quarta-feira, 06 de julho, 2016

Clínica de estética, lavanderia e outros setores aumentam ganhos no inverno

O senso comum faz pensar que no inverno as pequenas e médias empresas que oferecem opções para de alguma forma se aquecer saem ganhando mais. Mas não são apenas elas. Especialistas indicam que outros produtos ou serviços precisam de temperaturas frias para terem mais procura.
É o caso de certos tratamentos estéticos que necessitam de menos exposição ao sol. Luciene Maria de Paula, 44, proprietária em São Paulo da L&L Espaço Vida ao Corpo, afirma que isso faz seu movimento aumentar no inverno.
Segundo ela, o número de atendimentos no frio é quatro vezes maior que nas outras estações do ano. De maio a agosto, são, em média, 200 clientes ao mês, ante 50 no período de setembro a abril. "São mais fáceis de serem feitos nessa época, como os para estrias, no qual é contraindicado tomar sol, além dos tratamentos mais invasivos faciais, como os que utilizam ácidos mais fortes, microagulhamento", afirma.
Outra particularidade é que cresce a demanda por procedimentos faciais, como os clareadores, que visam minimizar as manchas causadas pelo sol do verão.
"Mas não dá apenas para esperar os clientes, pois julho também temos problemas por ser mês de férias escolares. Então investimos em aumentar a divulgação, criar promoções atrativas, deixar as salas bem aquecidas e criar protocolos com cremes ou equipamentos que aqueçam as regiões tratadas para incentivar o cliente a prosseguir com o tratamento", esclarece.
COMO SE VESTIR
Outra particularidade da atual estação é se vestir com roupas mais pesadas e há um tipo de empreendedor que sai ganhando com isso. Fernanda Fuscaldo, 33, é consultora de imagem e abriu em Niterói (RJ) o Clube das Mulheres Bem Vestidas.
Ela atende mulheres entre 28 e 55 anos de várias partes do Brasil, já que oferece serviços presenciais e remotos. A consultoria individual custa R$ 5.200, divididos em quatro encontros presenciais. Já na individual on-line o investimento é de R$ 4.200 em seis encontros.
Fuscaldo diz que os atendimentos subiram 23%, em maio (último mês fechado), em relação a março, quanto ainda estava calor. Segundo ela, a busca por dicas, dúvidas e informações sobre os serviços em seu site, no e-mail e nas redes sociais também cresceu 57%.
"Os atendimentos crescem muito no inverno. Quem mora em um país quente na maior parte do ano tem dificuldade para dias mais frescos. Não está frio para um casacão, que ela usa em viagens, mas não dá para sair de alcinha", compara.
Ela afirma que as pessoas querem aprender técnicas para se vestir melhor principalmente em ocasiões sociais. Uma das dificuldades que Fuscaldo relata é que a maioria das pessoas tem muita roupa de frio, "porém compra, compra e sempre acha que não tem o que vestir quando surge uma ocasião social."
"A chave da questão não é comprar mais roupa, e sim aprender a combiná-las de maneiras interessantes, valorizar o que cada um tem te melhor. É aprender técnicas de styling, de proporção corporal para tirar o melhor proveito possível de seu armário", afirma.
Ela também oferece cursos de personal stylist com um custo de R$ 1.497 e com duração de três meses. "No inverno as pessoas erram principalmente porque saem incluindo camadas sem pensar nas proporções corporais, criando uma silhueta cheia de blocos, o que encurta e não favorece. É preciso ter cuidado em criar harmonia nas composições, inclusive, ao retirar as camadas ao longo do dia", conclui.
TUDO LIMPO
Quem também lucra com o tempo frio são os donos de lavanderias. Por exemplo, Ricardo Monteiro, 39, gerente operacional da Acerte Franchising, empresa detentora da marca de lavanderias Prima Clean, afirma que seu movimento de clientes aumenta, em média, 30% no inverno na comparação com os meses mais quentes.
Para o consultor do Sebrae-SP, Adriano Augusto Campos, no entanto, não basta apenas oferecer o produto ou serviço. "É um movimento natural certos nichos serem mais procurados, mas precisam mostrar que estão conectados ao momento de frio, fazer essa comunicação", destaca.
Ele explica que a demanda, normalmente, cresce para a lavagem de casacos e roupas de cama, como edredons, mantas e cobertores. Outra demanda que cresce com inverno e chuva é a de tapetes e bichos de pelúcia, pois o cliente, devido às doenças respiratórias típicas da época, quer deixar tudo o mais limpo possível.
"Outro estímulo são as roupas e peças que estavam há muito tempo guardadas, isso favorece o acúmulo de poeira, ácaros e mofo. Em alguns casos aproximadamente 20% do peso de um edredom é de ácaro", comenta.
NEGÓCIOS E O FRIO
Outros setores tradicionais também saem ganhando mais com o frio, como de alimentação, moda, turismo, produtos farmacêuticos, energia solar e delivery.
Ele orienta que isso deve ser feito com bom humor, mostrando ao cliente que ele pode vivenciar um momento bom no inverno com o auxílio do empreendedor. Outra solução é criar promoções pontuais e oferecer atendimento acolhedor.
"Um restaurante de ambiente mais aberto pode, por exemplo, oferecer um aquecedor. Outros negócios podem transferir seus serviços para ambiente fechados ou permitir delivery. E também é saudável oferecer chás ou outras bebidas quentes para seu cliente", diz.
Uma indicação importante também é acompanhar novidades de seu ramo de atuação e de outros países que têm mais tradição de atendimento em períodos de frio. "E isso tudo vem acompanhado de se planejar com o auxílio da previsão de tempo para utilizar as técnicas corretas, já que nem todos os dias o inverno no Brasil tem temperaturas muito baixas", lembra Campos.
Folha de S. Paulo
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