quarta-feira, 08 de maio, 2013

Concentração em chip de memória pode afetar celulares

Os chips de memória dos smartphones e computadores pessoais (PCs) podem ser invisíveis para os consumidores, mas essa situação esconde sua importância. Eles são tão importantes que os fabricantes de chips estão há anos engalfinhados em uma concorrência brutal que deixa os mais fracos pelo caminho.
Agora, um punhado de fabricantes remanescentes importantes está reduzindo sua capacidade de expansão - uma decisão com implicações problemáticas para alguns clientes da indústria de smartphones, que vinham se aproveitando da oferta abundante de chips de memória a custos decrescentes.
O competitivo campo para as duas principais formas de memória - D-Ram e Nand Flash - encolheu dramaticamente nos últimos cinco anos. Apenas a Samsung Electronics, a SK Hynix e a Micron detêm hoje mais de 90% do mercado de memórias D-Ram, segundo analistas da Bernstein. Quase 100% do mercado de memórias Nand é dividido entre os concorrentes dominantes do segmento D-Ram com a Intel, Toshiba e SanDisk. "O setor está se transformando em um oligopólio", diz Avril Wu, analista da consultoria DRAMeXchange. "Há menos fornecedores controlando a quantidade disponível..."
A consolidação dos fabricantes foi em parte resultado da capacidade de expansão agressiva demonstrada nos últimos anos. Isso levou a um excesso de produção de chips de memória que derrubou os preços e minou fatalmente os fabricantes mais fracos - especialmente a Elpida do Japão, adquirida pela Micron no ano passado.
Mas os grupos que restaram mudaram dramaticamente de direção: analistas não acreditam na introdução de capacidade nova de produção de chips de memória neste ano. Essa contenção poderá alimentar os preços. A demanda está aumentando, apesar do declínio do mercado de PCs, graças ao crescimento dos smartphones, que apresentam capacidades de memória cada vez maiores.
O preço de uma determinada quantidade de memória D-Ram - vista como uma commodity relativamente simples nos termos da indústria de semicondutores - geralmente cai a cada ano. Mas o ritmo da queda em oito categorias de memória D-Ram usadas em dispositivos móveis vai cair para 23,9% este ano, em comparação a 38,8% no ano passado, segundo sugere um estudo da DRAMeXchange.
A expectativa é que o custo de alguns chips D-Ram usados em PCs possa quase dobrar ao longo do ano, uma vez que os fabricantes estão alterando as linhas de produção para atender à demanda da indústria de smartphones. Os preços dos chips de memória Nand Flash poderão aumentar até 17%.
"Os preços continuarão sólidos este ano", diz Kim Jung-soo, vice-presidente da SK Hynix, que no mês passado divulgou seu terceiro lucro líquido trimestral consecutivo após um ano de perdas. "Acreditamos que a demanda pelos chips usados em dispositivos móveis vai aumentar, enquanto a oferta de chips de memória ficará apertada por causa da capacidade limitada."
Analistas afirmam que uma mudança nas prioridades da Samsung - de longe a maior fabricante de chips de memória - teve um peso nisso. "Antes, uma estratégia de destruir concorrentes na área de chips de memória com a criação de um excesso de oferta fazia sentido, mas não agora", diz Mark Newman da Bernstein, notando que os negócios de smartphones da Samsung substituíram seu braço de semicondutores como principal condutor dos lucros. "Hoje, a principal concorrente da Samsung é a Apple, e derrubar os preços dos chips de memória somente beneficiaria sua rival."
Uma mudança no longo prazo para investimentos mais contidos dos fabricantes de chips poderá ter um impacto pequeno sobre as margens dos principais fabricantes de aparelhos, como a Apple: normalmente, os chips de memória respondem por cerca de um décimo do custo de produção de um smartphone.
Isso pode já estar causando dores de cabeça para a Samsung, que considera a possibilidade de recorrer aos chips de memória da SK Hynix para atender à forte demanda por seu novo smartphone Galaxy S4. "O pessoal da área de chips de memória da Samsung percebeu essa demanda enorme [na área de dispositivos móveis] no começo do ano. Eles não tiveram tempo suficiente para se preparar", diz CW Chung, analista da Nomura.
As fortes relações de negócios e poder sobre o mercado dos principais fabricantes de smartphones poderão garantir o acesso aos chips de memória, mesmo em meio à antecipação de um aperto da oferta no segundo semestre. Isso poderá não se aplicar aos fabricantes chineses de "segunda linha", cujos smartphones de baixos custos estão vendendo bem entre os consumidores mais pobres da China.
Companhias como Huawei e Lenovo têm "um poder de barganha maior", mas fabricantes menores poderão não conseguir chips de memória D-Ram em número suficiente, o que os forçará a reduzir a produção ou a capacidade de memória de cada aparelho, segundo Andrew Lu, analista do Barclays. Isso poderá ser bom para a divisão de aparelhos portáteis da Samsung, que - assim como a Apple - vem sofrendo uma forte corrosão de sua participação no maior mercado de smartphones do mundo.
Produtos relacionados
Ver esta noticia em: english
Outras noticias
DATAMARK LTDA. © Copyright 1998-2024 ®All rights reserved.Av. Brig. Faria Lima,1993 3º andar 01452-001 São Paulo/SP