Oracle compra Cerner por US$ 28,3 bi

A Oracle fechou a compra da Cerner, uma empresa especializada em software de gestão hospitalar, por US$ 28,3 bilhões, no que é o maior negócio já fechado em uma história cheia de compras enormes.
O forte da Cerner é tecnologia para entregar prontuários eletrônicos de atendimento. Ela é a segunda maior empresa do setor nos Estados Unidos, com faturamento de US$ 5,5 bilhões em 2020 e quase 30 mil funcionários.
No Brasil, a empresa é bem mais discreta, com 40 funcionários, de acordo com o Linkedin.
O cliente referência é o Albert Einstein, hospital paulista que fechou um contrato em 2016.
Na época, era a primeira implementação em português da solução de gestão da Cerner, o que indica que a base não pode ser muito grande hoje.
A Cerner tem 40 anos de mercado e está estagnada em termos de crescimento desde 2017.
Há apenas dois meses e meio a Cerner indicou um novo CEO, vindo do Google Health, que pelo visto achou que a melhor decisão era vender a empresa.
E porque a Oracle decidiu comprar? Com a aquisição, a gigante reforça muito a sua vertical na área de saúde, um mercado em crescimento, mas o negócio parecer ter outras motivações, como dar um gás na nuvem da Oracle.
A Cerner é um grande cliente da AWS. No médio prazo, é de se esperar que parte da empresa migre para a nuvem da Oracle, o que permitiria à empresa desenvolver expertise em uma área com muito potencial.
“A Cerner vai ser um motor de crescimento por anos, na medida em que expandiremos sua presença em muitos mais países pelo mundo. É exatamente a estratégia usada com a Netsuite, mas a oportunidade é muito maior”, afirma a CEO da Oracle, Safra Catz.
A Oracle pagou US$ 9,3 bilhões pela NetSuite, uma fornecedora de software de gestão na nuvem.
Fechada em 2016, a aquisição foi a segunda maior da história da Oracle até então (a maior segue sendo a Peoplesoft, no distante 2005, por US$ 10,3 bilhões).
A compra efetivamente deu um impulso para a Netsuite, inclusive no Brasil, onde ela passou de ter uma presença discreta para emplacar contratos chamativos, ainda que não seja um player significativo no contexto geral.
A Microsoft deu uma tacada similar à da Oracle em abril, ao comprar a Nuance Communications, companhia líder no segmento de softwares que convertem voz em texto, por um total de US$ 19,7 bilhões.
A Nuance tem uma presença importante na vertical de saúde, com 10 mil clientes e nomes de primeira linha como Johns Hopkins (a empresa tem também uma presença discreta no Brasil).