terça-feira, 19 de julho, 2016

Laboratório Libbs eleva aposta em remédio inovador

Perto de inaugurar a maior fábrica de medicamentos biossimilares de uso único da América Latina, a Libbs Farmacêutica ampliou a aposta em inovação, atenta às necessidades médicas não atendidas, de acordo com o presidente do laboratório, Alcebíades Athayde Júnior. Nesse sentido, ingressou no início do ano em consórcio internacional para desenvolver um medicamento biológico que poderá salvar a vida de recém-nascidos, participa do codesenvolvimento de um novo produto usado no tratamento de diabetes e, junto com pesquisadores americanos, está desenvolvendo uma terapia inovadora para tratamento da pré-eclampsia. Esse último estudo está perto de entrar na fase 2.
"Não existe um medicamento para retardar o parto. Se tivermos, isso vai mudar o patamar da Libbs no país", afirmou Athayde Júnior. O projeto, também na área de biotecnologia, ainda não tem estrutura de financiamento equacionada. Mas a percepção é a de que deverá atrair o interesse de farmacêuticas multinacionais. "Uma empresa nacional, sozinha, não consegue financiar. Mas queremos manter os direitos e a independência da Libbs", contou.
Em 2015, o faturamento líquido do laboratório atingiu R$ 1,33 bilhão, frente a R$ 1,22 bilhão um ano antes, e deve crescer mais R$ 100 milhões em 2016. Mas o grande salto nos negócios virá com o início de produção e comercialização do primeiro biossimilar da Libbs, que poderá adicionar R$ 1,4 bilhão ao faturamento em um prazo de cinco anos após o início de comercialização.
O primeiro lote de rituximabe, um anticorpo monoclonal usado no tratamento de linfoma não Hodgkin, artrite reumatoide e outros tipos de doenças autoimunes, foi produzido em março. A inauguração da fábrica estava prevista para setembro, mas foi postegarda para novembro "em linha com a estratégia da companhia e a da área de eventos". "Essa é uma tecnologia disruptiva. Há grande expectativa que dê certo", disse.
A unidade Biotec foi construída dentro do complexo industrial da Libbs em Embu das Artes (SP), com investimento de R$ 250 milhões para construção e compra de equipamentos, financiado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Outros R$ 250 milhões foram levantados junto à Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e aplicados na realização de estudos clínicos.
O projeto foi viabilizado por meio de uma Parceria para o Desenvolvimento Produtivo (PDP), com transferência de tecnologia da argentina Mabxience. "A partir disso, passamos a ter um compromisso com o país", afirmou Athayde Júnior. Iniciativas dessa natureza, conforme o empresário, mostram que o Brasil é capaz de fazer estudos envolvendo um medicamento biossimilar e pode produzi-lo, sob o olhar de uma agência reguladora bastante rigorosa. "Ao contrário de outros momentos, dessa vez o Brasil está junto com o mundo", comentou.
No país, há outros projetos de biossimilares em curso, que também envolvem PDPs. Em Valinhos (SP), a Bionovis se prepara para produzir até nove biofármacos, com transferência de tecnologia da Janssen e da Merck, além de ter anunciado o desenvolvimento de produtos próprios. A Orygen, que no passado contava com a participação da Libbs - a farmacêutica deixou a sociedade para investir na Biotec -, terá uma fábrica para produção de anticorpos monoclonais em São Carlos (SP).
No ano passado, a Eurofarma obteve a aprovação do Fiprima, primeiro medicamento biossimilar da América Latina para tratamento de pacientes submetidos a quimioterapia. E o Cristália já conta com dias unidades de biotecnologia certificadas e em operação.
A Libbs também quer fomentar a integração entre indústria farmacêutica, setor público e academia no país e deu a largada na ocupação do Parque Tecnológico do Jaguaré, na zona oeste de São Paulo. Ali, o laboratório quer construir uma nova unidade, que reunirá seu Centro de Desenvolvimento Integrado (CDI) e o pessoal da área administrativa, inspirada no moderno prédio do Sanford Consortium, localizado em San Diego, nos Estados Unidos.
Valor Econômico
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