segunda-feira, 02 de junho, 2014

Vendas na 25 de Março decepcionam

Invadida pelo barulho ensurdecedor de cornetas e apitos, a região da Rua 25 de Março, no centro de São Paulo, fica mais verde-amarela a cada dia. No entanto, a 11 dias do início da Copa do Mundo, a sensação dos lojistas do maior centro de comércio popular da cidade é de que os negócios poderiam estar melhores.
Quem vende itens de decoração diz acreditar que o clima de protestos e o medo de depredações fizeram muitos consumidores desistirem - ou deixarem para a última hora - dos planos de enfeitar ruas e estabelecimentos comerciais com as cores do Brasil.
Para boa parte dos lojistas da região, as vendas de produtos da época seriam 40% superiores às da Copa da África do Sul, disse Marcelo Mouawad, diretor comercial da rede Semaan, especializada em brinquedos. No entanto, disse Mouawad, os negócios estão apenas entre 10% e 15% acima das vendas da Copa passada até agora. "Estamos com estoques acima do que prevíamos e com a sensação de que dependemos dos resultados dos jogos do Brasil. Isso não era para acontecer, varejo não é loteria."
Segundo Mouawad, as vendas de itens de uso pessoal, brindes e brinquedos estão boas, o que não ocorre com os produtos de decoração. "Nós torcemos para que o consumidor entenda que é para protestar na urna e torcer na Copa."
Com portfólio focado em decoração, a empresária Ana He, dona da loja Barão das Novidades, disse que investiu o mesmo montante que em 2010 em artigos temáticos. Porém, até o momento, as vendas estão 50% abaixo do que se esperava para o período.
Na rede Armarinhos Fernando, que possui 16 lojas em São Paulo, as vendas começaram a melhorar após a primeira semana de abril, disse o gerente comercial Ondamar Ferreira. Antes disso, estavam bastante fracas.
A rede investiu 25% mais do que na última Copa em produtos da época - a maioria importados da China -, que representam 15% do portfólio total da loja no momento. A aposta foi menor em 2010, com apenas 7% de produtos de Copa nas lojas da rede.
Na sexta-feira, a matriz da Armarinhos Fernando ainda ofertava bolas com temática da Copa das Confederações, quando as vendas foram prejudicadas pelo clima de manifestações, diz Ferreira. O produto, que custava R$ 29 há um ano, hoje é vendido por R$ 17,90.
Apesar disso, Ferreira não teme ficar com estoque encalhado. "A sobra de produtos vai ser retirada pelos fornecedores. Estamos com muita coisa consignada", afirmou. "Acho que vai dar para fazer bons negócios."
Márcio Nahas, dono da Tecidos Cassia Nahas, disse que as vendas só decolam totalmente quando os jogos começam. "Achamos que seria um pouco diferente nesta Copa porque é no Brasil, mas não foi."
Na manhã de sexta-feira, o casal Pedro Shewchenko e Nancy Sommerhauzer circulava pelas lojas em busca presentes com temática da Copa para sobrinhos. Ele, dono de pequeno negócio de lanches, disse que estava achando o fluxo de consumidores na região fraco.
"Há muita gente indignada com os gastos da Copa e o clima não está tão de festa", disse Shewchenko. "Mas vai melhorar. Brasileiro esquece rápido quando assunto o é futebol", disse Nancy.
Supervisora de call center, Edilaine Gonçalves opina que muito consumidor ainda está "dividido" em relação à Copa. Segurando duas grandes sacolas de brindes com as cores do Brasil, ela disse que a empresa para a qual trabalha lhe deu carta branca para comprar produtos temáticos para sortear entre os funcionários. "Quando os jogos começarem, todos vão entrar no clima", afirmou.
Valor Econômico - 02/06/2014
Produtos relacionados
Ver esta noticia em: english
Outras noticias
DATAMARK LTDA. © Copyright 1998-2024 ®All rights reserved.Av. Brig. Faria Lima,1993 3º andar 01452-001 São Paulo/SP