Thursday, April 30, 2015

Wessel investe em unidade e se prepara para exportar

Depois de 57 anos no bairro da Bela Vista, em São Paulo, István Wessel diz que cansou de "puxadinho". O especialista em cortes nobres de carnes está há menos de três meses tocando os negócios da Wessel em uma nova unidade industrial, localizada em Araçariguama, a quase 60 quilômetros da capital paulista. "Não quero mais puxadinho na minha vida", brinca o empresário.
A nova planta industrial, onde a partir de agora são preparados os cortes de carnes que a Wessel fornece para restaurantes e redes de varejo do país, começou a ser construída há dois anos e demandou investimentos de R$ 25 milhões, segundo Daniel Wessel, filho de István e diretor comercial da empresa. A fábrica tem uma área construída de 5 mil metros quadrados, onde trabalham 115 pessoas. A unidade antiga tinha 600 metros quadrados.
István Wessel tomou a decisão de sair de São Paulo porque já não era mais possível crescer e ampliar a produção na unidade antiga, que começou a funcionar em 1958, como um açougue, sob o comando de seu pai, o imigrante húngaro László Wessel.
Na planta de Araçariguama, onde também foram instalados novos equipamentos, será possível elevar a produção de 150 toneladas mensais para 200 toneladas ao mês de imediato, afirma Daniel Wessel. A maior produção permitirá também atender novos clientes. "Na fábrica antiga, produzíamos 2 mil quilos de hambúrguer por dia.
Agora, podemos produzir 1.500 quilos por hora", exemplifica. Hambúrguer "feito só de carne bovina", como frisa István, é um dos principais produtos da empresa atualmente, que tem em seu portfólio cortes nobres de bovinos, cortes suínos, de cordeiro e de frango. A empresa adquire carne bovina ­ e outras carnes ­ de grandes frigoríficos brasileiros e faz os cortes, em porções controladas, sob medida para os clientes, sistema conhecido como "taylor made".
De acordo com Daniel Wessel, a capacidade de produção da nova unidade pode alcançar 500 toneladas mensais, o que significa que sera possível ampliar ainda mais os volumes no futuro.
A nova planta também permitirá à Wessel retomar a produção de carpaccio, que vinha sendo terceirizada nos últimos três anos em decorrência da falta de capacidade na fábrica do bairro da Bela Vista.
Os planos da Wessel com a nova planta são ambiciosos e não se restringem ao mercado doméstico. Depois de ser reconhecida no Brasil pelos cortes nobres de carne, a empresa prepara­se para exportar. A planta nova já foi pensada para isso e está em processo de habilitação pelo Ministério da Agricultura para vender ao exterior, de acordo com István.
Inicialmente a habilitação para exportação é para a chamada "lista geral", que inclui países do Oriente Médio, por exemplo. "O foco são mercados emergentes que são atendidos no volume e não no nicho, na especialidade", acrescenta Daniel. Um exemplo de produto que poderia ser exportado para esses mercados é o hambúrguer de carne de cordeiro. Segundo István, a expectativa é começar a vender para outros países ainda este ano.
A localização da nova fábrica não foi escolhida à toa. Além de estar defasada em termos de capacidade de produção, a unidade antiga, em plena área central de São Paulo, enfrentava problemas como o trânsito constante da capital. Em Araçariguama, a unidade que entrou em operação tem a vantagem logística de estar nas proximidades da rodovia Castelo Branco, com acesso para a capital e o interior.
Embora a Wessel viva um momento de ampliação de volumes e vendas em decorrência do investimento em Araçariguama, o empresário não esconde uma certa preocupação com o efeito da crise sobre o consumo, especialmente nos segmentos de menor renda. "Nas praças de alimentação, vemos uma mudança de hábito, com queda a 10% a 15% nos volumes", estima István Wessel. No entanto, como a empresa está ampliando o número de clientes, esse recuo fica mascarado, explica.
A Wessel chegou a ser sondada por potenciais compradores em 2008, ano com forte movimento de consolidação no setor de carne bovina no Brasil. Na ocasião, Wessel afirmou que a empresa não estava à venda, mas admitiu avaliar propostas. Nesta nova fase da Wessel, um negócio nesse sentido parece distante do radar. "Este é um momento de alavancar o que foi investido", garante Daniel Wessel.
Futuros Agricolas / Valor
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