terça-feira, 06 de agosto, 2013

Smartphone barato passa a dominar competição no setor

À primeira vista, o mercado de smartphones parece uma disputa concentrada na venda de aparelhos caros a clientes endinheirados, mas a competição mais feroz se dá em outra arena: a de modelos mais baratos, que não têm todas as características dos aparelhos avançados, mas oferecem acesso à internet e contam com um sistema operacional completo, o suficiente para diferenciá-los dos celulares comuns. São, na prática, o primeiro degrau na escala dos smartphones.
Nas lojas, o consumidor encontra hoje aparelhos que custam mais de R$ 2,5 mil, mas esse segmento continua para poucos. Os fabricantes concentram-se nas vendas de smartphones com preços entre R$ 250 e R$ 700.
Por enquanto, os modelos "top de linha" ainda representam a maior fatia do mercado mundial de smartphones, mas o jogo está para virar. A expectativa é que os produtos mais baratos passem de uma participação de 28% do mercado neste ano para 46% em 2018, segundo a empresa de pesquisa ABI Research. No Brasil, o cenário já é assim. Os modelos com preço inferior a R$ 700 responderam por mais de 70% das vendas de smartphones nos primeiros seis meses do ano, segundo a empresa de pesquisa GfK. A faixa que ganhou mais espaço foi a de modelos com preços entre R$ 250 e R$ 350, que passou de uma participação de 7,1% do mercado para 17,8%.
O investimento nos modelos mais baratos é resultado de uma nova dinâmica global do mercado. Em países desenvolvidos, as vendas de smartphones já passam de 50% do total de celulares vendidos. É um ciclo de substituição de aparelhos, e não de novas vendas. O problema é que as pessoas levam, em média, de 12 a 18 meses para trocar de celular - se não acontecer nenhum imprevisto. Para os fabricantes, é tempo demais.
Ao mesmo tempo, nos países emergentes a população está cada vez mais conectada e ávida por produtos de tecnologia. Como boa parte desse contingente não pode comprar aparelhos de US$ 400 a US$ 600, a saída é criar modelos mais acessíveis. "É desses mercados que virá o próximo bilhão de pessoas que vão se conectar à internet", diz César Castro, responsável por todos os celulares da Nokia, excetuando a linha Lumia, a mais sofisticada da empresa.
Para fazer aparelhos baratos, a maioria dos fabricantes tem usado o sistema operacional Android, do Google, que não exige o pagamento de licença de uso. Isso ajudou a equilibrar o jogo entre grupos com tamanhos e alcance muito diferentes entre si. A brasileira Positivo Informática, por exemplo, disputa a preferência dos consumidores com marcas globais como Samsung, LG e Nokia.
A previsão é que esse cenário, já competitivo, fique ainda mais disputado. Até o fim do ano, a Apple, reconhecida por seus produtos caros e sofisticados, comece a vender o iPhone 5C, que seria uma versão direcionada aos mercados emergentes. O produto provavelmente não ficará entre os mais baratos, mas será o primeiro movimento da Apple na direção de segmentos mais econômicos.
A problemática fabricante taiwanesa HTC, que também tinha suas operações voltadas a aparelhos mais caros, anunciou recentemente que os modelos básicos serão um importante componente de sua estratégia.
A Nokia dividiu seu universo de atuação. No segmento mais sofisticado, que gravita ao redor da marca Lumia, adotou o sistema operacional Windows Phone, da Microsoft. Para os aparelhos mais básicos, anunciou há dois meses uma nova abordagem, com um sistema operacional próprio. O primeiro produto da linha, o Asha 501, chegou ao Brasil na semana passada, por R$ 329.
Uma diferença entre os produtos topo de linha e os básicos é o preço dos componentes adotados. Segundo Castro, porém, não basta ter baixo custo de produção. É preciso incluir características que atraiam o público. O Asha 501 traz um sistema que reduz o consumo de dados no acesso à internet porque o público-alvo do aparelho usa linha pré-paga.
Na avaliação de Roberto Sobol, diretor de produto da Samsung, um dos principais desafios nos próximos anos será criar aparelhos que se mostrem cada vez mais fáceis de usar. "É preciso entender que esse é um consumidor diferente", diz.
Outro desafio será equacionar o modelo de negócios. Ao contrário das categorias mais caras, a palavra de ordem no segmento básico é volume. É preciso vender muitas unidades para compensar as margens de lucro menores. A LG criou uma estratégia para driblar o problema: aparelhos semelhantes, que se diferenciam por variações de cor e recursos como TV digital. A ideia é vender para públicos diferentes sem ter de investir muito para criar um portfólio muito amplo de produtos. A empresa deu atenção especial à capacidade de o aparelho usar chips de operadoras diferentes. "Essa é uma função muito importante no Brasil", diz Jan Petter, diretor de vendas da área de celulares da LG.
Valor Econômico - 05/08/2013
Produtos relacionados
Ver esta noticia em: english
Outras noticias
DATAMARK LTDA. © Copyright 1998-2024 ®All rights reserved.Av. Brig. Faria Lima,1993 3º andar 01452-001 São Paulo/SP