terça-feira, 11 de março, 2014

Lindt vira sócia da Kopenhagen e terá lojas no Brasil

A marca suíça de chocolates Lindt terá lojas no Brasil, e a primeira unidade deve ser aberta em São Paulo até julho. O plano de negócios está sendo desenhado por uma joint-venture que inicia suas operações hoje, formada pela Lindt & Sprüngli e pelo grupo brasileiro CRM - dono da Kopenhagen e da Chocolates Brasil Cacau. O acordo foi assinado na sexta-feira, após dois anos de negociações.
Até agora, produtos da Lindt estão disponíveis no Brasil em lojas "duty free" em aeroportos e no grande varejo, distribuídos pela importadora Aurora Alimentos. Os novos espaços da marca terão um portfólio mais abrangente, de cerca de 200 produtos - todos importados. Além dos itens mais conhecidos dos brasileiros, como as trufas Lindor e os tabletes, serão vendidas opções para presente, pralinés (tipo de bombom com recheio de castanhas) e a linha jovem Hello. Segundo o presidente do grupo CRM, Celso Ricardo de Moraes, o preço médio dos produtos é semelhante ao da Kopenhagen - ambas as marcas estão no segmento premium.
A Lindt tem 51% da nova empresa que vai administrar as lojas da marca no Brasil. O restante pertence à dona da Kopenhagen. Num primeiro momento, os pontos de venda da marca suíça no país serão próprios, mas no futuro pode haver expansão por meio de franquias. A companhia suíça está presente em cerca de 100 países e um de seus modelos de negócios são as lojas.
O grupo CRM tem 820 lojas no Brasil, a maioria franquias. Suas vendas somaram R$ 760 milhões no ano passado, em alta de 42% em relação ao ano anterior. A companhia planeja encerrar este ano com mais de mil pontos e ultrapassar R$ 1 bilhão em faturamento.
A marca Lindt, criada há quase 170 anos, tem capital aberto na Suíça. Em 2013, as vendas cresceram 8% e somaram 2,88 bilhões de francos suíços (US$ 3,28 bilhões). A companhia tem oito fábricas nos Estados Unidos e na Europa.
Segundo Moraes, a companhia suíça tem buscado crescer em países emergentes, e o Brasil, terceiro maior mercado de chocolates do mundo, é uma das prioridades. Essa é a primeira joint venture da Lindt na América Latina, mas a marca está presente em quase todos os países da região por meio de parceria com distribuidores locais. Recentemente, a Lindt criou subsidiárias em outros países em desenvolvimento, como China e África do Sul.
Moraes, de 69 anos, comprou a Kopenhagen em 1996 das mãos da família fundadora que dá nome à marca. Sua filha, Renata, e o genro, Fernando Vichi, executivos do grupo, ficaram à frente das conversas com a Lindt. Antes de fechar o negócio, o time suíço esteve algumas vezes no Brasil, visitando as instalações da CRM e o mercado, inclusive o CEO, Ernst Tanner.
A Lindt vai enviar executivos de finanças, marketing e logística, que ficarão na sede do grupo CRM em São Paulo, uma luxuosa casa que pertencia à grife Daslu.
Para Renata Moraes, vice-presidente de marketing do grupo CRM, a decisão de criar a Brasil Cacau, rede com produtos mais baratos lançada em 2009, provou que o grupo consegue administrar negócios diferentes. No ano passado, essa marca dobrou de tamanho e já tem 490 lojas. No varejo, no entanto, a companhia não teve o mesmo sucesso. A linha de doces de chocolate Dan Top, adquirida em 2007, foi retirada do varejo no fim de 2011, mesmo ano em que o grupo anunciou investimentos para revitalizá-la. Segundo Renata, a prioridade da companhia nos últimos anos foi a Chocolates Brasil Cacau. "Além disso, vimos que era muito diferente uma operação de varejo". Mas o presidente do grupo afirma que pode reativar a marca mais para frente.
Segundo Renata, ter no portfólio lojas da Brasil Cacau, da Kopenhagen e da Lindt contribui para o amadurecimento do mercado de chocolaterias no Brasil. "A ideia é que o brasileiro que pensar em chocolates, de qualquer classe ou faixa etária, encontre uma opção fora do supermercado". Segundo Fernando Vichi, vice-presidente de finanças, "nas últimas duas Páscoas, vimos uma migração forte do consumidor do supermercado para as lojas especializadas."
A Lindt chegou a negociar com a Cacau Show, com 1,6 mil lojas, mas as conversas não avançaram, segundo fontes do mercado.
Valor Econômico - 11/03/2014
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