terça-feira, 13 de janeiro, 2015

COMIGO: Cooperativa inaugura fábricas, mas adia novos investimentos

Ao mesmo tempo em que se prepara para inaugurar no próximo domingo quatro plantas industriais novas ou modernizadas, destinadas à fabricação de derivados de soja, leite, rações e fertilizantes, a Cooperativa Agroindustrial dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano (Comigo), a maior do Centro-Oeste, inicia 2015 com a decisão cautelosa de adiar outros investimentos que estavam planejados para ampliar ainda mais sua capacidade de produção neste ano.
Pacote - As unidades que serão inauguradas fazem parte de um pacote de investimentos que totalizou R$ 213,5 milhões nos últimos dois anos, conforme antecipou o Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor. Inicialmente, a Comigo investiria outros R$ 80 milhões em 2015, mas o plano foi engavetado por ora. Os motivos para suspender o aporte na construção de uma beneficiadora de sementes de soja e em mais uma unidade de refino de óleo são a incerteza com o quadro da economia brasileira em 2015 e os preços baixos das commodities.
Cenário - "O cenário mundial preocupa quando o assunto são os preços agrícolas. Não sabemos até que ponto a China vai crescer, e se a Venezuela ou a Rússia vão continuar sendo importantes consumidores de produtos agrícolas", afirma Antonio Chavaglia, presidente da cooperativa, em entrevista ao Valor. "Podemos perder com [a bolsa de] Chicago, mas também ganhar com a valorização do dólar. Então, enquanto isso, nossos projetos novos estão engavetados e temos que esperar o desempenho da economia em 2015", avalia.
Apresentação - Presente em 13 municípios de Goiás, a Comigo já colocou em funcionamento as novas unidades industriais, que serão apresentadas a aproximadamente 800 cooperados no domingo - são 6,5 mil ao todo e 3,1 mil funcionários que trabalham nas indústrias, nos armazéns e em suas lojas espalhadas pelo Estado.
Receitas - O esforço de investimento feito nos últimos dois anos deve contribuir, segundo Chavaglia, para incrementar as receitas da Comigo em cerca de 7% este ano, atingindo a marca de R$ 2,8 bilhões. Recentemente, a Comigo incorporou cooperativas menores e ingressou em três novas cidades goianas.
Recursos - O novo parque industrial foi estruturado com capital próprio da cooperativa e com financiamentos tomados junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A unidade que mais consumiu recursos foi uma nova esmagadora de soja para fabricação de óleo e farelo de soja, cuja construção demandou R$ 79,6 milhões, usados para triplicar para 3 mil toneladas a capacidade diária de esmagamento da Comigo. Essa unidade irá se somar à outra já existente, que processa 2,5 mil toneladas por dia.
Soja - O segmento de derivados de soja, cujo carro-chefe é o farelo, responde hoje por 65% de tudo que a Comigo fatura anualmente. Chavaglia observa que o atual preço da soja, cotada a R$ 55 a saca em Goiás na safra 2014/15, projeta um horizonte incerto para esse mercado. No ciclo 2013/14, esse valor era de R$ 60. "Nosso parque industrial estava obsoleto, agora estamos preparados para esmagar mais soja e agregar mais valor, mas vai depender do comportamento da cotação internacional", diz o dirigente.
Derivados - Além dos R$ 213,5 milhões investidos nas unidades que serão inauguradas domingo, a Comigo também desembolsou R$ 400 milhões nos últimos quatros, segundo Chavaglia, para aumentar gradativamente a sua capacidade agroindustrial, principalmente em derivados de soja. Os investimentos constantes, apesar de períodos incertos para a economia, podem ser explicados pela cultura dos cooperados de reinvestir boa parte dos lucros na própria cooperativa, diz ele.
Exportação - Segundo presidente da Comigo, se o mercado consumidor nacional não absorver toda a produção da cooperativa, como tem acontecido nos últimos anos, a cooperativa pode voltar a exportar parte de seu farelo ou óleo provenientes da soja. Atualmente, as vendas de óleo de soja da cooperativa atendem especialmente o varejo de Minas Gerais, São Paulo e do próprio Estado de Goiás.
Fertilizantes - No segmento de fertilizantes, o investimento da Comigo foi de R$ 44 milhões, com o objetivo de dobrar a oferta de adubos para atender exclusivamente os produtores rurais associados. Agora a nova misturadora de matéria-primas utilizadas para a fabricação de fertilizantes à base de potássio, fosfato e nitrogênio, poderá produzir cerca de 200 mil toneladas por ano.
Rações - Com a nova fábrica de rações, a Comigo irá incrementar a atual produção do segmento voltado para aves e suínos. Além disso, passará a processar rações para animais domésticos como cães, gatos e peixes, equinos e coelhos, mercado totalmente inédito para a Comigo. O orçamento para promover essa ampliação foi de R$ 30,4 milhões, e a agora a fábrica poderá produzir 120 toneladas por hora.
Leite - A Comigo também ampliou seu laticínio, que além de derivados lácteos como manteiga, bebidas lácteas e queijo, passa também a atuar no setor de leite longa vida.
Dúvidas - A Comigo não é a única cooperativa goiana que deverá suspender investimentos em expansão de capacidade produtiva em 2015. Haroldo Max, presidente da OCB Goiás, entidade que representa as cooperativas do Estado, afirma que, na média, se houver crescimento de faturamento para as cooperativas locais não será algo expressivo. "As dúvidas que afetam o setor do agronegócio como um todo também chegam às cooperativas. Os investimentos vão ser afetados", diz. (Valor Econômico)
Valor Economico/Sistema Ocepar
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