quarta-feira, 15 de janeiro, 2014

Analistas preveem guerra de preços

As fabricantes de cigarros Philip Morris, dona da Marlboro, e Souza Cruz, que comercializa a marca Dunhill, podem entrar em uma nova guerra de preços, informa relatório do Bradesco BBI. A Souza Cruz pode recuar de reajustes para não perder mercado, uma possibilidade que levou o banco de investimento a reduzir o preço-alvo das ações de R$ 32 para R$ 29, com potencial de valorização de 25%. Os papéis subiram 1,48% ontem, para R$ 23,22.
A Philip Morris informou que o preço do cigarro aumentou em nove Estados (São Paulo, Rio, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Distrito Federal, Goiás e Mato Grosso do Sul) no dia 13 devido ao Imposto sobre Produto Industrializados (IPI). Para os demais locais, a nova tabela vigora desde 2 de dezembro de 2013.
O reajuste da Philip Morris foi de 12% em 18 Estados, segundo o Bradesco, e nas demais localidades o preço do pacote do Marlboro subiu apenas 8%. A Souza Cruz elevou os valores de venda em 14% desde 31 de dezembro.
Para não arriscar perder a fatia de 10% do Dunhill no mercado premium brasileiro, a Souza Cruz pode recuar do repasse de 14%, informa o analista Gabriel Vaz de Lima do Bradesco. A participação do Marlboro no país é de 7,1%.
A estratégia não seria novidade. Em maio de 2012, após um aumento de impostos anunciado pelo governo, a Souza Cruz implementou uma alta de 24% nos preços, enquanto a americana Philip Morris elevou o valor de cada pacote de Marlboro em 17%. Ameaçada, a Souza Cruz reduziu os reajustes das marcas Dunhill, Free, Hollywood e Lucky Strike, de 24% para 22,8%, nos Estados com fatias de mercado mais relevantes.
"De fato, esperamos que a Souza Cruz diminua os preços nas regiões em que não foi seguida pela Philip Morris. Neste caso, o avanço de preços da Souza Cruz recuaria para 13%, ante os 14% implementados", informa o analista do banco. Se voltar atrás no reajuste de preços, Lima estima um impacto negativo de 3% no lucro por ação.
O aumento era esperado pelo mercado. A Receita Federal determinou que até 2015 a alíquota do IPI incidente sobre o tabaco sofra um avanço gradual. Neste ano, desde o dia 1º vale a taxa 15% maior, e o incremento chegará a 10% em 2015. A expectativa é que a medida leve o tributo a representar 67% do valor dos cigarros ao consumidor até o fim de 2015 - hoje, a parcela é de 65%.
Apesar da alta no tributo, o Brasil está longe de ter os maiores impostos mundiais para o tabaco. Os 65% embutidos no preço dos cigarros, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), ficam atrás de França (80%), Reino Unido (77%) e Itália (75%). Procurada, a Souza Cruz não se manifestou.
Valor Econômico - 15/01/2014
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