terça-feira, 07 de janeiro, 2014

Nissan vai produzir motores em fábrica no Rio

De longe já é possível avistar. Em letras garrafais, os seis caracteres em vermelho da marca, afixados recentemente num prédio administrativo, chamam a atenção de quem trafega pela rodovia Presidente Dutra e indicam que ali está surgindo uma fábrica da montadora japonesa Nissan.
Na sede administrativa, os primeiros funcionários começam a chegar hoje. Já na linha de montagem, aproximadamente 1,5 mil operários estão sendo treinados para montar os carros que serão feitos no local - primeiro o hatch compacto March e, na sequência, também o sedã Versa.
Embora a empresa evite divulgar uma data, informando que a inauguração acontecerá neste semestre, não falta muito para a fábrica entrar em operação. Ontem, o brasileiro Carlos Ghosn, presidente mundial, fez a primeira visita ao local e aproveitou para anunciar que a montadora também vai produzir motores no parque industrial que está construindo em Resende, no Sul Fluminense.
O prédio da fábrica de propulsores, assim como os demais setores - pintura, estamparia e soldagem - já foi erguido ao lado da linha de montagem de veículos. A Nissan vai desembolsar R$ 140 milhões para produzir propulsores no Brasil, montante incluído no pacote de R$ 2,6 bilhões em investimentos em Resende.
Se a fábrica de carros tem como objetivo transformar a Nissan na principal marca asiática do mercado brasileiro, alcançando, até 2016, participação de 5% nas vendas de carros, a linha de motores vai ao encontro das crescentes exigências de nacionalização cobradas pelo governo federal no novo regime automotivo.
O programa, conhecido como Inovar-Auto, atrela os descontos no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) ao uso de autopeças locais na produção de automóveis. Por isso, outras fabricantes, como a também japonesa Toyota e a chinesa Chery, também decidiram combinar a produção de novos modelos com investimentos na produção local de motores, que têm peso significativo no preço dos automóveis.
A linha da Nissan será capaz de produzir 200 mil motores por ano, o suficiente para abastecer toda a capacidade de produção de carros. A expectativa é que os propulsores comecem a ser produzidos ainda neste ano, possivelmente junto com a inauguração da fábrica.
Em Resende, serão produzidos motores 1.6 bicombustível (flex), com 111 cavalos de potência. A geração de empregos, apenas nesse setor, é estimada em 200 operários. Os motores 1.0 da marca continuarão sendo produzidos na fábrica compartilhada com a parceira Renault em São José dos Pinhais, no Paraná.
Em entrevista, Ghosn adiantou que metade dos componentes dos motores será nacional a partir do primeiro ano de produção. A ideia, segundo ele, é elevar esse índice gradualmente. Apesar da queda de 1,6% nas vendas de carros no Brasil em 2013 e de análises negativas sobre um possível excesso de capacidade na indústria após a arrancada de novas fábricas, o executivo ressaltou que a tendência para o mercado brasileiro segue positiva no longo prazo e que não se arrepende de investir no país.
"Quando tomamos a decisão de investir no Brasil não imaginávamos que o país teria um crescimento linear", disse. Questionado se a marca aceitaria, neste momento, realizar o mesmo investimento anunciado há pouco mais de dois anos - quando o mercado vivia uma fase de bonança -, o executivo foi enfático em dizer que "sim".
"Quando decidimos investir em algum país, não levamos em conta o que vai acontecer nos próximos dois ou três anos, mas, sim, um horizonte de 20 anos. Não tenho dúvidas que o mercado brasileiro seguirá evoluindo", afirmou Ghosn, justificando o otimismo ao índice relativamente baixo da motorização - ou seja, a proporção de veículos por habitantes - no Brasil.
A presença dos veículos na população brasileira é inferior, por exemplo, à de países como México e Argentina. Por isso, esse dado é, com frequência, usado por empresários e analistas para indicar o potencial de crescimento das vendas de carros no mercado brasileiro, que já é o quarto maior do mundo.
Ghosn disse que a montadora ainda não consolidou as previsões para as vendas de carros no Brasil em 2014, mas, ao contrário do que pensam muitos analistas, afirmou que a tendência é de um crescimento moderado do mercado.
Segundo ele, a aliança Renault-Nissan deve alcançar neste ou no próximo ano a marca de 10% das vendas de carros no Brasil. Depois disso, afirmou Ghosn, o objetivo é uma participação de 15% do mercado brasileiro.
"Nossa primeira meta era passar de 10%. Devemos conseguir isso em 2014 ou 2015. A partir de então, o objetivo será chegar aos 15%", afirmou, sem precisar em quanto tempo a montadora espera alcançar essa marca. Até 2016, as metas já anunciadas, separadamente, por Renault e Nissan projetam uma participação conjunta de 13%. A Renault almeja 8% das vendas, enquanto a parceira japonesa Nissan quer 5%.
No ano passado, as duas responderam por 8,8% dos carros de passeio e utilitários leves licenciados no Brasil, ainda atrás da Ford, quarta colocada com 9,4%.
Valor Econômico - 07/01/2014
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