quinta-feira, 10 de abril, 2014

Ford antecipa globalização da linha de veículos produzidos no Brasil

A Ford vai antecipar em um ano o programa de globalização de sua linha de veículos no mercado brasileiro. Até dezembro, todos os carros vendidos no país estarão alinhados à estratégia de plataformas globais de produção estabelecida pela montadora americana.
No Brasil, esse processo começou com o EcoSport, montado em Camaçari (BA) desde agosto de 2012. Depois, vieram a nacionalização do novo Fiesta no ABC paulista e, recentemente, a fabricação local da nova geração do Ka, em fase de pré-produção no complexo industrial da Ford na Bahia.
No meio do caminho, a linha antiga do Ka deixou de ser produzida no fim do ano passado, mesmo destino traçado para o Fiesta mais antigo, conhecido como Fiesta Rocam. A Ford ainda não se manifesta publicamente sobre o tema, mas, internamente, a aposentadoria do carro já é dada como certa após o lançamento, provavelmente em agosto, do novo modelo de entrada da marca: o novo Ka.
A globalização da linha inclui a retomada na produção das picapes da Série F em São Bernardo do Campo. Os demais modelos vendidos no país, importados da Argentina e México - como Focus, Fusion e a versão sedã do Fiesta -, já estão enquadrados na diretriz da matriz nos Estados Unidos, na qual veículos regionais dão espaço a carros que podem ser vendidos em diversas partes do mundo, com pequenas adaptações.
A meta colocada para a subsidiária brasileira permitia chegar aos 100% de globalização em 2015. "Quando fizemos o anúncio, alguns anos atrás, o ciclo era um pouco diferente. Mas foi possível acelerar isso", afirmou ontem o presidente da Ford na América do Sul, Steven Armstrong.
O executivo, contudo, disse que isso não significa o fim do ciclo de investimentos de R$ 4,5 bilhões definido para as operações no Brasil até o ano que vem. Ainda há, segundo ele, uma parcela desses recursos a ser direcionada a instalações e infraestrutura em 2015.
O último passo da Ford para colocar o Brasil dentro dos padrões de qualidade e tecnologia do grupo no mundo foi dado ontem com a inauguração de uma fábrica de motores no complexo industrial de Camaçari. A linha, que recebeu investimentos de R$ 400 milhões, vai equipar o novo Ka com motores 1.0 de três cilindros.
A exemplo do que fez a Volkswagen com o Up! - subcompacto produzido em Taubaté (SP) -, a tecnologia segue a tendência de motores cada vez mais compactos. Também vai ao encontro das exigências de eficiência energética colocadas pelo governo brasileiro como contrapartida aos incentivos fiscais concedidos pelo novo regime automotivo, conhecido como Inovar-Auto. Com a redução dos sistemas de propulsão, as montadoras conseguem fabricar veículos mais leves e, como consequência, mais econômicos.
O motor que a Ford começou a montar em fase de pré-produção na Bahia tem menos de 30 centímetros e pesa 85 quilos, conforme a empresa. "Parece até um brinquedo [...] e cabe numa mala de mão", como descreveu o engenheiro da Ford Volker Heumann.
Toda produção será inicialmente destinada à nova geração do Ka, mas a Ford adianta que a aplicação da tecnologia, combinada a equipamentos auxiliares para melhorar a potência dos motores, como o turbocompressor, pode ser futuramente estendida a carros maiores.
"Acho que a tendência dos motores de três cilindros chegará a diferentes produtos à medida que a tecnologia evoluir", comentou Armstrong. "Teremos de esperar, mas o motor em si já está pronto e temos capacidade para isso", disse o executivo ao ser questionado se a Ford vai trazer para o Brasil a tecnologia de motores turbinados, conhecida como EcoBoost - a mesma que deu origem aos propulsores de Camaçari. O custo dessas novas tecnologias ainda é tido como inviável dentro de um mercado sensível a preços, já que a aplicação dos motores de três cilindros começou por modelos populares.
O repórter viajou a convite da Ford
Valor Econômico - 10/04/2014
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