sexta-feira, 17 de agosto, 2018

Valorização do dólar pode tornar o vinho brasileiro mais competitivo

A oscilação da cotação do dólar poderá ser uma aliada para as vendas de vinhos brasileiros neste semestre. A valorização da moeda norte-americana deve elevar os preços dos produtos importados nas gôndolas, favorecendo o consumo da bebida fabricada no Brasil. “Esperamos retomar as vendas neste segundo semestre”, afirma o presidente do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) Oscar Ló, que também está à frente da Cooperativa Vinícola Garibaldi, na Serra Gaúcha.Nos primeiros seis meses do ano, as vendas de vinhos finos ficaram estáveis em relação ao ano passado, já que havia um grande estoque de bebida importada no País desde 2017.“Os importados chegam ao Brasil com preços mais acessíveis que o produto nacional, que tem uma pesada carga tributária. Com os preços mais elevados com a oscilação da moeda norte-americana a competição deve ficar mais equilibrada”, estima Ló. Em 2017, as vendas somaram 15,6 milhões de litros, 18,75% abaixo dos 19,2 milhões de litros em 2016.Ele também destaca que, embora a economia não tenha crescido tanto quanto o esperado, há expectativa de melhora nos próximos meses, o que deve se refletir nas vendas da bebida. Para estimular o consumo, o Ibravin também veicula uma campanha que desmistifica as regras para consumo de vinhos. Segundo Oscar Ló, 30 milhões de brasileiros são consumidores de vinhos e espumantes. “Queremos conquistar novos consumidores e desmistificar o consumo de vinhos, muitas vezes ligado a regras e rituais, como harmonização e tipo de taça, por exemplo, que acabam por inibir o consumo. Nossa intenção é mostrar que é o consumidor quem faz as suas regras para degustar o vinho”, explica o presidente do Ibravin.Menos prejudicados com a concorrência externa, espumantes e sucos tiveram um semestre de crescimento e devem fechar ano com expansão. No caso dos espumantes, o incremento nas vendas foi de 10% nos primeiros seis meses do ano, enquanto a demanda pelos sucos de uva cresceu 37%. O incremento foi de 12% no primeiro semestre se considerados os três produtos (suco de uva, vinhos finos e espumantes) e a expectativa é de alta de 15% em vendas em 2018.Para os espumantes, a perspectiva é de incremento de 12% a 15% nas vendas neste ano. Focada no segmento, a Vinícola Garibaldi investirá neste ano R$ 7,5 milhões na ampliação da capacidade de produção, que atualmente é de 2 milhões de garrafas, em 40%. Está programada a compras de equipamentos para modernizar o setor produtivo, como um novo filtro tangencial e dois tanques de pressão e a mecanização de uma linha de produção, automatizando desde o recebimento da uva entregue pelo produtor até a expedição das garrafas destinadas ao mercado.A Cooperativa faturou R$ 134 milhões em 2017, crescimento de 10% ante a 2016 e registrou aumento de 37% nas vendas no ano passado. A Garibaldi tem no portfólio 60 produtos, entre vinhos tintos e brancos, espumantes, frisantes, filtrados e sucos de uva.Conforme o diretor comercial da Domno Importadora e sócio do Grupo Famiglia Valduga, Jones Valduga, o primeiro semestre foi atípico, com impacto da greve dos caminhoneiros, o que reduziu as vendas. “Mas esperamos retomá-las no segundo semestre”, afirma Valduga, que projeta um crescimento de 13% para a vinícola e também para a Dommo. Para isso, a vinícola aposta em lançamentos que reforcem a qualidade do produto brasileiro ao consumidor, como a ampliação da linha 130, criada em homenagem aos 130 anos da chegada da família Valduga ao Brasil, com o rótulo 130 Brut Rosé.A vinícola produz 70% da uva que utiliza – o restante é terceirizado – e destina 60% da produção para espumantes e o restante para vinhos. A Valduga tem três áreas no Rio Grande do Sul, uma na Serra Gaúcha, região tradicional de produção de vinhos e espumantes, uma em Encruzilhada do Sul e outra na região da Campanha, novo polo vitivinícola do Estado.Safra A produção brasileira na safra deste ano chegou a 663 milhões de quilos de uvas neste ano ante 750 milhões de quilos no ano passado, queda de 11,6%. “Temos uma safra de excelente qualidade, especialmente para vinhos de guarda (com potencial de melhoria da qualidade da bebida ao longo do tempo”, avalia o presidente do Ibravin. A produção está se normalizando em 2018 depois de uma quebra significativa em 2016, quando a safra caiu mais da metade, para 300 milhões de quilos de uvas, em razão de problemas climáticos, seguida de uma safra farta em 2017, de 753,3 milhões de quilos de uvas, o que interferiu nas vendas.Segundo Oscar Ló, metade da produção deve ser destinada aos sucos. “É o mercado com maior crescimento e que deve se manter aquecido até o final do ano”, projeta.
DCI - 17/08/2018
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