terça-feira, 08 de abril, 2014

Carro de luxo dribla trimestre ruim e bate recorde de vendas

A demanda por veículos no Brasil está em queda e o real perdeu valor em relação ao dólar nos últimos 12 meses, mas as importações de carros premium não param de subir. No primeiro trimestre, o trio alemão que encabeça esse mercado no mundo - BMW, Audi e Mercedes-Benz - cravou novo recorde de vendas no país, num momento em que as três montadoras preparam o terreno para o início da produção em território nacional.
Os incentivos concedidos pelo novo regime automotivo a novos investimentos - dando competitividade a esses carros -, mais a ampliação da linha de produtos e o crescimento da rede de revendas formam a combinação que está permitindo a essas marcas fugir da acomodação que atinge a maior parte do mercado.

As vendas da Audi mais do que dobram neste ano. Foram 2,8 mil carros emplacados só nos três primeiros meses, o que já significa 42% de todo o volume licenciado em 2013 (6,7 mil unidades) e também mais do que a marca vendia uma década atrás, quando a Audi produzia o modelo A3 na fábrica compartilhada com a Volkswagen no Paraná. "Isso mostra que, mesmo em um mercado difícil, ainda é possível crescer", diz o presidente da Audi no Brasil, Jörg Hofmann, ao comparar os números da marca com a queda de quase 2% registrada por toda a indústria brasileira durante o primeiro trimestre.
A meta da Audi é vender mais de 10 mil carros neste ano, o que significaria um expressivo crescimento de 50%. Hofmann atribui os últimos resultados a fatores como investimentos mais agressivos em publicidade, com o retorno de anúncios da Audi na TV aberta, e a ampliação da rede de concessionárias. Nos últimos 12 meses, a Audi abriu seis revendas, em meio a um plano de dobrar o tamanho de sua rede de distribuição em três anos, saindo de 30 para 60 lojas.
A Mercedes-Benz, que já tem 34 revendas de automóveis pelo país, quer abrir pelo menos mais sete até dezembro. As vendas da marca crescem cerca de 30% neste ano, somando mais de 2,4 mil carros no primeiro trimestre. Já os emplacamentos da BMW passaram de 3,6 mil unidades em igual período, 87,9% acima do volume de um ano antes. Esses avanços só foram possíveis com a flexibilização, em outubro de 2012, das regras do novo regime automotivo, aliviando a carga tributária para as marcas importadas, mas com planos de investir no Brasil.
Em comum, tanto a Audi como a BMW e a Mercedes estão erguendo fábricas no país. Por isso, durante as obras, elas podem importar grande número de automóveis sem pagar a sobretaxa de 30 pontos percentuais do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), criada há três anos pelo governo para proteger as montadoras já instaladas no Brasil.
A cota de importação é equivalente a um quarto da futura capacidade de produção. A Mercedes, por exemplo, terá uma linha no interior paulista capaz de montar 20 mil carros por ano. Assim, pode importar 5 mil automóveis por ano sem o IPI extra. O número chega perto de 10 mil veículos quando se inclui a cota que a montadora já tinha direito como fabricante de caminhões.
Livres da carga adicional do imposto, as marcas puderam suspender reajustes de preços aplicados antes das cotas, o que aumentou o acesso a seus carros. "Voltamos a ter preços próximos ao de modelos nacionais similares", afirma Dirlei Dias, gerente sênior de vendas da divisão de automóveis da Mercedes.
Segundo ele, o mercado de carros premium, com preços acima de R$ 100 mil, passará de 60 mil unidades neste ano. Há expectativa na indústria de que esse consumo ultrapasse 100 mil carros nos próximos cinco anos. Nessa expectativa, as três alemãs, mais a inglesa Jaguar Land Rover, investem quase R$ 2,4 bilhões em fábricas que vão somar 102 mil carros por ano em capacidade instalada.
Enquanto o mercado de luxo segue em alta, as marcas mais populares sentem a derrocada no consumo de automóveis. A participação de mercado das quatro grandes do pelotão de frente do mercado - Fiat, General Motors (GM), Volkswagen e Ford - cai neste ano para 66,9%, após fechar 2013 em 67,5%. Em valores absolutos, a Volks é, até o momento, a montadora que mais perde vendas. São 21,2 mil veículos a menos do que em 2013. Na outra ponta da tabela, Renault, Hyundai, Toyota e Honda registram alta nos emplacamentos.
Valor Econômico - 08/04/2014
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