Thursday, June 11, 2015

Atina diversifica oferta de ingredientes vegetais e volta a crescer

O derivado mais conhecido do babaçu - um tipo de coco comum no Nordeste - é o óleo, usado na produção de alimentos, remédios e cosméticos. Agora, a fabricante de ingredientes naturais Atina pretende difundir o uso de sua farinha, capaz de absorver a oleosidade da pele, na formulação de maquiagens e cremes. A empresa desenvolveu o branqueamento do insumo - seu tom natural, entre bege e rosa, restringia o uso em produtos de beleza. O ingrediente foi batizado de Wawhite e colocado no mercado no fim do ano passado como parte da estratégia de diversificação da Atina.
O biólogo Eduardo Roxo, sócio-fundador da companhia, sabe bem a importância da ampliação do portfólio. Entre 2009 e 2010, oscilações no mercado de seu principal produto, o bisabolol de candeia - óleo com propriedades anti-inflamatórias usado em cremes e loções -, fez a Atina fechar as portas por sete meses e quase a levou a leilão.
O Wawhite deve ajudar a elevar em cerca de 20% a receita da companhia este ano, para R$ 8 milhões. A expectativa inicial era crescer mais, mas a piora do cenário econômico fez Roxo rever as projeções. Segundo ele, o ano será difícil, mas as exportações, impulsionadas pelo câmbio, podem compensar a retração do mercado interno.
Ele vê espaço para o novo insumo como substituto de matérias-primas sintéticas (compostos químicos derivados do petróleo) usadas pela indústria da beleza para obter o chamado "efeito mate" em maquiagens, que reduz a oleosidade e ajuda a uniformizar a pele. "O Wawhite é uma alternativa para marcas que buscam formulações mais naturais", diz Roxo.
O insumo é extraído do babaçu em parceria com comunidades do Maranhão. Depois é processado na fábrica da Atina em Pouso Alegre (MG). Com 54 funcionários, além de desenvolver produtos próprios, a empresa presta serviço de pesquisa e produção de matérias-primas para companhias como a brasileira Natura e a suíça Givaudan.
O desenvolvimento de insumos vegetais rastreáveis levou a Atina a ser uma das cinco empresas selecionadas para o projeto de incentivo à inovação do Centro de Estudos em Sustentabilidade (GVces) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) em parceria com a agência de promoção de exportações Apex-Brasil. Com a participação no programa, a companhia pretende entrar nos Estados Unidos. Hoje, exporta para países como Alemanha, França, Coreia do Sul e China.
O produto mais vendido pela Atina no exterior é o bisabolol de candeia, que deu origem à empresa, em 2003. Na época, grande parte da extração desse insumo ocorria de forma descontrolada, com corte ilegal de madeira (a candeia é uma árvore nativa da Mata Atlântica) e por isso, alguns fabricantes de cosméticos, como a Natura, suspenderam seu uso. Roxo viu, então, uma oportunidade de negócio: oferecer o óleo da candeia rastreável. Começou a trabalhar com o manejo sustentável da árvore em fazendas de Minas Gerais e em 2004 obteve a certificação FSC - que atesta a origem do produto, seguindo princípios ecológicos e sociais. Mais tarde obteve também a certificação orgânica Ecocert.
A Natura passou a comprar o produto certificado, mas foi uma exceção. Outros fabricantes de cosméticos e distribuidores preferiam ainda o produto vegetal sem selo, por uma questão de preço (20% mais barato), ou optavam por sua versão sintética. Para disputar mercado, a Atina passou a vender o insumo com prejuízo. Em 2009, os sócios investidores de Roxo decidiram pôr a companhia à venda.
As atividades ficaram paradas por sete meses, até que o controle da Atina foi adquirido, em 2010, pelo empresário Juan Piazza, dono da consultoria ambiental JGP.
Roxo, que se manteve como sócio minoritário e gestor do negócio, conta que o período difícil fez com que voltassem mais cautelosos. "Voltamos com uma produção menor, mais prudente, sem querer concorrer com o produto pirata."
Mudanças no mercado impulsionaram a retomada nos últimos anos. Normas mais rígidas para a extração da candeia acabaram reduzindo a oferta do produto sem rastreamento e a demanda pelo óleo da Atina cresceu. Além disso, o portfólio foi ampliado para produtos como o extrato seco de aloe vera e insumos de outras plantas. Só em 2014, o faturamento cresceu cerca de 70%. E o objetivo é diversificar mais. "Saímos do monoproduto e abrimos o leque", diz o biólogo.
Valor Economico
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