Mercado de sorvetes cresce em valor, mas volume fica estável este ano

O setor de sorvetes deve encerrar este ano com faturamento de R$ 25,7 bilhões, alta de 11,7% em relação a 2014, segundo pesquisa realizada pela consultoria Canadean a pedido da Associação Brasileira das Indústrias e do Setor de Sorvetes (Abis). Em volume, a produção e o consumo devem permanecer praticamente estáveis.
O faturamento avançou 2,6% no primeiro semestre do ano - período que é tradicionalmente mais forte devido às temperaturas mais altas. A desaceleração econômica passou a ser sentida de forma mais intensa a partir de agosto e o poder aquisitivo para a compra da sobremesa gelada diminuiu.
"No início do ano estávamos bastante otimistas. Fechar perto da estabilidade é negativo porque interrompe uma subida rápida desde 2003", diz Eduardo Weisberg, presidente da Abis. Nos dez anos até 2013, a presença dessa categoria de produto na mesa do brasileiro subiu mais de 80%, para 1,24 bilhão de litros.
O país é o sexto maior mercado de sorvete do mundo, mas responde por apenas por 3,1% do consumo. Nos Estados Unidos, cada americano compra 22 litros por ano. No Brasil, são 6,43 litros.
Convencer o brasileiro de que a sobremesa não está restrita ao verão ainda é trabalhoso. "O problema é cultural", afirma o presidente da Abis. "Os lançamentos e as campanhas sobre a qualidade e o valor nutritivo ajudaram muito, mas restam tabus, como a ideia de que aumenta a chance de resfriados."
Segundo a Abis, a produção deve se manter em 1,3 bilhão de litros em 2016. "Nesta época, era para estar faltando produto em estoque, mas a demanda está menor. Eu espero estar enganado, mas 2016 será mais um ano difícil", diz Weisberg. O setor deve recuperar o fôlego até 2020, alcançando taxa composta de crescimento anual de 4,1%.
Os sorvetes de casquinha a baixo preço e de pote se destacam em vendas pela melhor relação de custo por litro, diz a Abis, mas os produtos mais caros (premium) não saíram das cestas. "Quem migrou para um produto melhor nos últimos anos, pode diminuir a frequência, mas vai continuar a consumir."
O Brasil tem 8 mil empresas ligadas à produção e comercialização de sorvete. São Paulo abriga 30% das indústrias. Cerca de 90% das empresas do setor são micro e pequenas.