostrou muito mais rica, porque gera mais renda para a comunidade envolvida na extração e sequestra mais carbono do ambiente”, diz João Paulo Ferreira, presidente da Natura.
Como o ciclo de cultivo da palma é longo, em geral de sete anos, o projeto foi desenvolvido no decorrer da última década. Essa iniciativa está sendo desenvolvida em parceria com a Cooperativa Agrícola Mista de Tomé-Açu, no Pará, e com a Empresa Brasileira de -Pesquisa Agropecuária (Embrapa), e conta com financiamento da Financiadora de Estudos e Projetos.
A conclusão do grupo é que o modelo pode se tornar uma importante alternativa para aumentar a escala da produção, com benefícios econômicos, ambientais e sociais. Ferreira lembra que, no início do projeto, a indústria de produção de óleo de palma encarou a iniciativa com ceticismo. Agora, diante dos resultados, há interessados em fazer parcerias para desenvolver o modelo. “Acredito que o projeto poderá mudar a indústria de dendê”, afirma o presidente da Natura. Hoje, a companhia compra óleo de palma apenas de produções com a Certificação Mesa Redonda sobre Óleo de Palma Sustentável (RSPO, na sigla em inglês), que garante um cultivo responsável.
Exame – 16/11/2017
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