quinta-feira, 10 de outubro, 2013

Nova gestão quer mais que duplicar a Duratex

Após um processo de sucessão sem sobressaltos, a Duratex começa a pôr em prática seu plano estratégico de crescimento, que prevê mais que duplicar seu tamanho até 2020 em relação ao patamar atual. Apenas em expansão orgânica, os investimentos já previstos para cinco anos, a partir de 2014, somam R$ 2 bilhões, informou ao Valor o novo presidente da companhia, Antonio Joaquim de Oliveira, na primeira entrevista desde que assumiu o cargo há três meses.

A manutenção da solidez dos resultados da companhia e a aceleração do crescimento são prioridades da sua gestão, afirmou Oliveira. A expansão será baseada na consolidação dos investimentos em curso, no crescimento nas áreas em que está presente e em novos negócios.

Controlada pela Itaúsa e pela Ligna Investimentos, a Duratex é líder nos produtos das duas divisões de negócios em que atua: painéis de madeira e louças e metais sanitários. Em 2012, a empresa teve receita líquida de R$ 3,4 bilhões, Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 1 bilhão e lucro líquido de R$ 460 milhões.

Em julho, a empresa deu partida a um conjunto de operações que, quando estiverem a pleno vapor, vão elevar sua capacidade produtiva em 30%. Conforme o executivo, isso se refletirá em aumento também de 30% do Ebitda em 2014. "Esses projetos ajudam a elevar volumes e a melhorar as margens da companhia", disse.

A empresa pôs em marcha a unidade de painéis de madeira MDF em Itapetininga (SP), com capacidade instalada de 520 mil m3 anuais. O investimento apenas nessa fábrica, somando área florestal, chegaram a R$ 600 milhões. Em 60 dias, estima, já estará em operação plena. Outro investimento da divisão madeira, também com partida em julho, foi a ampliação em 230 mil m3 da capacidade produtiva de painéis MDP de Taquari (RS). Lá foram aportados R$ 90 milhões.

O pacote de quase R$ 1 bilhão a ser concluído, neste ano, também contemplou a divisão Deca. A capacidade instalada de louças foi ampliada em 2,4 milhões de peças, com investimentos de R$ 150 milhões na unidade de Queimados (RJ). Também nessa divisão - que responde por 40% dos negócios -, a empresa concluirá aportes de R$ 120 milhões, em 2013, para elevar a capacidade de metais, em Jundiaí (SP), em 1,2 milhão de peças.

Para os negócios atuais - louças e metais sanitários, madeira e chuveiros -, a Duratex tem plano de crescimento orgânico. Na divisão Deca, aquisições não são descartadas, e há projetos de fábricas novas em avaliação. A consolidação da Thermosystem, empresa especializada na fabricação de chuveiros eletrônicos e sistemas de aquecimento solar, adquirida em 2012, está em fase de conclusão. O objetivo é crescer nesse segmento.

No momento, a empresa conclui os últimos detalhes técnicos de um novo projeto, robusto, de painéis de madeira. O local escolhido deverá ser Minas Gerais. O início de operação é previsto para 2016, quando a atual capacidade de oferta desse produto no Brasil estará totalmente utilizada, conforme o executivo. Segundo ele, os investimentos da empresa já realizados em florestas são suficientes para dar suporte a futuras expansões da divisão de painéis.

Nos novos negócios, a Duratex está de olho em áreas que tenham afinidade com as de sua atuação e que possam capturar sinergias de marca e gestão. "Somos uma senhora de 60 anos, madura, capitalizada e preparada para crescer", afirma o executivo. A expansão dessa área vai ocorrer baseada principalmente por meio de aquisições de ativos. Oliveira garante que não há ainda nenhum alvo definido até o momento.

Apesar da piora da economia, a Duratex mantém as estimativas de crescimento e a projeção de investir R$ 660 milhões no ano. "O papel de um líder é prosseguir com investimentos", disse. Para o volume expedido da divisão madeira, a Duratex estima expansão de duas vezes o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil e da Deca, de 1,5 vez. A conta considera o PIB traçado no fim de 2012 para este ano, com aumento de 3% a 3,5%. "No primeiro semestre, superamos a meta traçada e, em julho, ficamos em linha", afirmou Oliveira.

O executivo ressaltou que a Duratex privilegia margens em relação a volumes. No início de 2013, a companhia reajustou preços de painéis de madeira em 6%. Na virada do ano, houve reajustes de algumas linhas da Deca. "O cenário para o segundo semestre é de estabilidade de preços. No nosso planejamento, não prevemos novos ajustes", disse o presidente.

A redução dos lançamentos imobiliários pelas incorporadoras de capital aberto no ano passado não preocupa a companhia. "A expectativa é que 2013 continue um bom ano em relação à entrega de empreendimentos", disse o executivo. De acordo com Oliveira, dois terços das vendas da Deca são destinados a reformas, sendo apenas um terço para novas unidades. Já a divisão madeira tem a indústria moveleira como principal cliente, seguida pelo setor de construção civil.

Conforme Oliveira, as ambições de crescimento da Duratex não se restringem ao Brasil. O foco no exterior, no momento, é a América Latina. No ano passado, anunciou compra de participação na fabricante colombiana de painéis de madeira Tablemac. "Queremos crescer em negócios, setores e países que agreguem valor ao resultado", afirmou.

Com perfil financeiro confortável - dívida líquida de R$ 1,48 bilhão e caixa de R$ 800 milhões em junho -, ele disse que o crescimento será suportado por capital próprio e financiamentos de longo prazo, como os do BNDES.
Investe São Paulo - 01/08/2013
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