segunda-feira, 08 de abril, 2013

Idec reprova todas as marcas de queijo pesquisadas

Foram avaliadas 25 amostras de queijos de 15 marcas (Almeida, Almeida Light, Cana do Reino, Cascata, Cascata Light, Cristina, Cristina Light, Cruzília, Dia, Dia Light, Fazenda Bela Vista, Ipanema, Ipanema Light, Montesanina, Puríssimo, Puríssimo Light, Quatá, Quatá Light, Santa Clara 85%, Santa Clara SanBios, Santiago, Santiago Light, Tirolez, Tirolez Light e Vernizzi) e todas foram reprovadas.
A pesquisa do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), ocorreu entre dezembro de 2012 e janeiro de 2013. Em relação às quinze marcas de queijo minas frescal pesquisas, o estudo apontou que eles são mais gordurosos e têm menos proteínas do que declaram, e ainda podem provocar uma intoxicação alimentar.
O teste foi feito em laboratório especializado, com 25 amostras de queijo minas frescal (light e integral) e identificou coliformes fecais acima do limite permitido em cinco delas. As marcas reprovadas no quesito qualidade sanitária foram: Almeida, Almeida Light, Cascata, Santiago Light e Verinizzi.
Para Ana Paula Bortoletto, pesquisadora e nutricionista do Idec, apesar de nenhum outro micro-organismo (patogênico ou não) ter sido detectado, o nível de contaminação por coliformes de origem fecal foi alto.
Análise nutricional
Em outra etapa, o teste verificou a quantidade dos principais nutrientes presentes nesse tipo de queijo: proteínas, gorduras (totais, saturadas, insaturadas e trans), cálcio e sódio. Os valores detectados foram comparados com os declarados na tabela nutricional presente na embalagem dos produtos. Além disso, foi observado se as informações do rótulo seguem as normas da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
A conclusão foi de que as empresas informam incorretamente a quantidade de nutrientes no rótulo. Alguns têm muito mais gorduras do que declaram, e das nove marcas que se dizem light, oito não são.
As maiores variações entre o valor do rótulo e o real foram identificadas nos queijos light. O pior caso foi o do Dia Light, que tem 932% mais gorduras totais em relação ao que é declarado na embalagem. Quase dez vezes mais.
No geral, os produtos apresentam discrepância em mais de um nutriente. O queijo Santiago Light, por exemplo, informa valores muito diferentes do que realmente tem em sua composição para gorduras totais, saturadas e insaturadas, e também para sódio.
Quando se trata de proteínas, o descompasso é generalizado e afeta tanto os light quanto os integrais: em 19 das 25 amostras a quantidade real do nutriente é menor que a informada no rótulo.
"A imprecisão generalizada das informações nutricionais revela um descontrole no processo de fabricação desses produtos e de sua rotulagem”, destaca Carlos Thadeu de Oliveira, gerente técnico do Idec.
Os light
Os queijos Puríssimo Light e Santiago Light vão além: o teste identificou que o teor de gorduras totais deles é maior que o dos produtos convencionais da mesma marca. A versão light da marca Puríssimo tem 9,1% mais gorduras totais que o integral; no caso dos queijos Santiago, a diferença é de 0,6% a favor do integral. O Dia light contém praticamente a mesma quantidade de gorduras totais que seu similar integral: o primeiro tem 5,16 g de gorduras totais por porção, e o segundo, 5,30 g.
Anvisa e Ministério da Agricultura
Para a Anvisa, apesar da quantidade limitada de queijos testados, chama a atenção a alta incidência de amostras com problemas. “Os resultados apresentados pelo Idec serão avaliados e as medidas fiscais cabíveis serão adotadas”, promete a agência, por meio de sua assessoria de imprensa. De acordo com o órgão regulador, a legislação sanitária não exige que os fabricantes apresentem laudos que atestem a composição físico-química dos alimentos, mas eles são responsáveis pela qualidade dos produtos que ofertam, bem como pelas informações veiculadas nos mesmos.
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) vai analisar o resultado do teste realizado pelo Idec e solicitar que os órgãos estaduais fiscalizem as empresas envolvidas.
As fabricantes
As empresas responsáveis pelas marcas Cruzília, Fazenda Bela Vista e Vernizzi alegaram que seus produtos estão de acordo com as normas de rotulagem, pois a RDC nº 360/2003 da Anvisa estabelece tolerância de 20% para mais ou para menos dos teores declarados no rótulo. Elas disseram também que a quantidade de gorduras insaturadas não deveria ser questionada pelo Idec porque sua declaração não é obrigatória.
A responsável pela marca Cristina Light informou que encaminhou amostras do produto para análise e que, se for comprovado que a rotulagem nutricional está incorreta, tomará providências imediatas para sua adequação.
A Tirolez, além de também defender que a tolerância para o teor de nutrientes declarado no rótulo é de 20% para mais ou para menos, justificou que a variação de gorduras saturadas no queijo convencional da marca deve-se à perda de soro decorrente de mudanças na temperatura de refrigeração do produto. Quanto à discrepância no teor de gorduras totais, saturadas e insaturadas na versão light, disse que os resultados do teste do Idec não condizem com o histórico da empresa, que faz análises periódicas, e enviou laudos de maio de 2011 e outubro de 2012.
A responsável pela marca Dia Light avisou que notificou todos os funcionários envolvidos, que solicitou ao Serviço de Inspeção Federal a análise do produto e que adotará todas as medidas necessárias para que o fato não volte a ocorrer.
As donas das marcas Cana do Reino, Puríssimo e Purríssimo Light disseram que vão alterar o rótulo.
A responsável pelas marcas Almeida e Almeida Light afirmou que desde janeiro deste ano substituiu a empresa terceirizada que produz os queijos, pois já havia identificado problemas no processo de fabricação.
Uma empresa, responsável por duas marcas reprovadas (Santiago Light e Cascata), não havia respondido até a divulgação da pesquisa pelo Idec.
Supermercado Moderno
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