segunda-feira, 24 de junho, 2013

Plano é expandir fabricação local a novos produtos

Na fábrica da Canon em Oita, no sul do Japão, uma engenheira demonstra como se faz a soldagem dos circuitos internos de uma placa principal de câmeras digitais. A demonstração, meramente ilustrativa, serve para mostrar aos visitantes o trabalho feito por um robô desenvolvido pela própria Canon. O equipamento fica em uma câmara fechada e é capaz de soldar dez componentes por segundo. Em outro ambiente da fábrica são produzidas as lentes das câmeras. O processo, também automatizado, vai do aquecimento do vidro à junção das lentes para formar as objetivas.
Fundada em 1982, a unidade de Oita é considerada a principal fábrica de câmeras da Canon e produz 9,6 mil unidades por dia. A fabricante japonesa produz todos os componentes de suas câmeras, para garantir a qualidade dos produtos. Atualmente, mais da metade da produção é automatizada e boa parte dos equipamentos usados na ala industrial foram desenvolvidos pela companhia.
A tecnologia adotada em Oita será aplicada à fábrica que a Canon pretende inaugurar em julho, em Manaus. A unidade foi construída com investimento próprio de 100 milhões de ienes (R$ 2,8 milhões), com expectativa de produzir 700 mil câmeras em três anos. Os componentes para a montagem de câmeras digitais no Brasil serão fornecidos pelas fábricas da Canon em Oita e Nagasaki, ambas no Japão.
Integrar o estilo e a tecnologia japonesas à unidade brasileira é uma tarefa estimulante para Jun Otsuka, presidente da Canon do Brasil. O executivo começou a carreira na Canon em Tóquio, como estagiário, em 1982. Otsuka está há dez anos à frente da operação brasileira, mas seu primeiro contato com o país se deu na infância, quando trocou passes com Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, em uma visita que o jogador fez ao Japão. Não à toa, Otsuka torce para o Santos.
"Em julho, a Canon começa a produção de câmeras compactas e dá prosseguimento a estudos para a produção de outros equipamentos no país", afirmou Otsuka.
Por anos, a Canon atuou de forma indireta no Brasil, por meio das representantes Elgin e Opeco. No ano passado, a companhia passou a atuar diretamente, com a importação e venda para o varejo de câmeras compactas e profissionais. Além disso, contratou uma equipe para a prestar serviços de manutenção das câmeras.
Depois das câmeras digitais compactas, a Canon planeja, a partir de 2014, produzir linhas de câmeras profissionais (que permitem a troca de lentes) no país. O número de funcionários da fábrica será ampliado de 60 para cem pessoas. A ampliação das linhas profissionais no longo prazo dependerá da demanda no mercado brasileiro.
Outro projeto contempla a fabricação no país de equipamentos para impressão de mamografia, tomografia, ressonância, ultrassom e visualização em 3D, voltados para o setor médico. "A fabricação local da linha depende de aprovação da Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária]", disse o executivo.
O cenário econômico menos favorável no Brasil não desanimou a Canon. "Isso não vai mudar em nada os planos para o país", afirmou Otsuka. A produção em Manaus será totalmente destinada ao mercado brasileiro. "O custo de mão de obra no país não é tão competitivo quanto na Ásia e a logística para exportar a partir de Manaus é complicada", disse.
Apesar do alto de produção, produzir no Brasil compensa em função dos benefícios fiscais, que incluem redução de ICMS, PIS e Cofins (alíquota zero, ante 9,25%) e IPI zero (ante cobrança de 20%). Esses tributos, somados ao imposto de importação (alíquota de 20%), tornam o custo de produção 60% mais baixo que trazer câmeras digitais produzidas na Ásia.
A fábrica de Manaus é a primeira da companhia fora da Ásia. A Canon produz câmeras em sete unidades, sendo quatro no Japão e as demais na China, na Malásia e em Taiwan.
Valor Econômico - 19/06/2013
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