segunda-feira, 28 de março, 2016

Comprar no shopping ajuda mais o meio-ambiente que usar a Internet

Esta é a surpreendente afirmação de um novo estudo do Simon Property Group, o maior proprietário de shoppings dos Estados Unidos.
O argumento é que os compradores que vão ao shopping frequentemente vão em grupo e compram mais de um item, reduzindo seu impacto ambiental. Já os compradores on-line devolvem os produtos com mais frequência, e o envio das mercadorias exige mais embalagens.
“Nós queremos ressaltar que as escolhas do consumidor importam”, diz Mona Benisi, diretora de sustentabilidade do Simon.
Essa, porém, é uma questão em aberto. Outros estudos descobriram que os consumidores frequentemente podem reduzir o impacto ambiental ao comprar on-line, e especialistas dizem que o resultado depende das circunstâncias e do comportamento individual do comprador.
Não há uma resposta exata para essa questão, segundo Jason Mathers, especialista em cadeia de fornecedores do Fundo de Defesa Ambiental, que trabalha com empresas, inclusive o Simon, em questões ambientais. “Se você está procurando comprar um item e sua escolha está entre dirigir uma boa distância até uma loja ou comprar on-line, provavelmente seria melhor comprar on-line.”
A divulgação da pesquisa do Simon, feita no início do mês, ocorre em um momento em que os proprietários de imóveis de varejo e seus inquilinos enfrentam o rápido crescimento do comércio eletrônico. No ano passado, as vendas do varejo nos EUA cresceram 1,4% ante 2014, mas as vendas on-line saltaram 14,6%, segundo dados do governo americano.
No Brasil, as vendas de produtos e serviços por meios digitais movimentaram US$ 19,6 bilhões em 2015, uma expansão de 40% em relação aos US$ 14 bilhões registrados em 2013, segundo nova pesquisa da Euromonitor International sobre o consumo digital.
A estimativa da empresa é que esse valor atinja US$ 28 bilhões em 2020, uma expansão de mais 42,60%. Cerca de 87% das compras on-line feitas no Brasil ainda são realizadas por computadores pessoais e apenas 8% por smartphones. A expectativa é de que as compras por smartphone cresçam 97% até 2020, segundo a Euromonitor.
Apesar da expansão dos últimos anos, o volume de compras on-line no Brasil é bem menor que os 5% dos EUA, que, segundo a mesma pesquisa, foi de US$ 653,7 bilhões em 2015, uma alta de 34% em relação a 2013.
Nos EUA, varejistas e donos de imóveis comerciais estão tendo dificuldade para se ajustar e atender as necessidades dos compradores que podem, por exemplo, preferir as compras on-line, mas querem pegar os produtos nas lojas. Os proprietários dos imóveis também estão tentando oferecer experiências mais enriquecedoras nos shoppings, como mais restaurantes e entretenimento. Ao mesmo tempo, as empresas estão dando aos investidores e consumidores mais informações sobre o impacto ambiental de seus negócios e os esforços para reduzi-lo.
O grupo americano Simon possuía ou tinha uma participação em cerca de 200 imóveis de varejo em 37 Estados americanos e em Porto Rico no fim de 2015, incluindo shoppings de alto padrão.
O relatório foi preparado com a ajuda da Deloitte Consulting LLP. Ele monitorou como uma cesta de quatro produtos comuns — tops femininos, sapatos femininos, cafeteiras e taças de vinho — era distribuída e vendida através dos dois canais, além dos materiais e a energia consumida ao longo do caminho.
Um dos fatores analisados pelo Simon foi o número de pessoas que vão juntas ao shopping e “a ideia de que os compradores atrelam suas idas ao shopping com outras tarefas”. O estudo também examinou o impacto da devolução dos produtos tanto on-line como nas lojas.
O Simon não divulgou publicamente todos os dados levantados pela análise, alguns dos quais seriam exclusivos de Benisi e seriam de shoppings em operação. Exemplos de dados exclusivos incluem o número médio de produtos que cada adulto comprou em uma visita a um shopping do Simon e a distância entre a casa do consumidor e o shopping.
Segundo o relatório, as compras on-line possuem um impacto ambiental 7% maior que as dos shoppings, considerando a compra da mesma quantidade de produtos nos dois casos.
“Ao analisar os dados de compras que representam comportamentos de clientes reais de shoppings e on-line, [a pesquisa] do Simon mostrou que as compras em shoppings representam um desempenho sustentável melhor do que as compras on-line”, afirma o estudo. “Além disso, em uma época em que os consumidores querem entregas no mesmo dia ou cada vez mais rápidas, o que exige mais recursos como combustível, o impacto negativo das compras on-line deve piorar ainda mais”, afirma o relatório.
Mas alguns pesquisadores acadêmicos discordam.
Uma dissertação de mestrado de 2013 do Centro para Transporte e Logística do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), por exemplo, examinou várias formas de o consumidor fazer compras, seja em lojas ou on-line. “Os resultados mostram que a compra on-line é a opção mais amigável ao meio-ambiente em um amplo leque de cenários”, concluiu a dissertação.
A dissertação do MIT examinou como alguns consumidores combinam os dois canais, às vezes pesquisando os produtos tanto nas lojas como on-line ou comprando on-line e buscando ou fazendo a devolução do mesmo nas lojas.
Como resultado, a dissertação também descobriu que “com mais consumidores buscando alternativas físicas para suas compras on-line, alguns dos ganhos ambientais rapidamente se perdem”.
Mathers, do Fundo de Defesa Ambiental, considera o relatório do Simon “valioso” porque ressalta a importância do comportamento individual do consumidor.
“A pergunta principal não é o que é melhor”, diz ele. “A pergunta é: como cada um pode reduzir seu impacto.” (Colaborou Eduardo Magoss)
Valor Econômico
Ver esta noticia em: english espanhol
Outras noticias
DATAMARK LTDA. © Copyright 1998-2024 ®All rights reserved.Av. Brig. Faria Lima,1993 3º andar 01452-001 São Paulo/SP