quinta-feira, 20 de outubro, 2016

Quedas de juro e dólar favorecerão a venda de bens duráveis ainda em 2016

São Paulo - A redução de 0,25 ponto percentual na taxa Selic - anunciada ontem pelo Banco Central - e a queda do dólar desde janeiro podem ajudar o varejo a converter mais vendas ainda neste ano. Para especialistas, os dois fatores formam um cenário atraente ao consumidor já que resultam em redução de juros e queda nos preços.
Apesar de melhorar o ambiente de negócios e estimular uma sensação de retomada da economia, tanto a queda de 27,5% do dólar em 10 meses, quanto a redução da Selic devem impactar diretamente o varejo apenas em 2017. "Não acredito que [a queda da Selic] possa ter um impacto para o Black Friday ou Natal. Mas ela gera otimismo no consumidor, apesar do mercado ainda passar pela recessão. Notícias de que os juros estão caindo ajudam a incentivar um impulso maior para o cliente na hora da compra", avalia o CEO da E-bit, Pedro Guasti.
A companhia avalia mensalmente, através de um índice em parceria com a Fipe e o site Buscapé, as influências da inflação e das cotações do dólar e da taxa de juros sobre os preços no varejo on-line.
No primeiro semestre deste ano, por exemplo, segundo o índice, a variação dos preços no e-commerce acumula uma alta de 2,83%, ligeiramente menor que a variação de 3,73% observada no mesmo período do ano passando, em função, principalmente, da menor pressão do câmbio sobre os preços dos produtos e componentes importados, como eletroeletrônicos e celulares. A cotação da moeda norte-americana passou de um patamar de R$ 4,03, nos primeiros dias de janeiro deste ano, para R$ 3,16, após o encerramento da sessão cambial de ontem (19). "Com exceção do custo com frete, os preços dos principais itens vendidos no e-commerce são bastante afetados pelo dólar. A queda constante da moeda tem se refletido, pelo menos neste momento, em desaceleração da inflação. É uma tendência que deve se perdurar durante os próximos meses", diz Guasti.
Em setembro, o índice de preços Fipe/Buscapé revelou alta nos preços de 4,08% frente ao mesmo período do ano passado, o que representa o menor patamar de avanço mensal desde outubro de 2015.
Onda positiva
Mesmo sem previsão de impactar os preços dos produtos ainda neste ano, a redução da taxa Selic deve injetar ânimo também nos varejistas, o que pode gerar uma onda de otimismo para o Natal.
"Diante da queda, os custos com reposição de estoques e os investimentos pertinentes deste movimento dão confiança para os empresários aplicarem o capital de giro nos produtos, ao invés de manterem os valores investidos nos bancos", explica a especialista em varejo e CEO da GS&AGR Consultores, Ana Paula Tozzi.
Para ela, esta iniciativa deve gerar uma quantidade maior de promoções, mas apenas após os varejistas efetivarem suas reposições com os preços, principalmente os dolarizados, atualizados pelo câmbio e juros aos índices oficiais.
Além disso, a executiva conta que o corte de 0,25 ponto percentual na Selic dá mais espaço para os clientes aumentarem gastos no comércio, já que as dívidas que impactam o orçamento das famílias podem ser menores com o encolhimento da taxa básica de juros.
"O nível de endividamento das famílias brasileiras está entre os mais altos dos últimos amos e a redução da Selic pode ajudar a aliviar esse peso no orçamento, o que acaba pode abrir espaço nas contas para que as pessoas possam comprar mais", indica Tozzi.
Efeito dominó
Os segmentos do varejo que devem começar a sentir os primeiros efeitos da redução devem ser os focados em bens de consumo, como alimentos, medicamentos e higiene.
Além disso, explica Tozzi, a queda do dólar e a diminuição da Selic também serão importantes para que o varejo melhore suas margens de ganhos, que estavam pressionadas na briga por preço.
Essa guerra de preço, inclusive, já resultou em menores preços para o consumidor final: segundo um estudo da GfK, os preços dos smartphones no País encolheram, em média, 14% entre janeiro e agosto, em função do dólar. Entre as TVs, a queda média foi de 10%, enquanto os notebooks apresentaram a maior retração: 18% no período (veja gráfico ao lado)
Essa queda nos preços, para o presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Alencar Burti, somada ao corte da taxa Selic deve ser o primeiro passo do que ele chamou de "ciclo de redução". "Esperamos que seja realmente o início de um ciclo de redução dos juros, que ainda se encontram em patamar elevado", avalia Burti. Segundo a GfK, a venda de bens duráveis, semiduráveis e eletrônicos estão altamente atrelada à condição do juro, já que 52% dos consumidores parcelam os produtos em, no mínimo oito vezes.
DCI
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