quarta-feira, 10 de abril, 2013

Marcas de luxo crescem na Europa, enquanto outras caem

A discrepância entre as montadoras europeias de carros de luxo e as que visam ao mercado de massa, em dificuldade por depender da debilitada economia da Europa, parece fadada a crescer.
A italiana Fiat SpA alertou ontem que o mercado automotivo europeu pode encolher mais que o esperado este ano, à medida que o desemprego crescente, aumentos de impostos e as incertezas econômicas em grande parte da Europa continuam a enfraquecer a demanda por carros novos.
Por outro lado, o crescimento sustentado das vendas na América do Norte, China e outros mercados como Brasil e Rússia continua gerando pedidos para as montadoras europeias de carros de luxo. As alemãs BMW AG e Audi AG tiveram vendas recorde no mês passado devido à forte demanda, em especial de clientes dos Estados Unidos e da China.
Os problemas na Europa ressaltam a necessidade de se enfrentar o problema crônico do excesso de capacidade do setor, embora as propostas de fechamento de fábricas da General Motors Co., PSA Peugeot Citroën e Ford Motor Co. até agora permaneçam isoladas diante da oposição política e da luta dos sindicatos para manter postos de trabalho. A demanda por carros novos na Europa Ocidental caiu 10% em março ante o mesmo período de 2012, em comparação com uma queda de 8,2% para o ano passado todo, segundo a consultoria britânica LMC Automotive.
"A indústria automobilística está se tornando uma sociedade de duas classes", disse Peter Fuss, sócio da GSA Ernst & Young. "Enquanto algumas companhias estão conseguindo lucro recorde, outras estão se arrastando."
A BMW, maior montadora mundial de carros de luxo, registrou mais um recorde em março, vendendo 191.269 veículos das marcas BMW, Mini e Rolls-Royce, uma alta de 3% em relação ao mesmo período de 2012. Já as vendas da Audi, uma divisão da Volkswagen AG e principal concorrente da BMW, também subiram 3% em março, para um recorde de 147.700 unidades.
A BMW e a Audi estão investindo pesado no aumento da capacidade de produção e em novos modelos. Exemplos disso são a renovada série 3 da BMW e o novo hatchback A3 da Audi, que estão vendendo bem nos EUA e na China, os maiores mercados mundiais de automóveis.
Mas as perspectivas para o segmento de massa este ano continuam ruins e podem piorar ainda mais. O diretor-presidente da Fiat, Sergio Marchionne, alertou os acionistas na assembleia anual da empresa que o mercado europeu de carros pode piorar antes de melhorar, o que levaria a Fiat a revisar suas estimativas financeiras.
"Quanto à Europa, considerando as tendências na demanda por automóveis e veículos comerciais leves no primeiro trimestre, 2013 pode fechar em queda outra vez, embora moderada, marcando o sexto ano consecutivo de contração", disse Marchionne. Um recuo mais severo na demanda europeia "seria um resultado pior que as previsões que fizemos em janeiro com base nas nossas metas para 2013", disse ele.
A Fiat ainda espera divulgar este ano lucro líquido de € 1,5 bilhão (US$ 2 bilhões) e atingir o ponto de equilíbrio na Europa entre 2015 e 2016, segundo o executivo.
O mercado automobilístico italiano, o maior da Fiat na Europa, se contraiu bem menos em março após ter apresentado quedas abruptas durante muitos meses. A contração foi de 4,9% na comparação anual, comparado com 17% em fevereiro. Os novos registros de automóveis, um indicador das vendas, ainda estavam em queda de 17% no primeiro trimestre.
O diretor de vendas da BMW, Ian Robertson, disse que a empresa teve forte desempenho "apesar dos ventos contrários na Europa". As vendas da BMW na Alemanha caíram 3,8% no primeiro trimestre, em relação ao mesmo período de 2012. Mas, considerando toda a Europa e incluindo Rússia, onde a demanda foi forte, as vendas aumentaram 3,1%. As vendas subiram 4,3% nos EUA, 7,6% na China, 7,2% no Japão e 17% na Coreia.
A Audi informou que suas vendas na Europa Ocidental subiram 0,7% no primeiro trimestre, apesar de terem caído 1,7% na Alemanha. As vendas cresceram 14% na China, que se tornou o mercado mais importante para a marca Volkswagen e para a Audi. A Fiat, a Peugeot e a Renault SA ainda não divulgaram seus resultados do primeiro trimestre. (Colaboraram Monica Houston Waesch, de Frankfurt, e Matthew Curtin, de Paris.)
Valor Econômico
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