terça-feira, 15 de abril, 2014

Nissan abre fábrica em meio à queda nas vendas

A Nissan celebra hoje a inauguração de sua fábrica em Resende, sul do Rio de Janeiro, numa cerimônia com a presença da presidente Dilma Rousseff e do chefe mundial da marca, o brasileiro Carlos Ghosn. Com a produção local, a montadora espera superar limitações ao crescimento - provocadas por restrições nas importações do México - e ganha fôlego para alcançar a meta de 5% do mercado brasileiro até 2016.
O momento, porém, não é dos melhores. Se há três anos, quando decidiu investir no projeto, o mercado vinha num ritmo de crescimento de dois dígitos, agora, ao inaugurar sua fábrica, a empresa se vê diante de um cenário de acomodação da demanda, avanço dos estoques e ociosidade na indústria.

Questionado em janeiro se a montadora havia se arrependido de desembolsar R$ 2,6 bilhões no empreendimento, Ghosn procurou demonstrar otimismo, ao dizer que as perspectivas para o consumo de carros no Brasil ainda são positivas no longo prazo.
Mas, para outros executivos do setor, a chegada dessa fábrica não deixa de trazer preocupação, por "jogar" numa indústria altamente estocada uma capacidade de produção adicional de 200 mil carros por ano. A linha da Nissan, porém, é apenas a primeira de uma leva de fábricas que entrarão em operação num intervalo de tempo inferior a dois anos. Depois dela, virão unidades da Chery, da JAC Motors, da Fiat e da Honda, além de quatro marcas de luxo que terão produção local: BMW, Mercedes-Benz, Audi e Jaguar Land Rover.
Portanto, mais marcas vão disputar, com veículos montados no país, um mercado que vem diminuindo de tamanho, o que aumenta o risco de excesso de capacidade, com implicações negativas sobre preços, uso de capacidade instalada e margens de rentabilidade dos fabricantes.
As vendas da Nissan caem neste ano mais do que a média da indústria. Enquanto o mercado registrou queda de 1,7% no primeiro trimestre, os emplacamentos da marca japonesa recuaram 21,7% em igual período, para um total de 14,5 mil automóveis de passeio e utilitários leves.
Entre janeiro e março, a Nissan vendeu 4 mil carros a menos do que um ano antes. Essa perda de mercado, em valores absolutos, só não é pior do que as do trio de frente da indústria: Volkswagen, General Motors (GM) e Fiat. A participação de mercado da japonesa, que havia fechado 2013 em 2,2%, caiu, então, para 1,9%. Em 2012, seu melhor ano, a Nissan chegou a vender mais de 100 mil carros, um desempenho que lhe permitiu chegar perto de 3% das vendas totais no país.
De lá para cá, contudo, os volumes caíram significativamente, como reflexo, principalmente, da criação de cotas para as importações de veículos do México, de onde a Nissan traz mais de 70% dos carros que vende no Brasil - o restante é produzido na fábrica compartilhada com a parceira Renault no Paraná.
Em Resende, a montadora vai montar primeiro o hatch compacto March e, na sequência, também o sedã Versa. Aproximadamente 1,5 mil operários já trabalham no local.
A empresa quer se tornar a principal marca asiática do mercado brasileiro. Contudo, alcançar 5% das vendas totais até 2016 - a meta perseguida pela companhia - pode ser insuficiente para esse objetivo, levando-se em conta que a coreana Hyundai já alcançou 6% do mercado.
Além de carros, a Nissan vai produzir motores no parque industrial de Resende, atendendo, assim, às exigências de nacionalização de componentes cobradas pelo governo federal no novo regime automotivo. Na linha de propulsores, os investimentos são estimados em R$ 140 milhões, montante incluído no pacote de R$ 2,6 bilhões previsto para o país.
Conforme anunciou Carlos Ghosn em janeiro, a capacidade de produção será de 200 mil motores por ano, o suficiente para abastecer toda o potencial de montagem de automóveis.
Valor Econômico - 15/04/2014
Produtos relacionados
Ver esta noticia em: english
Outras noticias
DATAMARK LTDA. © Copyright 1998-2024 ®All rights reserved.Av. Brig. Faria Lima,1993 3º andar 01452-001 São Paulo/SP