Cápsulas de refrigerantes podem prejudicar vendas das bebidas nos supermercados?

Depois do sucesso da máquina de fazer café espresso, agora chegou a vez da máquina de bebidas. Batizado de Brastemp B.blend, o eletrodoméstico, lançado pela Whirpool em parceria com a Ambev, já pode ser usado com as cápsulas do refrigerante tipo guaraná. Mas a ideia é que o consumidor possa preparar também outras bebidas em casa.
Segundo informações divulgadas pelas empresas parceiras, a máquina permite produzir 10 tipos de bebidas em mais de 20 sabores diferentes. “O mundo tem sede de inovação e nós buscamos não só acompanhar esse movimento como também antecipá-lo. Apostamos em uma nova forma de consumir bebidas”, afirma Marcel Regis, vice-presidente de refrigerantes de Ambev. “A B.blend é a primeira plataforma do mundo de bebidas em cápsulas all-in-one – em português, algo como tudo em um”, completa Fernando Yunes, vice-presidente de Novos Negócios, Serviços ao Consumidor e Peças da Whirlpool Latin América.
Por enquanto, a máquina e suas respectivas cápsulas só poderão ser encontradas no site da empresa. O preço ainda é alto. Custa cerca de R$ 3.500,00. Mas, conforme as fabricantes ganhem escala, é possível que o valor caia. Entretanto, a maior dúvida é se o equipamento prejudicaria as vendas de bebidas tradicionais nos supermercados. “É difícil fazer previsões no momento, pois depende de uma série de estratégias que serão adotadas pelo fornecedor da máquina”, afirma Adalberto Viviani, especialista em bebidas da consultoria Concept.
Para ele, existe uma tendência de muitos produtos chegarem ao mercado como sendo diferenciados. Foi um caminho natural o consumidor - acostumado com o café em pó - passar a comprar também a versão de café em cápsula. “No caso de refrigerantes, acredito que o caminho seja mais longo e complicado, pois não existe um refrigerante gourmet, por exemplo. Seria preciso construir argumentos de diferenciação”, diz o consultor.
A princípio, Viviane afirma que a nova máquina de bebidas não deve tirar o sono do varejista, pois pode transformar-se oportunidade. “As cápsulas ocupam menos espaço do que as embalagens de dois litros e devem ter maior valor agregado por serem novidade. Como o segmento é muito horizontalizado, o varejo alimentar pode ser um canal importante de vendas”, afirma, analisando o que poderia ocorrer caso o produto venha a ser comercializado nos supermercados.
Diante desse cenário, é recomendado que o supermercadista observe atentamente se a moda da máquina de bebidas irá pegar entre os consumidores. É necessário analisar também se e quando o eletrodoméstico estará disponível para ser vendido nas lojas do setor, como acontece com as máquinas de café. E ficar muito atento para entender se essa nova proposta está agradando o consumidor para saber a hora certa de incluir no sortimento.