sexta-feira, 17 de abril, 2015

Nestlé reduzirá portfólio para enfrentar concorrência

A pressão da concorrência trazida por megafusões no setor de alimentos e bebidas levará a Nestlé a acelerar a redução do seu portfólio de atividades e melhor explorar seu enorme tamanho, sinalizou o presidente do conselho de administração da companhia, Peter Brabeck.
A Nestlé está “obrigada” a fazer esses dois movimentos diante da nova situação competitiva, disse Brabeck aos acionistas na assembleia geral do grupo que é líder mundial do setor alimentar, ontem, em Lausanne.
Ele exemplificou que a criação da Kraft-­Heinz e a fusão Mondelez-­Douwe Egberts trazem “um formidável concorrente” para a Nestlé em categorias como café. Apontou também o desenvolvimento “espetacular” de algumas multinacionais em países em desenvolvimento.
Em 2013, o 3G Capital e a gestora Berkshire Hathaway, de Warren Buffet, compraram a Heinz e, no mês passado, adquiriram a Kraft, formando um gigante do mercado de alimentos, com receita anual de cerca de US$ 28 bilhões. A Nestlé faturou em 91,6 bilhões de francos suíços no ano passado (cerca de US$ 94,7 bilhões).
Brabeck observou que os parceiros do fundo de investimento 3G Capital, do suíço­brasileiro Jorge Paulo Lemann, são conhecidos no mundo industrial como formidáveis cortadores de custos e já provaram que são capazes de reduzir sobretudo os custos operacionais entre 500 e 800 pontos de base, “o que tem um impacto revolucionário sobre todos os outros membros da indústria”.
Segundo o presidente do conselho da Nestlé, o 3G Capital e o fundo Berkshire Hathaway “pulverizaram o mercado” da indústria alimentar, sobretudo americano, por aquisições em série, inicialmente no setor de bebidas com a criação da maior cervejaria do mundo, a Anheuser­Busch Inbev, depois em alimentação com a compra das redes de lanchonetes Burger King e Tim Hortons e da Heinz.
A fusão de Heinz com Kraft resultará no terceiro maior grupo alimentar nos Estados Unidos em vendas, após PepsiCo e Nestlé, mas superando Coca-Cola, General Mills e Kellog's.
Brabeck nota que tanto a Kraft como a Heinz mostraram crescimento bem modesto mesmo com produtos “extremamente atraentes” no passado, mas “não adaptados o bastante para o futuro”.
Para o executivo, se é verdade que uma companhia como a Heinz hoje pode ser mais rentável, a situação não é a mesma para o crescimento das vendas, que declinaram 4,5% em 2014.
O desafio em todo caso é forte com os concorrentes, sobretudo nos Estados Unidos, onde Brabeck constata regressão do consumo de produtos alimentares processados. Por exemplo, o consumo de bebidas gasosas açucaradas caíram 14% desde 2004.
Além de continuar a enfrentar um ambiente de crescimento modesto na Europa, a Nestlé tem como desafio o ritmo de desaceleração da China, seu segundo mercado.
Para aumentar a produtividade e assegurar a competitividade, o dirigente sinalizou que haverá aceleração da venda de ativos. É o que ele chama de revalorização de produtos e serviços no mundo inteiro, fazendo escolhas para ficar com marcas mais bem posicionadas no mercado nos setores de saúde e bem ­estar.
Além disso, a Nestlé tem mais de 400 fábricas e 330 mil funcionários, mas uma estrutura descentralizada que pode ser melhor aproveitada para ampliar a eficiência.
Brabeck avisou que essas duas grandes orientações, estratégica e operacional, necessitam “agora uma execução sem falha”.
Valor Economico / Milk Point
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