Tuesday, October 06, 2015

Alta temperatura foi insuficiente para impulsionar produção de sorvetes

As altas temperaturas, mesmo no inverno, não têm sido suficientes para impulsionar a produção de sorvetes este ano. Nem as vendas no verão devem reverter o impacto da desaceleração econômica sobre o setor, que pode apresentar recuo frente a 2014.
A tendência de aumento do volume de produção de sorvetes nos últimos dez anos, muito estimulada pela melhora da renda média dos brasileiros, deve ser interrompida este ano, avalia o presidente da Associação Brasileira das Indústrias e do Setor de Sorvetes (Abis), Eduardo Weisberg.
"A piora da economia está afetando bastante o consumidor final, o que se reflete em redução da venda de sorvetes", comenta ele. A entidade não divulga dados parciais da produção das associadas, mas o dirigente contou ao DCI que os números até o momento sinalizam estabilidade ou retração este ano.
"A perspectiva é muito mais para queda do que estabilidade. Tanto que as associadas não estão querendo falar muito a respeito, porque o recuo é geral, uma situação inédita para o setor", diz.
Ele observa que a demanda menor deve estimular ainda mais a concorrência no verão, período no qual a indústria de sorvetes tradicionalmente registra aumento nas vendas. "A alta nos custos de produção é outro fator que tem pressionado mais as empresas", projeta ele.
A Unilever, uma das maiores fabricantes de sorvete no País, destaca em seu relatório financeiro referente ao primeiro semestre que entregou dois dígitos de crescimento nas vendas na América Latina a partir de uma estratégia de precificação para compensar a alta nos insumos. "Nossa liderança de mercado [em sorvetes] mostra que nossas inovações e distribuição são determinantes", afirma diretora de marketing da marca Kibon, da Unilever, Katia Ambrosio.
Para ela, o mercado de sorvetes tem espaço para crescer no Brasil e a Kibon tem procurado analisar movimentos do mercado e diversificar o mix de produtos. "Além das inovações, a marca trará campanha de TV e ativações para os lançamentos [este ano]", comenta ela. A executiva não comentou a expectativa para as vendas no Brasil nos próximos meses.
A paulista Frutiquello já percebeu o movimento da Unilever. O diretor comercial da fabricante de médio porte, Rogério Martins, conta que tem visto um número maior de anúncios com as marcas de sorvete da concorrente. "Percebemos que estão investindo mais em propaganda de picolés em outdoor, partindo para a briga no varejo", acredita.
Martins espera que a disputa pelas vendas por impulso no varejo aumente, já que o consumidor final está menos inclinado a gastar este ano.
"Apostamos muito nas altas temperaturas para estimular as vendas, mas sabemos que o cenário não está favorável. Esperamos que o calor, e não a economia, defina as vendas neste verão", diz. Se a alta na demanda, estimulada pelo calor, se confirmar, o executivo projeta ampliar o volume de produção em até 15% em 2015, puxado principalmente pela venda de sorvetes em embalagens para consumo individual.
"Isso não quer dizer vender sorvete mais barato, o investimento nos produtos de maior valor agregado continua sendo a nossa estratégia", ressalta.
O presidente da associação confirma que, embora a conjuntura econômica seja desfavorável, o segmento premium é uma das principais apostas.
Para a Nestlé, os produtos de maior valor agregado seguem na linha de frente da estratégia no mercado de sorvetes. Neste ano, a companhia anunciou a chegada da linha Nestlé Gelato ao mercado e o retorno dos sorvetes da marca Molico.
Uma fusão dos negócios de sorvete também estaria nos planos da companhia. Segundo notícia publicada ontem pela agência de notícias Reuters, a Nestlé estaria negociando a criação de uma joint venture com a R&R Ice Cream. O anúncio da fusão pode ser feito ainda nesta semana, conforme a reportagem.
Paletas
A fabricante de paletas mexicanas Monterrey espera alta de 40% na produção nos próximos meses, ajudada pela expansão dos pontos de venda. "Acreditamos que [a demanda] não sofrerá impacto tão grande, e como estamos expandindo não sentiremos tanto a pressão da economia", revela o diretor geral da Monterrey, Pablo Rocha. Hoje os freezers no varejo são o principal canal de venda da empresa. "E os principais concorrentes são os produtos de venda por impulso como sobremesa", explica.
DCI
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