Natura amplia portfólio e terá novo presidente do conselho

SÃO PAULO - A Natura, maior fabricante de produtos de beleza do país, está passando por mudanças. A empresa decidiu abrir uma nova linha de negócios.
A companhia incluiu em seu objeto social, segundo ata da assembleia geral extraordinária realizada na sexta-feira, a possibilidade de explorar o comércio, importação e exportação de três novas categorias de produtos que não constavam de seu estatuto: aparelhos elétricos de uso pessoal, artigos para bebês e crianças e artigos de cama, mesa e banho”. Além de produtos de beleza, higiene, toucador, e cosméticos, a companhia também pode, segundo o estatuto, vender “artigos de vestuário, joias, bijuterias, artigos para o lar, alimentos, complementos nutricionais, softwares, livros, material editorial, produtos de entretenimento, produtos fonográficos, medicamentos, inclusive fitoterápicos e homeopáticos, drogas, insumos farmacêuticos e saneantes domissanitários”.
A ata da assembleia realizada na sexta-feira informa que a possibilidade de comercializar, importar e exportar esses tipos de produto foi incluída no objeto social de seu estatuto. Como isso será feito e a partir de quando são questões em estudo na companhia.
A decisão de ampliar o portfólio aproxima a Natura de outras empresas que atuam no mercado de venda por catálogo no país como Avon, Jequiti (do grupo Silvio Santos) e Hermes.
O mercado de produtos de beleza tem registrado, nos últimos anos, um crescimento robusto no país. Mas o consumidor neste início de 2013 mostra-se mais retraído. No ano passado, a Natura perdeu mercado no segmento de higiene pessoal. Alessandro Carlucci, presidente da Natura, informou, em 8 de fevereiro, que houve um crescimento “desproporcional” das categorias de desodorantes e xampus, impulsionado por movimentos de dois ou três empresas que vendem no varejo. "O varejo tem uma dominância e continuará a ter nessas categorias", disse.
O executivo afirmou que, nesses produtos de uso diário, a Natura não será líder, mas pretende ser “relevante”. Na ocasião, ele disse que “o sentimento é que neste ano [o mercado] começou um pouco mais lento, um pouco abaixo das nossas expectativas”, afirmou. Em relação à perda de participação de mercado, o executivo disse estar tranquilo. “Temos um ‘pipeline’ bom e uma série de iniciativas que nos fazem pensar que vamos ter um bom ano.”
O Valor procurou detalhar a nova estratégia junto ao comando da Natura, mas a companhia diz estar em “período de silêncio pois vai divulgar os resultados do primeiro trimestre no dia 24 de abril”.
Mudanças administrativas
Também na sexta-feira, a empresa criou o cargo de presidente do conselho de administração. Atualmente, os fundadores Pedro Passos, Luiz Seabra e Guilherme Leal dividem o comando do conselho, no cargo de copresidente.
A decisão não significa que os fundadores sairão do conselho. A companhia esclareceu hoje ao Valor que está marcado para o dia 23 de abril a eleição do novo presidente do conselho. Está indicado para tal posição o conselheiro Plínio Villares Musetti. Para ser confirmado, ele precisa ter cinco votos.
A Natura tem nove membros no conselho, sendo três independentes. Passos, Seabra e Leal foram reeleitos para mais um mandato, até 2014, quando será realizada uma nova assembleia geral ordinária. Os conselheiros Luiz Ernesto Gemignani, Roberto Oliveira de Lima, Marcos de Barros Lisboa (os três independentes), Julio Moura Neto, Raul Gabriel Beer Roth e Musetti também foram reeleitos.
O comando executivo da Natura continua com Alessandro Carlucci, que está com mandato até 5 de fevereiro de 2016.