quarta-feira, 02 de abril, 2014

Strada bate Gol nas vendas de março

Uma picape conseguiu derrubar o domínio dos hatches compactos e foi o carro mais vendido do país no mês passado, impondo uma dura derrota ao Gol, o tradicional veículo da Volkswagen líder do mercado brasileiro há quase três décadas. Renovada no fim do ano passado, com o lançamento de uma versão três portas na carroceria de cabine dupla, a Strada, fabricada pela Fiat, encabeçou o ranking dos modelos mais emplacados em março, com mais de 13 mil unidades vendidas.
O volume supera não apenas o Gol, que caiu para a terceira colocação, com os 12,5 mil carros licenciados no mês passado, mas também o Palio, igualmente da Fiat, que ficou em segundo lugar na corrida, com 160 carros a menos (veja gráfico). Há 14 anos, a Strada é o modelo mais vendido entre os utilitários leves, mas pela primeira vez lidera o ranking geral e consegue "furar" o trio de ferro formado por Gol, Uno e Palio.

Isso foi possível porque, enquanto os carros de passeio são prejudicados pela retração de consumo no varejo, a picape da Fiat consegue superar a situação com vendas a empresas para o transporte de pequenas cargas. No primeiro trimestre, quando o mercado como um todo caiu cerca de 2%, as vendas da Strada avançaram quase 42%.
Por outro lado, as vendas do Gol, em igual período, caíram cerca de 16%. Sem sua versão mais barata - Gol G4, que saiu de linha com a obrigatoriedade de airbags e freios ABS nos carros -, o Gol também perde espaço com a migração de consumidores fiéis da Volkswagen para o Up!, o subcompacto lançado recentemente pela marca alemã, ou até mesmo para o Fox. "Esses modelos estão em faixas muito próximas de preços. Então, nada impede que um acabe migrando para outro", diz Raphael Galante, analista da Oikonomia.
Ainda é cedo para se projetar o fim do domínio do Gol. Mesmo com a derrota de março, o carro se manteve na liderança no acumulado do trimestre, com mais de 48 mil unidades licenciadas nos três meses. Porém, a queda nas vendas do compacto, junto com o fim da produção da Kombi e o desempenho negativo de outros modelos populares, como o Fox, já custa para a Volkswagen a perda da segunda colocação em vendas para a General Motors (GM). Nos três primeiros meses do ano, a GM mordeu 17,7% das vendas totais de carros de passeio e utilitários leves, enquanto a marca de origem alemã ficou com 17,5% do mercado.
A Volkswagen diz que, em meio à renovação de seu portfólio, é natural que as vendas, em determinado momento, não acompanhem mês a mês a evolução do mercado. A montadora atribui ainda a queda nas vendas do Gol ao fim da produção do G4. "As vendas do novo Gol permanecem exatamente com a mesma participação de mercado dos últimos meses", diz a empresa.
Em março, as vendas de veículos novos no Brasil tiveram o resultado mais fraco em 13 meses, revertendo o desempenho recorde registrado pela indústria no primeiro bimestre. No total, 240,8 mil unidades - entre carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus - foram emplacadas no mês passado, uma queda de 15,2% na comparação com o volume de um ano atrás e de 7,2% em relação a fevereiro. O setor não mostrava volume tão baixo desde fevereiro do ano passado, quando 235,1 mil veículos tinham sido licenciados.
O mercado, que crescia 4,6% até fevereiro, fechou o trimestre acumulando queda de 2,1%, conforme números preliminares, sujeito a leves ajustes. O desempenho de março foi comprometido pelo feriado de Carnaval, que tirou pelo menos dois dias de venda, mas também confirmou a desaceleração do consumo após a retirada de parte dos descontos do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).
Para piorar, as vendas de caminhões, de 9,1 mil unidades no mês, seguiram muito fracas, marcando queda de 26% em relação a março de 2013. A MAN, montadora dos caminhões da marca Volkswagen, vai afastar, por pelo menos cinco meses, 200 empregados da fábrica de Resende, no sul do Rio de Janeiro, para ajustar a produção. O acordo, fechado ontem com o sindicato dos metalúrgicos, suspende os contratos desses trabalhadores a partir de 17 de abril. No Paraná, a Renault cortou pela metade - de 60 para 30 carros por hora - a produção do terceiro turno.
Valor Econômico - 02/04/2014
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