terça-feira, 20 de outubro, 2015

Mercado de produtos para pets ignora momento ruim e avança

O crescimento no número de animais de estimação no Brasil - que já chega a 132 milhões - traz boas perspectivas de negócios. De farmácias de manipulação a quiosques com petiscos, o mercado tem boas iniciativas que despontam frente à crise econômica.
A estimativa é que o setor cresça 4% este ano no País. A explicação para o desempenho positivo, mesmo com o mercado de consumo retraído, é que cães, gatos e demais animais são considerados membros da família. "É muito comum vermos casais que prorrogam a chegada dos herdeiros e acabam criando 'filhos' de quatro patas", afirmou ao DCI o sócio-fundador do Pet Bonosso, quiosque de petiscos para pets de estimação, Matheus Barros.
Fundada em 2014, a operação vende petiscos em formatos divertidos como ovo frito, cenoura ou coxinha de frango, o que atraí a atenção dos peludos e de seus donos também. "É igual quando uma mãe ou pai passa em frente a uma loja de brinquedos e compra uma lembrança. Com os animais de estimação, esse ímpeto de agradar também acontece. O tíquete médio de compras gira em torno de R$ 10", explicou ele.
Com duas lojas em operação - no São Bernardo Plaza Shopping e no Plaza Avenida em São José do Rio Preto (SP), Barros explicou que o modelo de negócio se tornou franquia este ano e que tem chamado atenção tanto dos shoppings quanto de potenciais investidores. "No caso dos shoppings eles nos procuram para oferecer uma opção diferenciada aos seus consumidores. Já tivemos convite da BRMalls e de shoppings da região de São Bernardo, onde já temos um quiosque próprio em operação", revelou ele.
Até o final do ano o Pet Bonosso ganha um novo espaço, e para 2016 a perspectiva é de ampliar a presença no País. "Nossa projeção é de 10 unidades no ano que vem", diz o executivo.
A perspectiva, diz Barros, é elevar também os itens vendidos. "Estamos negociando com fornecedores de sorvetes, chocolate e até de cerveja para animais".
Cuidados
Dados do Instituto Pet Brasil apontam que hoje o maior mercado é o de pet food (alimentação) com movimentou R$ 11,1 bilhões, em 2014. Na sequência aparecem os criadouros, que chegaram a R$ 4,1 bilhões. O Pet Serv, a indústria de serviços para animais de estimação, faturou R$ 3 bilhões. Já o Pet Vet (medicamentos veterinários) e o Pet Care (equipamentos e acessórios para higiene e beleza) movimentaram a R$ 1,2 bilhão e R$ 1,3 bilhão, respectivamente.
Os resultados mostram que, mais do que alimentar e dar banho, os cuidados com a saúde do bichinho de estimação também apresenta crescimento e é nesse nicho que a DrogaVET, farmácia de manipulação opera. "Não sentimos a crise nos afetar. Como trabalhamos com saúde e os animais são parte da família, o consumo de medicamentos não apresentou queda", afirmou à sócia-fundadora da DrogaVET, Sandra Schuster. Com 26 farmácias em operação, e a perspectiva de fechar a fevereiro de 2016 com 32, a empresária acredita que os medicamentos manipulados crescem, pois são mais baratos que os produzidos pelas indústrias farmacêuticas. "Eles são econômicos à medida que se cria doses necessárias para o tratamento. O dono não fica com sobre de remédios em casa", explicou Sandra ao DCI.
Para ela, mesmo com o consumidor contendo os gastos com supérfluos, a saúde e a qualidade de vida dos animais de estimação são de grande importância ao cliente. "Por mais que saia caro, eles não abrem mão de cuidar dos animais de estimação. Hoje os medicamentos com maior procura são os de tratamentos dermatológicos e, infelizmente, os oncológicos", explicou a empresária.
Informação
Na rede de franquias norte-americana Petland, o atendimento diferenciado foi o que faz a rede crescer de 10% a 12% o faturamento ao mês, mesmo com um ano de operação no Brasil. "Nas lojas, o consumidor encontra informações necessárias para a criação do seu animal de estimação. O nome tem como inspiração a Disneylândia, logo, mais do que comprar produtos os consumidores, mesmo que não tenham animais, podem brincar e conhecer sobre eles nas lojas", explicou o sócio-diretor da empresa no Brasil, Rodrigo Albuquerque.
Com 17 unidades, a rede tem boa rentabilidade com a venda de acessórios. "Eles representam 30% do faturamento", disse Albuquerque. O executivo afirmou ainda que o conceito da operação "é diferenciado, e a compra é consequência do bom atendimento", até o final do ano a rede pode chegar a 21 unidades. "Não procuramos por veterinários, pois pesquisas indicam que investidores que nunca tiveram contato com a operação são mais suscetíveis ao sucesso", comentou.
A crise parece não afetar a Petland, já que a perspectiva da rede é de faturamento de R$ 500 por metro quadrado (m²) de área de venda. "No mercado a média é de R$ 200 de faturamento por m²", enfatizou o executivo. Para 2016 a perspectiva é chegar a 35 unidades e a conversão de bandeira tem sido estruturada pela empresa. "Tem empresários que nos procuram para conhecer o negócio e a conversão de bandeira pode começar a partir do ano que vem". A meta da Petland é ter 302 unidades em cinco anos.
Mercado
Na opinião do vice-presidente da unidade de comércio e serviços do Instituto Pet Brasil, Nelo Marraccini Neto, o governo deveria olhar melhor para o setor. "Ele é altamente tributado por não ser considerado um setor de primeira necessidade", disse. Neto explicou que a venda de alimentação para os animais é o que mantém a rentabilidade das operações mesmo com o consumidor contendo os gastos. "O mark-up dos alimentos é alto, os empresários, mesmo que tenha queda na frequência nos serviços de banho e tosa, mantém a saúde operacional com a venda de ração".
A entidade projeta que o setor cresça de 3% a 4% real este ano e que, por ter um apelo emocional ele é menos sensível a crise. "Não vemos empresas do nosso setor sendo fechadas. Elas são de famílias que cuidam da operação e mantém o crescimento. Hoje só 4% são das grandes redes, o restante é de pequenos empresários que se empenham e têm transformado o setor no País", finalizou o executivo.
DCI
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