quinta-feira, 06 de junho, 2013

Panasonic revê projeção para filial brasileira

A retração do consumo alterou as perspectivas da Panasonic para sua operação brasileira. Em agosto de 2012, a multinacional japonesa projetava colocar o Brasil entre seus cinco principais mercados em 2015. Agora, isso se tornou "difícil", define Hidetsugo Uji, presidente da Panasonic para América Latina. "Nossa meta é que o mercado brasileiro seja um dos cinco principais, mas vemos a situação local de maneira mais severa do que em agosto passado", afirmou.
A empresa não detalha valores, mas informa que, em volume, cresceu 15% no país em 2012. No mundo, a Panasonic faturou 7,3 trilhões de ienes (cerca de US$ 72 bilhões) no ano fiscal encerrado em 31 de março de 2013, 7% a menos que no ano fiscal anterior - quando já tinha registrado queda de 10% em relação a 2011.
Uji diz que o Brasil está entre os 15 países com maior peso no faturamento global e deve continuar crescendo, mas a situação macroeconômica mudou. "No mercado brasileiro atual, existem alguns produtos cujo crescimento da demanda está desacelerando, ou cujo preço de mercado está caindo mais que o esperado", diz o executivo, se referindo principalmente aos valores de televisores.
Em 2012, o preço médio das TVs caiu 13%, segundo dados do IBGE, enquanto a inflação geral medida pelo IPCA subiu 5,8%. Entre janeiro e abril de 2013, o valor dos aparelhos no varejo teve ligeira alta de 0,57% (o IPCA aumentou 2,5%).
As TVs respondem por 40% da receita da Panasonic no Brasil e, segundo o executivo, a perspectiva é que as vendas cresçam por causa da Copa do Mundo em 2014. Aparelhos de som, pilhas, itens de linha branca e sistemas de vigilância, como câmeras, respondem, cada um, por cerca de 10% do mix.
A Panasonic não vai fazer novos investimentos significativos na operação brasileira em 2013, mas aproveitar os US$ 200 milhões que aportou aqui nos últimos três anos para alavancar as vendas de lavadoras de roupa, TVs e aparelhos para segurança. "Agora vamos operar. Não pensamos em investir mais em fábricas no momento, nem em linhas de produção", diz Uji. No ano passado, a empresa inaugurou uma fábrica de geladeiras e lavadoras de roupas em Extrema (MG), investiu em marketing, com a contratação do jogador Neymar e da modelo Fernanda Lima como garotos-propaganda, e ampliou a distribuição.
Na inauguração da unidade mineira, no fim de 2012, a empresa divulgou o plano de produzir lavadoras no local a partir de abril. Até agora, a fabricação não começou. A Panasonic não comentou alterações no cronograma e informou apenas que a produção do item será iniciada ainda este ano.
Além da desaceleração econômica, ele aponta outro entrave para um avanço mais forte da operação brasileira. "Tem a questão do protecionismo, o país não está 100% aberto ao comércio internacional. É diferente do México, por exemplo. Isso influencia na importação de produtos acabados. Para ter volume, tem que ter fábrica grande aqui, e isso exige investimento alto." A Panasonic importa a maioria dos componentes e não reajustou preços este ano, diz Uji.
A empresa tem três fábricas no país. Em Manaus, faz micro-ondas, câmeras e TVs; em São José dos Campos (SP), pilhas e baterias; e em Extrema, geladeiras e, até o fim do ano, lavadoras de roupa. (LC)
Valor Econômico - 31/05/2013
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