Duratex investirá R$ 750 mi em nova planta de painéis

Ponto fora da curva no mercado de materiais para construção - que registrou crescimento de apenas 1% em 2012, abaixo do esperado pelo setor -, o grupo Duratex comemora o crescimento do lucro líquido registrado em 2012, de 22,6% em relação ao ano anterior. A expansão, no entanto, acendeu a luz vermelha sobre o limite de capacidade da empresa de louças e metais sanitários (selo Deca) e de painéis de madeira. Por isso, a companhia decidiu investir - além dos R$ 660 milhões já programados para 2013 para finalizar os projetos de novas plantas e ampliação das já existentes - na construção de uma nova fábrica de painéis de madeira. O novo aporte está previsto em até R$ 750 milhões em uma unidade ainda sem local definido.
"Ganhamos market share no segmento de painéis e estamos próximos do topo de nossa capacidade, o que justifica os investimentos", afirma o diretor-presidente da Duratex, Henri Penchas. Neste ano, a companhia deve inaugurar as plantas da divisão de madeira em Taquari (RS) e Itapetininga (SP), e da marca Deca em Queimados (RJ). "A unidade do Rio está bem localizada, pois a demanda deve aumentar muito na região, principalmente, em função dos jogos da Copa e da Olimpíada", diz Penchas.
Em 2012, a Deca cresceu mais de 7% em faturamento na comparação com o ano anterior, índice bem acima do registrado pelo setor, que foi de um crescimento de apenas 1%. "Os lançamentos imobiliários de dois anos atrás ainda refletem em nossas vendas. Podemos dizer que estamos defasados na cadeia em até 30 meses", diz Penchas. Isso porque a fase de instalação de louças e metais sanitários é uma das últimas na construção de um imóvel, explica o executivo.
A produção da Deca cresceu 1% no ano passado em relação a 2011, para 25,7 mil peças. O negócio de louças e metais sanitários representa cerca de 33% do total da receita líquida da Duratex. "Podemos dizer que a Deca é um objeto de desejo. Temos uma marca bastante consolidada no mercado", destaca Penchas.
Perspectivas
Os executivos da Duratex afirmam que a companhia deve crescer pelo menos duas vezes o Produto Interno Bruto (PIB) em 2013. "O grupo tem crescido nesse ritmo nos últimos anos, e na divisão Deca o crescimento tem sido ainda maior", afirma o diretor-executivo-financeiro e de relações com investidores, Flavio Donatelli. Ele destaca que, ainda que os lançamentos imobiliários desacelerem neste ano, a perspectiva é otimista. "Cerca de dois terços de nossas vendas são para reforma e reposição, mercado que continua forte", diz Donatelli.
A Duratex mantém sigilo acerca da nova planta de painéis, que deve ficar pronta em 2015, mas garante que continua olhando o mercado para potenciais aquisições. "Estaremos de olho sempre que houver oportunidade para agregar valor e otimizar custos de produção", diz Penchas. No ano passado, a Duratex investiu cerca de R$ 200 milhões em aquisições, e em janeiro deste ano comprou a Thermosystem, fabricante de chuveiros eletrônicos e sistemas de aquecimento solar.
O presidente da Duratex ressalta que, se o País crescer de 3,5% a 4%, como projeta o governo para os próximos anos, o Brasil vai consumir cerca de 500 mil metros cúbicos de painéis anualmente, o que demandará uma nova fábrica por ano. "Estamos otimistas."
Penchas destaca ainda que a marca Deca, amplamente consumida pelas classes A e B, tem como premissa atingir a todas as camadas. "Temos produtos para todas as classes", garante. Ele complementa que o mercado interno continua sendo o destino de quase toda a produção da Duratex. "Exportamos apenas 4% de nossos produtos", diz Penchas.