sexta-feira, 20 de maio, 2016

Número de contratos futuros de boi gordo tem queda de 53,8% em abril

São Paulo - Com o preço da arroba girando em alta, em torno de R$ 155, os produtores de boi gordo tem diminuído suas operações no mercado futuro e optado, cada vez mais, pela venda física.
De acordo com dados da Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa), foram negociados 22.657 contratos em abril deste ano, queda de 53,8% com relação a março, com 57.652 contratos.
Para o sócio-diretor da Consultoria Markestrat, José Carlos de Lima, o baixo ritmo das vendas futuras é resultado da alta demanda interna por carnes e maior número de abates, inclusive de fêmeas, na safra 2011/2012 .
Isso diminuiu a oferta de animais disponíveis, o que ocasionou a alta no preço da arroba e faz com que os produtores a negociem mais no mercado físico.
"Com a produção mais cara, isso reflete a ocorrência natural de cautela do produtor na recomposição e investimento agropecuária", analisou Lima ao DCI.
Houve mais negociações em março passado com março de 2015, quando foram fechados 44.606 contratos.
"O pecuarista costuma utilizar o mercado futuro para ter a certeza de que vai ter lucro. Tendo o valor da arroba considerado bom, opta pelo mercado físico", afirmou a analista da Scot Consultoria Isabella Camargo.
No entanto, no mesmo mês de 2014 foram fechados 85.634 contratos futuros, o que indica a tendência de queda nesse tipo de operação no longo prazo, segundo o analista de mercado da Consultoria Safras & Mercado, Fernando Iglesias. "Há uma redução no volume de negócios desde 2010. É pouca liquidez, não tem um volume de hedge no mercado", disse ele.
Ele explica, porém, que com o começo da entressafra em julho, isso também é efeito da sazonalidade. "É um vencimento que acaba ficando mais limitado e resulta no volume menor de negócios do que em outros meses", destacou.
Milho
Um dos problemas atuais do setor é a alta no preço do milho, considerado a principal ração animal para o setor agropecuário. O entrave é que a produção nacional não consegue abastecer a demanda no mercado interno e a exportação.
Conforme mostrou o DCI na última semana, no início do ano, o valor da saca do milho estava em R$ 25. No entanto, com a estiagem que afetou diversas lavouras, o preço subiu e agora ultrapassa os R$ 40.
"O preço de produção é formado por dois insumos: soja e milho. Com a valorização do preço, os produtores de grãos optaram por substituir o milho pela soja. Isso fez com que a oferta de milho caísse na safra 2014/2015, onerando muito a produção de carnes", pontuou Lima, da Markestrat.
"Esse ano tem sido terrível para a agricultura de corte, a suinocultura e também para o confinamento do boi gordo. É o principal vilão da atividade em 2016. Muitos produtores na pecuária de corte e suinocultura tem abandonado a atividade por conta disso", disse o analista da Safras & Mercados.
Exportação
As boas perspectivas de preços mantêm aquecidas as exportações de carnes, impulsionadas pela desvalorização do real ante o dólar, que chegou a R$ 4.
Iglesias é bastante otimista para as exportações, mesmo com essa paridade menor do câmbio. Isso só mudaria, declara, se real se valorizasse para a casa dos R$ 3 - o que é improvável no curto prazo.
"O preço está em ótimo nível. As exportações deixam os estoques menores no mercado interno, o que permite que os preços subam de maneira descontrolada", disse Iglesias.
A analista da Scot Consultoria diz que agora a tendência é reduzir o volume de abate para frear uma queda de preços.
DCI - 20/05/2016
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