terça-feira, 17 de dezembro, 2013

Para analistas, teles crescerão menos em 2014

As operadoras de telecomunicações vão encerrar 2013 com um crescimento menos intenso em número de assinantes e em receita em relação ao ano passado. A competição acirrada contribuiu ao longo do ano para tornar as margens de lucro mais apertadas para a maioria delas. Para 2014, a expectativa é de um crescimento mais fraco na base de assinantes e ganhos mais modestos em receita - sobretudo em função da queda de 25% no valor da tarifa de interconexão (VU-M) -, com consequentes efeitos sobre as margens de lucro. VU-M é uma tarifa cobrada pelas empresas de serviços de telecomunicações fixos quando se conectam às redes de prestadoras móveis.
Espera-se ainda uma concorrência mais apertada nos segmentos de conexão máquina a máquina, ou M2M, e TV por assinatura com a chegada de novos competidores. A discussão em torno da saída da Telefónica da Telco, controladora da Telecom Italia, ou a venda da TIM, continuarão a atrair a atenção dos investidores.
A Tendências Consultoria Integrada estima para o próximo ano um crescimento de 3,5% na base de usuários de telefonia móvel (269,9 milhões de conexões, em outubro), um pouco abaixo do aumento projetado para 2013, de 4%. Para a telefonia fixa, a expectativa é de uma queda de 1,7%, mesmo índice previsto para este ano, até outubro com 45 milhões de acessos. No caso da TV por assinatura, que cresceu 13% em 12 meses até outubro, para 17,7 milhões de clientes, a consultoria prevê um avanço de 18% em 2014.
"Em termos de lucratividade, o cenário é desafiador para as operadoras no próximo ano. Existe uma tendência de pressão para queda nos preços dos serviços e de concorrência forte entre as teles", afirmou Camila Saito, analista de telecomunicações da Tendências. A analista considerou que os preços dos serviços de banda larga fixa e móvel tendem a cair, como o que já foi observado nos serviços de voz. Quanto aos serviços de dados mais sofisticados, Camila disse que isso exigirá investimentos altos na expansão das redes de fibras ópticas, o que deve ajudar a pressionar as margens de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda).
Renato Pasquini, gerente da área de telecomunicações da Frost & Sullivan, considera que as teles terão de chegar a um equilíbrio em 2014 entre geração de receita e necessidade de investimentos. Para ele, as operadoras serão pressionadas pela queda de 25% na tarifa de interconexão e pela adoção pelos consumidores de serviços gratuitos de mensagens instantâneas em substituição aos pacotes de torpedos - duas importantes fontes de receita para o setor.
"As teles tenderão a expandir seus portfólios, com serviços de pagamento móvel, comunicação M2M, oferta de conteúdos digitais e parcerias", afirmou Pasquini. O analista prevê para o mercado de telecomunicações neste ano um crescimento em receita de 4,5%.
O Credit Suisse projeta para 2014 uma pequena melhora nos resultados das operadoras móveis que têm ações na bolsa brasileira (Telefônica/Vivo, TIM e Oi). Para a Vivo, a projeção é de um Ebitda 6,6% maior, para R$ 11,423 bilhões, e elevação da margem Ebitda para 23,3%, ante 30,8% esperada para este ano.
O banco estima para a TIM um incremento de 7,3% no Ebitda, para R$ 5,691 bilhões, e ganho de 0,5 ponto percentual na margem Ebitda, para 27,2%. Para a Oi, a projeção é de aumento de 5,5% no Ebitda, para R$ 8,7 bilhões, e ganho de 0,7 ponto percentual na margem Ebitda, para 29,3%. As estimativas levam em consideração melhoras nos resultados da Telefônica e da Oi. A espanhola porque neste ano fez investimentos relevantes para expandir sua operação fora de São Paulo, e a Oi pela expectativa nos ganhos pela fusão com a Portugal Telecom.
Marcelo Torto, analista-chefe da Ativa Corretora, estima que em 2014 as operadoras vivenciarão um cenário semelhante ao de 2013. "É um pouco complicado, porque as operadoras ainda precisarão manter investimentos altos para cumprir as metas de cobertura para 3G e 4G", disse Torto.
As discussões sobre a venda da TIM geraram discussões no mercado sobre um fatiamento da empresa entre os rivais - Vivo, Claro, Oi e Nextel -, ou sua aquisição por um novo competidor. Mas essas opções não são consideradas adequadas pelo banco. "As operadoras já atingiram quase todo o limite de espectro que podem ter no país. Para adquirir a TIM, a operadora teria que se desfazer de licenças de espectro, o que aumenta o custo da operação", disse Andrew Campbell, analista do Credit Suisse.
A alternativa para possibilitar uma fusão de operadoras no país seria a aprovação, pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), de um novo regulamento que ampliasse o limite de concessão de espectro de faixas de frequência. Campbell disse que a equipe do banco teve conversas com representantes do governo recentemente. "Não percebi nenhum movimento do governo no sentido de mudar os limites do espectro", afirmou.
Os limites de espectro não são o único tema regulatório no foco das operadoras para 2014. O leilão da faixa de frequência de 700 MHz para expansão das redes 4G no país e a aprovação de regulações para facilitar a instalação de antenas nos municípios são alguns dos temas que poderão ganhar destaque no cenário de telecomunicações no primeiro semestre.
Campbell considera que o governo parece empenhado em fazer o leilão da faixa de 700 MHz em 2014. Para o analista, é provável que o leilão seja realizado na primeira metade do ano, antes do período de campanhas de sucessão presidencial. Na visão do analista, o uso da faixa de 700 MHz permitirá uma expansão dinâmica das redes 4G no país, devido à possibilidade de implantação mais rápida de antenas e da oferta do serviço em cidades de menor porte.
Camila, analista da Tendências, também considera que a facilidade de instalação de infraestrutura de quarta geração com o uso da faixa de frequência de 700 MHz permitirá um rápido avanço da implantação da tecnologia no país no próximo ano. "No caso da faixa de 2,5 gigahertz (GHz), a legislação precisa ser alterada para facilitar a instalação de antenas nos municípios. A expectativa é que esse tema seja contemplado pela Anatel em 2014", disse Camila.
Valor Econômico - 17/12/2013
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