Coletek traz ao país tablet popular da Rússia

Em 15 de fevereiro, quando um meteorito cruzou o céu de Chelyabinsk, nos Montes Urais, na Rússia, o mundo pôde assistir o fenômeno a partir da gravação de câmeras instaladas nos para-brisas dos carros. "Foram as câmeras da nossa marca, Prestigio, que filmaram o meteorito", disse ao Valor, o gerente-geral da Prestigio no Brasil, Jaime Paez. Pertencente ao grupo Asbis, que distribui produtos de informática, e tem negócios concentrados na Rússia, a divisão Prestigio planeja popularizar sua marca no país não com as câmeras DVRs, comuns no mercado russo, onde as gravações costumam servir de prova em casos de colisão. A meta da Prestigio é se tornar, no Brasil, a primeira opção de tablet para quem não pode comprar um modelo Apple ou Samsung.
A multinacional Asbis nasceu em Varsóvia, está presente em mais de 40 países e desembarcou este ano na América Latina. O objetivo da companhia agora é explorar a crescente demanda por tablets no Brasil. Segundo a consultoria IDC, o mercado brasileiro de tablets vai quase dobrar este ano, para cerca de 6 milhões de unidades, sendo que 44% das vendas são de itens que custam menos de R$ 500. A Prestigio acaba de fechar um acordo com a brasileira Coletek, fabricante e distribuidora de acessórios de informática de Varginha (MG), dona da marca C3 Tech, que vai montar os aparelhos. Para isso, investe US$ 5 milhões.
Em agosto, a Coletek vai lançar no mercado dois modelos de tablets da Prestigio, de 7 polegadas, que chegam com preços entre R$ 400 e R$ 700. Os aparelhos apresentam o sistema operacional Android instalado e com atualização automática, licença do pacote Office Pro, da Microsoft, e acesso a uma biblioteca digital de 620 mil livros, em várias línguas, inclusive português. "Estamos negociando com parceiros brasileiros para ampliar esse conteúdo em mais 20 mil ou 30 mil títulos", disse Paez.
A Prestigio também pretende trazer leitores de livros digitais este ano, que custarão metade do preço do tablet e, em 2014, smartphones. "Nós começamos no mercado de smartphones este ano e vamos encerrar 2013 com cerca de 1 milhão de unidades vendidas", afirmou Paez, que projeta vendas de 2 milhões de unidades de tablets no mundo, sem considerar o Brasil, para o mesmo período. Tanto os leitores de livros digitais quanto os smartphones também estarão equipados com o pacote Office, o Android e o acesso à biblioteca virtual. A empresa também planeja trazer as câmeras DVR para o Brasil, para uso em carros, motos e bicicletas, disse.
Os produtos que chegam em agosto são importados e estarão restritos em um primeiro momento ao pequeno varejo. "As grandes redes exigem uma margem muito grande que comprometeria o nosso preço final", disse Deise Somayana, gerente de marketing da Coletek. A partir do início da produção local, com os benefícios fiscais, a Prestigio poderá estar presente no grande varejo, disse Deise. A empresa também pretende entrar com o pedido de processo produtivo básico para os tablets. Com os fones de ouvido como principal produto, a Coletek registrou receita de R$ 110 milhões em 2012. A empresa é a principal distribuidora no país da Logitech.
A meta da Prestigio é atingir 5% do mercado brasileiro de tablets no ano que vem. Para isso, terá que enfrentar a DL, líder nacional em vendas de tablets, com aparelhos na faixa de R$ 399.
Até o ano passado, a Prestigio tinha o GPS como principal produto. "Mas é um produto com tempo de vida curto, mais uns dois anos, porque o tablet já tem a função de GPS", afirmou Paez. Depois que entrou no mercado de tablets, esse aparelho passou a liderar as vendas da multinacional russa, que faturou US$ 1,7 bilhão no ano passado. Para este ano, a projeção é de vendas de US$ 2 bilhões. A empresa não tem fábricas - terceiriza toda a sua produção. Sua equipe de desenvolvimento de produtos soma 50 engenheiros, que se dividem entre as cidades de Shenzhen e Hong Kong, na China.