segunda-feira, 16 de dezembro, 2013

Montadoras se preocupam com futuro da indústria local

Há mais de uma década, a indústria automotiva não vivia um ano tão magro. Após um ciclo de crescimento anual expressivo desde meados de 2004, agora o setor se vê diante de um cenário desafiador, principalmente por conta do aumento significativo da capacidade instalada. As próprias montadoras já têm questionado se a demanda brasileira será sustentável e conseguirá justificar os investimentos realizados no País.
"Nos últimos anos, o mercado automotivo brasileiro se manteve praticamente blindado a qualquer crise. Mas este ciclo chegou ao limite", avalia o CEO da Chery do Brasil, Luis Curi, em entrevista ao DCI. De acordo com o executivo, a palavra que define este mercado hoje, no País, é concorrência. "Além das empresas terem que lidar com a queda das vendas, precisamos enfrentar ainda o aumento expressivo da concorrência", diz Curi.
A norte-americana Ford também enxerga o crescimento da competição interna - na forma de investimentos tanto de novas entrantes quanto de montadoras já instaladas no Brasil - como um desafio que o mercado nacional precisa vencer.
"Uma das nossas grandes preocupações é o aumento da capacidade instalada no País", afirmou nesta quinta-feira (12) o vice-presidente de relações governamentais e assuntos corporativos para a América do Sul da Ford, Rogelio Golfarb. O executivo avalia que o crescimento das vendas deverá ser mais "modesto" nos próximos anos, o que pode prejudicar a produção. "Se o ritmo continuar como hoje, podemos ter até 40% de ociosidade em meados de 2017", diz.
De acordo com a consultoria IHS, o crescimento médio anual da indústria automotiva brasileira, entre 2004 e 2013, foi de 10,5%. Para os próximos anos, no entanto, esse quadro deve mudar. Segundo o executivo da Ford, a expansão do mercado automotivo nacional deve ser bem mais modesta. "Estamos entrando em um novo ciclo", diz. Golfarb espera para o País, em 2014, um avanço das vendas entre 1% e 2%.
Fechamento do ano
O CEO da Chery afirma que 2013 foi difícil não só para as montadoras com fábricas no País, mas para as novas entrantes também. "Foi um ano de sustos e ajustes. Todos sofremos", lamenta Curi.
O dirigente da Ford destaca que a restrição ao crédito contribuiu muito para a queda das vendas domésticas. "Existe uma clara tendência de desaceleração das vendas e o aperto ao crédito contribuiu para o quadro", ressalta Golfarb. Ele afirma ainda que a Ford foi cautelosa ao adequar os estoques e a companhia deverá fechar o ano com "crescimento discreto". "Temos esperança que 2014 será melhor", completa o executivo. Golfarb estima que a Ford deve fechar 2013 com cerca de 9,5% de market share.
A Chery contou ainda com um agravante em 2013, pois ficou os seis primeiros meses do ano com vendas comprometidas devido a um atraso na transferência total das operações de sua representante no País para a montadora.
"Se não fosse este atraso, teríamos atingido nossa meta de vendas", destaca Curi. A companhia projetava comercializar, em 2013, 20 mil unidades. Porém, com a paralisação dos negócios, as vendas atingiram apenas 10 mil automóveis, o que representa 0,5% de participação de mercado. A meta da companhia é atingir 3% de share nos próximos anos.
Para 2014, a Chery deve começar a produzir os primeiros veículos no segundo semestre, na planta que está sendo construída em Jacareí (SP). "Já temos 67% da fábrica pronta e o ritmo das obras está cada vez mais acelerado", destaca Curi. Agora, com a operação normalizada e a perspectiva da unidade fabril, a montadora chinesa espera comercializar 30 mil unidades no ano que vem.
"Já estamos preparados para 2014, que deve ser um ano atípico, com eleições e Copa do Mundo", diz o executivo. Inclusive, a Chery já avalia a construção de um centro de pesquisa e desenvolvimento no País, possivelmente em Jacareí, para dar suporte à produção local. Curi afirma, no entanto, que é cedo para falar em investimentos.
Ainda recentemente, a Chery anunciou um aporte de US$ 138 milhões para a construção de uma unidade de motores para abastecer a produção da montadora no Brasil.
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