sexta-feira, 21 de agosto, 2015

Biolab cruza fronteiras e vai investir no Canadá

O grupo farmacêutico brasileiro Biolab acaba de dar o pontapé inicial em sua estratégia de internacionalização. Com investimentos de US$ 40 milhões nos próximos dois anos, o laboratório, controlado pelos irmãos Cleiton e Paulo de Castro Marques, vai instalar seu primeiro centro de pesquisa e desenvolvimento fora do Brasil, na província de Ontário, no Canadá. O centro também será o primeiro de uma indústria farmacêutica brasileira naquele país.
"Já há algum tempo sabemos que há necessidade de sair do país. Por aqui, falta uma política de governo voltada à inovação", afirma Cleiton de Castro Marques. O apoio econômico existente, segundo Marques, não está alinhado ao Ministério da Saúde e os prazos para aprovação de pesquisas clínicas ou registro de patentes são muito extensos em comparação a outros países. Tais "pênaltis" levaram o grupo a buscar alternativas fora do país e a instalação de um centro de inovação mostrou-se o caminho natural.
"Vamos atender a uma necessidade nossa de ter dossiês robustos para atender as autoridades [regulatórias] dos Estados Unidos, Canadá e Europa", explica. Em entrevista ao Valor, Marques contou que a Biolab, inicialmente, avaliou montar o centro de pesquisa em Nova Jersey, nos Estados Unidos, onde estão presentes praticamente todas as grandes multinacionais do setor. Chicago também entrou no radar da empresa brasileira, mas o Canadá conquistou a Biolab diante do apoio e atenção conferidos ao laboratório, dos incentivos e da pujante indústria farmacêutica em Ontário.
Segundo o cônsul comercial de Ontário no Brasil, Todd Barrett, a província conta com mais de 300 empresas farmacêuticas, emprega cerca de 27 mil pessoas no segmento e, em 2012, gerou US$ 27 bilhões em receitas, ou o equivalente a 49% do total do Canadá nessa indústria. "A Biolab também vai encontrar muita facilidade para exportar a partir do Canadá, por causa dos acordos comerciais", afirma Barrett.
O Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Biolab no Canadá deve entrar em operação em seis meses - o aporte inicial será de R$ 20 milhões - e ocupará uma área de mil metros quadrados no principal polo de inovação canadense. O laboratório já opera no Brasil um centro de desenvolvimento, em Itapecerica da Serra (SP), com 120 pesquisadores e 180 projetos de inovação. Segundo Marques, no futuro, o laboratório poderá avaliar ter também instalações fabris naquele país.
Ainda como parte da estratégia de internacionalização, a Biolab instalou uma unidade de negócios em Miami, nos Estados Unidos, com foco na ampliação de parcerias com multinacionais. Neste momento, o laboratório brasileiro está negociando o licenciamento de duas drogas inovadoras que desenvolveu, um nanoanestésico tópico e uma molécula fruto de inovação radical, o dapaconazol, com duas grandes farmacêuticas. Com a licença, as novas drogas poderão ser vendidas no mercado internacional. "Vamos vender a tecnologia e, por meio de licenciamentos, entrar em outros mercado", afirma.
No ano passado, a Biolab teve vendas de R$ 1,06 bilhão e projeta faturar neste ano entre R$ 1,25 bilhão e R$ 1,3 bilhão, considerando-se também os negócios da Avert (que tem os mesmos sócios). No primeiro semestre, conforme o empresário, a taxa de expansão ficou em 18%. Para 2016, o orçamento, que está sendo elaborado agora, trabalha com previsão de crescimento de 12% a 14%. A Biolab tem duas fábricas em São Paulo e está construindo uma nova unidade fabril em Minas Gerais, com investimento estimado em até R$ 250 milhões.
Conforme Marques, ainda não há um desfecho para o litígio entre os três irmãos, Cleiton, Paulo e Fernando de Castro Marques, que comanda a União Química, em torno do descruzamento societário nos dois laboratórios.
Valor Economico
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