segunda-feira, 16 de janeiro, 2017

Tendências no varejo podem gerar demanda para galpões

São Paulo - Da indústria ao varejo, passando pelo atacado, players de bens de consumo devem ser os principais demandantes por condomínios industriais nas grandes cidades, em 2017. Seja pela crise e o aumento dos estoques, a descentralização dos centros de distribuição ou investimento em e-commerce, o setor deve se destacar na procura, aliviando a baixa taxa de ocupação dos galpões.
Segundo o CEO do grupo Bahia Associados, Jorge Bahia, a locação de condomínios industriais é uma tendência mundial, mas em 2016 recebeu atenção de nichos do comércio que não eram esperados e a perspectiva é que o movimento se mantenha em 2017. "Pelo menos no primeiro semestre ainda devemos ver a indústria e o atacado demandando áreas de armazenamento para o estoque. Se de um lado elas têm um estoque de produtos nacionais que não foram vendidos, por outro tem o de importados (mais baratos) que estão chegando", comenta.
Além disso, Bahia comenta que a tendência de crescimento do e-commerce - que exige centros de distribuições descentralizados pelo País - e a busca por redução de custos também devem apoiar esta demanda. "Contabilmente, quando você compra um prédio consegue a valorização a muito longo prazo e ainda tem impostos. Já quando você aluga o prédio, isso faz parte da despesa e você não paga o imposto ", diz. Outro benefício da locação dos condomínios industriais, citados por ele, é o compartilhamento. "Além do custo de manutenção dividido com outras empresas, se você tiver ociosidade devolve o espaço", explica. De acordo com ele, entre seus clientes, um caso que tem sido observado é a venda do ativo como forma de obter recurso para investir em infraestrutura de TI para a operação on-line. "Duas das empresas que atendo já fizeram isso outro está na fase de estudo", exemplifica.
Na busca por resultados
Outra tendência que deve ser observada em 2017, segundo Bahia, é o compartilhamento do próprio serviço logístico. "Muitas empresas com o braço de logística estão transformando a área em outra empresa e prestando serviço para fornecedores e até concorrente", diz.
"Em 2015 e 2016, o varejo fechou com queda e percebemos que para 2017 já há várias mudanças ocorrendo dentro das empresas para não fechar com a mesma queda", ressalta.
Outra demanda observada pelo executivo é o de pequenas empresas. "A grande tendência era entre médias e grandes, mas agora devemos começar a ver as pequenas", comenta. De acordo com o executivo, o e-commerce está ganhando cada vez mais a participação de empresas novas e menores. Vendo este público, o executivo contou ao DCI que já está estudando a criação de uma divisão interna que possa atender esta demanda. "Não é o nosso foco, pois atendemos mais médias e grandes, mas estamos estudando a tendência para 2017", finaliza o CEO.
Outra companhia que tem observado este público é a Cemara Loteamentos, que na área de condomínios industriais tem focado em pequenas e médias empresas com faturamento entre R$ 6 milhões e R$ 8 milhões. "Elas precisam de compartilhamento [para dividir os custos] e vão fazer o que as grandes fizeram", diz o vice-presidente de novos negócios e operações da companhia, Marcos Dei Santi.
A Cemara, que em 2015 lançou o Centro Empresarial e Industrial (CEI) Nove de Julho [e já tem 40% do empreendimento vendido], já está com planos de lançar três loteamentos para o segmento. "Um será em São José do Rio Preto e os outros dois estamos aguardando e vamos lançar de acordo com a retomada da economia", diz. Nesse próximo lançamento, no interior de São Paulo, uma demanda esperada pelo executivo são as empresas da área têxtil e de confecção presentes da região.
Segundo ele, o valor geral de vendas (VGV) dos três loteamentos será de R$ 280 milhões, sendo que o de São José do Rio Preto deve ser o maior.
Oferta
Do outro lado do setor, a incorpordora TRX, aponta que já sentiu uma ligeira melhora na área comercial, mas ainda é necessário ter cautela com os projetos. "É o momento de prestar atenção e ter estômago, fazer as contas, escolher bem os terrenos e ser criterioso do com as construtoras", cita o vice-presidente do Grupo TRX, José Alves.
De acordo com ele, apesar do momento ainda refletir uma depressão do mercado, as perspectivas de longo prazo ainda são muito boas, sobretudo, pela demanda de quem busca galpões mais eficientes - tendência denominada de fly to quality. "Temos visão de longo prazo, o parque logístico brasileiro ainda é muito obsoleto, por isso, existe muita oportunidade para a incorporação deste tipo de produto", complementa.
Em 2017, Alves conta que a companhia deve lançar entre oito e 12 empreendimentos, dos quais dois devem ser condomínios logísticos. Um já está definido e terá sua primeira fase em obra neste ano em Santa Cruz, no Rio de Janeiro, e o outro ainda está sendo estudado. "Pode ser no Sudeste ou nordeste, depende do estudo de oferta e demanda", conclui.
Mesmo sem poder contar o resultado, ele afirma que em 2016 a TRX teve crescimento real da receita e para 2017 eles querem entre 25% e 30% de alta no volume de locações, ante o montante atingido em 2016.
DCI
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