sexta-feira, 04 de julho, 2014

Empate no jogo entre consumidores

Os latinos podem dominar os lances mais largos das arquibancadas nos jogos da Copa do Mundo, marcando com mais força seus hinos nacionais e cantos de incentivos em cada partida, mas no torneio paralelo que confronta os turistas estrangeiros que mais trazem divisas para o país, argentinos, colombianos e mexicanos dividem com americanos, europeus e australianos o protagonismo no ranking dos gastos. É que apontam dados levantados pelo governo, por empresas que administram meios de pagamento e por companhias dos setores aéreo e hoteleiro.
Levantamento feito pela Visa, patrocinadora oficial da Fifa na Copa e único meio de pagamento aceito nos estádios, aponta que os estrangeiros gastaram US$ 188 milhões de reais entre os dias 12 e 26 de junho, último dia da fase de grupos do torneio. Esse valor é 141% maior que o registrado durante o mesmo período de 2013. "Os turistas estrangeiros estão cada vez mais à vontade para gastar", disse o vice presidente de produtos da empresa, Percival Jatoba.
Números do Banco Central corroboram a conjuntura de turistas estrangeiros gastando mais no Brasil no período de Copa. Conforme levantamento do BC, nos 18 primeiros dias de junho os estrangeiros deixaram US$ 365 milhões no país, 24% mais que no mesmo período do ano anterior. Na mão contrária, as despesas de brasileiros no exterior (US$ 1,1 bilhão), até 18 de junho, caíram em 11% na mesma base.
Embora os brasileiros tenham puxado a lista dos que mais compraram ingressos até o início do Mundial, com 1,3 milhão de entradas adquiridas, os estrangeiros ficaram com mais da metade do estoque de bilhetes vendidos a pessoas físicas. Os norte-americanos ficaram com 198 mil, os argentinos com 61 mil, os alemães e os ingleses, com 58 mil. Ao todo, mais de 3 milhões de entradas foram vendidas. Esse recorte de compras de ingresso tem reflexos nos dados apurados pela Visa e também por companhias que fazem o meio de campo entre turistas e passagens aéreas e redes hoteleiras.
Os dados coletados pelo Trivago, o maior site do mundo para procura de hotéis, apontaram que os estrangeiros pesquisaram 372% a mais por diárias entre os dias 12 de junho e 13 de julho em relação ao ano anterior. Já as buscas por hotéis no país, fora do período do mundial, subiram bem menos: apenas 6% em relação aos números de 2013.
"As instalações, particularmente as que estavam no entorno do estádio, estavam brilhantes, bem organizadas e gerenciadas. As estradas estão boas, as instalações de serviços em geral estavam em boas condições, mas fiquei surpreso com a quantidades de pobres no Brasil ", disse o engenheiro neo-zelandês, Mike Welten, que comprou tíquetes para ver os jogos do Uruguai, Colômbia e Argentina contra a Suíça.
Visitantes dos Estados Unidos, seguidos pelos do Reino Unido, França e México foram os que mais utilizaram seus cartões Visa no país. Os crescimentos mais significativos foram de turistas australianos, com um aumento de 835%; colombianos (mais 765%); chilenos (519%) e mexicanos (396%). "Gastei muito em bares e restaurantes. Comprei algumas lembrancinhas, fui a museus e vi pontos turísticos", listou Welten.
O vice presidente da empresa de cartões destacou ainda o incremento de consumo de norte-americano, britânicos e franceses. "Quem é mais acostumados a usar cartão em seu país tende a fazer o mesmo quando viaja", pondera Jatoba, para relativizar o comportamento dos consumidores latino-americanos.
Mesmo levando em conta que latino-americanos tendem a usar mais dinheiro que cartões em alguns serviços, como taxis ou refeições de menor custo, colombianos e mexicanos aparecem entre os grupos que mais elevaram as despesas no Brasil durante essa Copa em relação ao padrão apurado um ano atrás, com incrementos de 400% e 210%, respectivamente.
Há ainda o fator tecnológico, aponta o executivo da Visa, que tem no Brasil uma rede de 2,5 milhões de terminais no Brasil - a maior do mundo, sendo 1,5 milhão de equipamentos que aceitam pagamento até por meio do telefone celular. "Um usuário que tem uma transação negada em seu país tem uma propensão a deixar de usar o cartão em três outras oportunidades. E quando isso acontece no exterior, esse usuário deixa de sacar o cartão por até seis oportunidades de compra".
Segundo o Amadeus, líder mundial em sistemas de passagens e reservas na aviação comercial, as reservas de voos da Europa para o Brasil durante o período da Copa cresceram aproximadamente 60% em comparação com o mesmo período de 2013.
No Reino Unido, a quantidade de reservas para viagens em junho de 2014 foi quase o triplo de junho de 2013. A Alemanha registrou um aumento de aproximadamente 100% e reservas da França cresceram 70%. "A Copa reforça um modelo de negócios em que a utilização de dados é cada vez mais importante", disse Gustavo Murad, diretor da divisão de companhias aéreas do Amadeus para América Latina e Caribe. "A demanda por destinos no Brasil veio dentro do que a gente esperava".
"O mundo passou a enxergar o Brasil e perceberam que a experiência de turismo no nosso país é extremamente positiva", disse o ministro do Turismo, Vinicius Lages. Cerca de 3,6 bilhões de pessoas devem assistir à Copa do Mundo em algum momento ao longo dos 30 dias da competição.
"Eu vim a trabalho, mas não consegui visitar o Rio", disse o jornalista suíço Stephani Rinaldi, Jornalista da Swiss National TV, que passou a Copa acompanhando a seleção que não jogou no Maracanã. "Com certeza, eu pretendo voltar ao Brasil com a minha família porque infelizmente eu não fui ao Rio e eu lamento bastante. O meu melhor amigo rabalha no Rio já há cinco anos e ele me disse que é uma cidade maravilhosa, por isso eu quero ver o Rio o quanto antes, talvez no próximo verão. "
Valor
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