terça-feira, 06 de agosto, 2013

Eletrônicos vestíveis já são realidade

NOVA YORK – Os óculos do Google só serão lançados comercialmente no ano que vem, mas seu impacto já é sentido na indústria de tecnologia. Em um momento em que as vendas de smartphones e computadores desaceleram, fabricantes grandes e pequenos começam a desenvolver eletrônicos que podem ser “vestidos”, inaugurando uma nova categoria para estes setores tão dependentes de inovação tecnológica.
Esse movimento foi observado durante a Wearable Tech Expo (Exposição de Tecnologia Vestível), realizada há duas semanas em Nova York (EUA). Com cerca de 30 palestrantes, a conferência deu ideia do tipo de computador “vestível” que pode chegar ao consumidor.
O que antes parecia filme de ficção científica está mais próximo do que pensávamos. Muitos dos produtos apresentados na feira visavam a saúde e o bem-estar. Entre eles, estava o M-SporTracker, uma faixa para o braço que monitora o batimento cardíaco durante a atividade física. Associado a um aplicativo, ele armazena os dados coletados para futura avaliação.
Seguindo a mesma linha, outro destaque da feira foi o aparelho Shine, apresentado pela Misfit Wearables, cujo fundador vem ao Brasil este mês. Assim como outros monitores de atividade, as informações coletadas são transferidas para um aplicativo.
Google Glass: como funcionam os óculos do Google
Clique na imagem para ampliá-la. INFOGRÁFICO: William Mariotto
“As tecnologias vestíveis ainda estão sendo moldadas, mas já representam um enorme potencial para o mercado”, diz Rich Tehrani, presidente da Wearable Tech Expo.
O setor de tecnologia vestível ainda é incipiente, mas a previsão é de que movimente US$ 4,6 bilhões neste ano, de acordo com um estudo da consultoria britânica Visiongain. Entre os aparelhos citados pelo estudo, estão relógios inteligentes, sensores que geram relatórios sobre saúde, dispositivos para medir o desempenho de exercícios físicos e óculos de realidade aumentada, como o Google Glass.
Segundo o relatório, os óculos do Google devem “redefinir” o mercado de vestíveis e a Apple deve ser seu maior rival, com um possível relógio eletrônico que se conecta ao iPhone. “Acreditamos que o mercado de tecnologia vestível seguirá o mesmo paradigma que os smartphones e tablets, e que nos próximos cinco anos esses aparelhos terão um crescimento explosivo”, diz a consultoria.
Um outro estudo da empresa de pesquisas MarketsandMarkets prevê que as vendas desses produtos devem crescer 30,4% ao ano e vão a movimentar US$ 8,3 bilhões até 2018.
Versátil. Os aparelhos são vestidos como roupas e interagem diretamente com o corpo dos usuários. Por isso, eles têm sido uma tecnologia versátil, aberta a novas experimentações.
Um dos setores que mais avançam é o de produtos esportivos. A Nike, por exemplo, tem investido neste tipo de tecnologia e uma das apostas da marca são os eletrônicos vestíveis, como a pulseira FuelBand.
O aparelho é uma espécie de relógio que registra a atividade física diária e alerta, por meio de avisos luminosos, se o usuário está se movimentando o suficiente. Um site e um aplicativo analisam as informações de forma que o usuário compreenda melhor suas atividades físicas. “Nós queríamos achar um jeito de manter as pessoas motivadas e ativas”, diz o vice-presidente de esporte digital da Nike, Stefan Olander.
Mercado de vestíveis
Outro mercado impulsionado pelo crescimento das tecnologias vestíveis é o dos aplicativos. Como a maioria dos produtos serve para captar dados, nada mais natural do que o desenvolvimento de programas para smartphones que analisem as informações.
Especialista em criar aplicativos para óculos inteligentes, a SilicaLabs é a responsável pelo GlassFit, um software para o Google Glass que sugere rotinas de exercícios físicos. Além do aplicativo, a empresa criou também o SimpleWing, software gratuito de criação de apps para os óculos do Google. Quem aproveitou o lançamento para se inserir neste mercado em expansão foi a National Geographic, que criou um aplicativo que oferece imagens e manchetes de suas publicações digitais.
Ficção. A computação vestível tem servido de inspiração para projetos experimentais que beiram a ficção científica. A Innovega, empresa norte-americana que desenvolve dispositivos vestíveis, apresentou no início deste ano um protótipo de lentes de contato de realidade aumentada – a iOptik.
Associadas a uma armação de óculos, as lentes aplicam camadas de informação sobre a visão. Ainda sem previsão de lançamento, esta tecnologia promete ser melhor do que a desenvolvida pelo Google.
O projeto se assemelha à história do curta-metragem futurístico Sight, que retrata um personagem que usa uma lente de contato inteligente do tipo. Tudo é feito através das lentes. Ao cortar um legume, a lente projeta o tamanho exato dos pedaços que ele precisa cortar. Ao sair para um encontro romântico, ele puxa dados de redes sociais sobre seu par. Há um ano, quando o filme foi lançado, tecnologias assim pareciam distantes, mas hoje já estão mais próximas da realidade.
Estado de São Paulo - 04/08/2013
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