segunda-feira, 28 de abril, 2014

Copa e inflação vão afetar ano, avalia grupo Boticário

A Copa do Mundo deve trazer impacto negativo para as operações do grupo Boticário, e pode reduzir as vendas em até 2% no período. A inflação alta, que tira poder de compra da população, também contribui para transformar 2014 em "um ano duro", na avaliação do presidente da companhia, Artur Grynbaum.
Ainda assim, o executivo espera faturar 13% mais até dezembro, em relação a 2013. O desempenho é inferior ao observado ano passado, quando o avanço foi de 16%. O grupo movimentou R$ 7,6 bilhões no ano passado, incluindo suas mais de 3,5 mil franquias.
"Será um ano bastante duro, em que os resultados serão obtidos por meio de um trabalho muito forte das empresas do grupo", disse Grynbaum com exclusividade ao ValorPRO, serviço de informações em tempo real do Valor.
Para ele, a Copa do Mundo será ruim para o varejo e vai acabar afetando a geração de empregos, receita e arrecadação do setor. "Tem um famoso e-mail que está circulando dizendo que as cidades-sedes da Copa devem ter apenas cinco dias úteis entre 12 de junho a 13 de julho (tempo que dura o mundial). É muito pouco, é preciso consciência de que é um evento bom para o país, mas a vida continua", observou.
A inflação é outra questão que deve atrapalhar 2014. "Tivemos, nos últimos meses, aumento no preço de produtos alimentícios, que acabaram tirando renda disponível das famílias para consumir. A inflação consome o poder de compra da população de forma indiscriminada", disse.
Segundo Grynbaum, o Brasil carece de um plano estratégico de longo prazo. "Todos nós estamos convivendo diariamente com notícias a respeito do crescimento da economia. E os números não são expressivos, são bastante módicos. Acredito que nesse momento seria realmente importante ter uma visualização de qual é o cenário econômico futuro. É nisso que as empresas se baseiam para planejar investimentos de longo prazo", afirmou.
Ele lembrou o momento da consolidação do real, com a queda na inflação, o que permitiu às empresas um planejamento superior a um ano. "Hoje a gente já olha e não tem tanto essa clareza. O país começa o ano com uma expectativa de crescimento que não se sustenta", afirmou.
O grupo vai inaugurar este ano dois investimentos considerados importantes na Bahia, uma fábrica e um centro de distribuição que somam R$ 535 milhões. "Eu acredito muito no Brasil, estamos fazendo investimentos fortes não para este ano, mas para 2020, considerando que o país vai crescer, que a renda [vai] continuar competitiva, mas não é todo mundo que tem essa confiança", observou o executivo.
No ano passado, o Boticário passou a Natura e assumiu a liderança no mercado nacional de perfumes, segundo a empresa de pesquisa Euromonitor. A rede de franquias alcançou uma participação de 28,8% em 2013, enquanto a Natura ficou com uma fatia de 27,7%. Cada ponto percentual nesse mercado corresponde a aproximadamente R$ 150 milhões em vendas.
O mercado de perfumaria brasileiro é o maior do mundo e movimentou US$ 7 bilhões (mais de R$ 15 bilhões) no ano passado, ainda de acordo com a Euromonitor. A perfumaria representa cerca de 60% das vendas do Boticário, de acordo com informações fornecidas pela diretora de marketing da empresa, Isabella Wanderley, em entrevista ao Valor em 2013.
Valor Econômico - 28/04/2014
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