sexta-feira, 09 de outubro, 2015

Ericsson vai investir em televisão no Brasil, diz presidente global

A televisão tem atraído olhares cobiçosos da indústria de telecomunicações. O potencial desse mercado no Brasil é considerado equivalente ao de banda larga e tem recebido atenção da gigante sueca Ericsson. Em rápida visita ao Brasil nesta semana, o executivo-chefe do grupo Ericsson, Hans Vestberg, falou ao Valor com exclusividade sobre os planos da empresa para entrar na área de televisão no país, onde já atua em diversos segmentos há quase 90 anos.
"Queremos trabalhar no Brasil com os broadcasters, os operadores de TV", disse Vestberg. Estar com as operadoras de telecomunicações já é o primeiro passo, segundo o executivo, atento à pergunta feita pela reportagem ao presidente da Ericsson na América Latina e Caribe, Sergio Quiroga, sobre o potencial do mercado local de TV. "Vou anotar e cobrar depois", disse Vestberg sorrindo.
O conjunto de operadoras de telefonia gerou uma receita média local de R$ 150 milhões no ano passado. O investimento das teles em redes é estimado por Quiroga em 15% (R$ 22,5 bilhões) e o de TV, 3% (R$ 4,5 bilhões).
Segundo o SindiTelebrasil, que representa as empresas de telecomunicações, o setor investiu um total de R$ 31 bilhões em 2014. Já a receita bruta, que inclui indústria, telefonia fixa e móvel, banda larga, TV paga e 'trunking' (radiochamada) atingiu R$ 234 bilhões em 2014 e R$ 118,6 bilhões de janeiro a junho deste ano.
Vestberg já trabalhou na subsidiária local e conhece bem o Brasil. Em sua passagem de apenas um dia e meio nesta semana, aproveitou para exercitar-se de manhã no Parque Ibirapuera, um das poucas áreas verdes da capital. Fez uma corrida rápida mas proveitosa, 10 km em 45 minutos, para manter a forma. A visita também serviu para manter os laços pessoais com o país onde nasceu Juliana, sua filha de 15 anos. O caçula Carr, de 13 anos, nasceu nos Estados Unidos. A mulher é "super-sueca". Como a empresa, "é uma família global", brincou.
É no Brasil que o executivo pretende reproduzir o modelo que garantiu a seu grupo o gerenciamento de 500 canais de TV na Europa e pavimentou sua entrada no Oriente Médio. A Ericsson fornece todos os equipamentos e softwares necessários para levar o conteúdo de uma operadora de TV à casa do cliente e gerencia o serviço. A BBC, de Londres, é um de seus clientes. Para gerenciar a tecnologia só da BBC, Vestberg mantém uma equipe de 1,4 mil pessoas.
Ele destaca que 66% da receita da empresa provém de software e serviços, o restante é de equipamentos, que representavam 75% há dez anos. Não revela qual é a fatia do negócio da TV, mas afirma que a Ericsson domina esse mercado no mundo.
A constante remodelação da Ericsson para se adaptar às transformações do mercado global levou Vestberg a falar sobre economia digital e planos de banda larga populares a chefes de governo. Em cinco anos, o número de países que adotaram planos de banda larga populares passou de 33 para 144. Esse é um dos temas que o executivo pretende abordar com Dilma Rousseff, em viagem que a presidente tem agendada para a Suécia nos dias 18 e 19 de outubro. O Palácio do Planalto confirmou a viagem, que inclui a Finlândia no dia 20.
Vestberg é embaixador da United Nations Foundation, que tem entre suas bandeiras a economia digital e o combate à pobreza. Iniciativas como a do governo Dilma - que anunciou em agosto o fim dos subsídios de PIS e Cofins para smartphones, PCs e tablets - vão na contramão do desenvolvimento mundial, disse o executivo, sem comentar o caso do Brasil.
O chefe da Ericsson disse que um recente estudo da United Nations indica que a cada US$ 10 que se reduz no preço do smartphone, 100 milhões de pessoas entram para o serviço móvel. "No Brasil, faltam planos digitais, mas há grandes oportunidades", afirmou.
Valor Economico
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