sexta-feira, 22 de julho, 2016

Fabricantes de carros-fortes mantêm investimentos no setor

São Paulo - A cadeia de fabricação de veículos para transporte de valores está tentando escapar da crise econômica no País, ao mesmo tempo que investe para atender a um novo tipo de cliente. Farmacêuticas e indústrias de eletroeletrônicos estão no radar do setor.
"Acreditamos que cada vez mais produtos de maior valor agregado passarão a ser transportados por esse tipo de veículo", disse ao DCI o diretor de vendas de caminhões da MAN Latin America (fabricante Volkswagen), Antonio Cammarosano.
Estimativas de mercado mostram que, historicamente, o volume de emplacamentos de veículos de transporte de valores girou em torno de 600 a 700 unidades por ano no Brasil.
No entanto, diante do quadro econômico e da queda significativa da circulação de cédulas e moedas - resultado do aumento das transações bancárias on-line - as vendas do segmento recuaram quase 40%. "Para este ano e 2017, o mercado deve emplacar de 300 a 400 unidades", avalia Cammarosano.
O executivo explica que diante dos problemas de segurança pública no Brasil, empresas de eletroeletrônicos, medicamentos, vacinas e que manipulam documentos importantes têm apostado no serviço de transporte de valores, o que tem mantido a renovação da frota.
"Nosso mercado cresceu, mas de maneira diferente", pontua Cammarosano. Ele conta que o diferencial da MAN foi apostar, em meados de 2008, na fabricação de veículos feitos exclusivamente para o segmento conhecido como de carros fortes.
"No passado, as montadoras apenas adaptavam chassis para atender ao segmento e, com nossos produtos feitos sob medida, ganhamos market share", salienta o executivo.
Com seis modelos e diversas versões, a MAN estima uma participação de 75% no mercado de carros-fortes. "Saímos na frente porque fizemos produtos sob medida", acredita.
Em dezembro do ano passado, a Scania anunciou sua primeira venda de veículos blindados no Brasil para a Prosegur. O foco do negócio foi atender ao transporte de cargas especiais, que vão de joias até itens com alto índice ou risco de sinistralidade, como celulares e remédios.
"Com o sucesso dessa parceria, outras empresas começaram a procurar a Scania", declara o diretor de vendas de caminhões da montadora no Brasil, Victor Carvalho.
A Scania fechou ainda mais duas vendas recentemente, com a Esquadra e outra com a TransVip. "Novas negociações estão em curso e estamos com uma boa expectativa para este mercado no curto e médio prazo", complementa Carvalho.
No segmento de carros fortes, a troca da frota não é tão intensa porque a rodagem é baixa, decorrente das curtas distâncias percorridas. Levantamento recente da Federação Nacional das Empresas de Segurança e Transporte de Valores (Fenavist) revela que a frota circulante é de aproximadamente 5 mil unidades no Brasil.
Além disso, o financiamento para bens de capital do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Finame, é o mais usado para a compra dos carros-forte. Segundo Cammarosano, grande parte dos consumidores desse tipo de serviço ainda é de bancos. "Por esse motivo, as empresas de transporte de valores têm crédito facilitado", pondera o executivo.
No negócio de transporte de valores, o veículo não pode parar em hipótese alguma durante o serviço. "Um caminhão nesse tipo de trabalho não pode quebrar", pontua Carvalho.
Cammarosano revela que a companhia se especializou no serviço exclusivo de pós-venda no segmento de carros fortes. "Fomos a primeira montadora a oferecer contratos de manutenção específicos para esse negócio", observa.
O executivo destaca que a transportadora Protege possui uma frota de mil carros fortes da Volkswagen, todos com contrato de pós-vendas com a montadora. "Cuidamos da troca de óleo à manutenção pesada dos veículos", acrescenta ele.
Oportunidade de negócio
Com o objetivo de diversificar os negócios, a fabricante de implementos rodoviários e unidades móveis Truckvan está investindo na fabricação de carrocerias de carros fortes.
"Este é um mercado mais fácil de ser mapeado e, após percebermos uma oportunidade, fizemos a abordagem com os clientes. Tivemos uma boa receptividade", conta o presidente da empresa, Alcides Braga.
O executivo afirma que, além do mercado doméstico, a companhia notou que essa indústria é quase inexistente na América do Sul. "Não há fabricantes de carrocerias para carros fortes na região e isso abre uma brecha para exportamos", acrescenta.
Após desenvolver por cerca de um ano os produtos, realizar testes balísticos e conseguir homologação junto ao Ministério da Defesa - alguns pedidos ainda estão em curso -, a Truckvan está pronta para se tornar mais um player do mercado local, que hoje é concentrado em três grandes fabricantes.
"Seríamos o quarto grande fabricante do segmento", pondera. A produção dos blindados será feita em uma das plantas da capital paulista e, segundo Braga, o foco será em produtos com mais tecnologia embarcada.
"Acreditamos que a nossa tradição no mercado e o foco em tecnologias pode nos trazer um share de 30% nos próximos três anos", arrisca.
Braga estima que os primeiros reflexos de vendas devem ocorrer no início de 2017. "Vamos atacar mercados em que valor agregado é reconhecido."
Apesar da crise, o executivo está confiante. "Trata-se de um novo negócio. Vamos oferecer produtos diferenciados, com consumo menor de combustível, entre outros diferenciais. Estamos otimistas."
DCI
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