terça-feira, 08 de outubro, 2013

Crédito curto faz crescer os estoques de veículos

O estoque de veículos novos no Brasil atingiu em setembro o maior nível do ano, após as vendas no mês terem ficado abaixo do esperado, diante do que o setor chamou de maior seletividade dos bancos na concessão de crédito.

Segundo a associação de montadoras, Anfavea, o estoque de veículos novos em fábricas e concessionárias terminou setembro em quase 421 mil unidades, no quarto mês consecutivo em que o volume à espera de comprador ficou acima de 400 mil unidades.

O estoque cresceu apoiado também no recorde de produção para setembro, 332 mil veículos, com o setor se preparando para uma aceleração das vendas no final do ano por crescimento de exportações e a expectativa de repetição do fenômeno de antecipação de compras.

A redução no desconto do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) oficialmente vai até o fim de dezembro, mas analistas e observadores do setor apostam que o governo renovará o benefício pelo menos até o início do ano eleitoral de 2014.

Na véspera, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que o Programa de Sustentação do Investimento (PSI), importante incentivador das vendas de caminhões ao oferecer juros reduzidos, será estendido do final deste ano para o fim de 2014.

A Anfavea garante que não tem discutido a renovação do desconto do IPI como governo e o presidente da entidade, Luiz Moan, afirmou nesta sexta - feira que “todas as sinalizações que o governo tem adotado apontam claramente restrições à política de desoneração. Não conto coma possibilidade de renovação”.

Segundo ele, as vendas de setembro não foram “tão positivas quanto esperávamos”. Os licenciamentos do mês passado somaram 309,9 mil unidades, alta de 7,6% sobre o fraco setembro de 2012, mas queda de6%sobre agosto.

Ainda assim, a queda nas vendas no acumulado do ano foi reduzida de 1,2% para 0,3% de agosto para setembro e a Anfavea manteve a previsão de crescimento dos licenciamentos de 1% a 2% em 2013. A entidade começou o ano prevendo alta de 3,5% a 4,5%.

Moan afirmou que os bancos estão mais seletivos, mantendo, em vez de ampliar, o volume de Crédito Direto ao Consumidor (CDC) oferecido na aquisição de veículos novos. “Eu preciso de CDC para crescer o volume”, afirmou.

Enquanto os bancos não se mostram mais confiantes no financiamento de veículos novos, a Anfavea espera chegar a um acerto com o governo até o final do mês que viabilize a retomada da modalidade de leasing.

Moan afirmou que o leasing financeiro chegou a ser responsável por 38% das vendas de veículos em 2008, mas que hoje a participação foi reduzida para menos de 2%. A queda ocorreu diante de incertezas jurídicas que fizeram Estados como São Paulo cobrar das instituições financeiras, e não dos motoristas, multas e pagamento de impostos atrasados.

“O que estamos buscando é que não haja essa transferência”, disse Moan, estimando que a retomada do leasing poderá gerar vendas incrementais para a indústria, principalmente entre as pessoas jurídicas.

Se o instrumento se viabilizar, a expectativa é que os grandes bancos comerciais ampliem o crédito para veículos via leasing, reduzindo as linhas de Crédito Direto ao Consumidor, que cobram juros mais elevados pelo risco maior. Esse espaço seria em parte assumido pelos bancos das próprias montadoras.
Brasil Econômico - 07/10/2013
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