Monday, January 05, 2015

Souza Cruz espera um ano difícil

Senra, da Souza Cruz: foco em redução de custos e no segmento premium A Souza Cruz, controlada pelo grupo British American Tobacco, terá um 2015 difícil, com aumento nos custos de produção e de carga tributária, em um momento em que o consumo de cigarros cai. Para fazer frente ao cenário pouco favorável, a companhia vai trabalhar para melhorar a gestão de custos e ganhar participação de mercado. A empresa, no entanto, não divulga projeção para o próximo ano. "Ainda é prematuro prever como será o desempenho financeiro em 2015. É necessário ver a evolução da economia no primeiro trimestre", disse Leonardo Senra, diretor financeiro da Souza Cruz. O executivo disse que o governo deu sinais de que quer mudar o cenário macroeconômico, mas falta ver sinais de melhora nos indicadores de renda e consumo das famílias. A Souza Cruz, como suas concorrentes, tenta se manter competitiva em meio à redução do consumo no país. Segundo a Receita Federal, de janeiro a novembro, a produção de cigarros para o mercado interno caiu 13,2%, para 3,3 bilhões de unidades. Senra disse que a redução do consumo é reflexo da preocupação dos consumidores com a saúde e também do aumento de preços e do crescimento fraco da renda das famílias. Senra citou ainda o aumento no país das vendas de cigarros contrabandeados, que chegam aos consumidores a preços mais baixos. "Sempre que há reajuste de preços, o contrabando cresce. Desde 2011, o mercado ilegal cresceu 50% no Brasil", disse o executivo. A Nielsen produziu um estudo mostrando que, de janeiro a agosto, o mercado de cigarros no país teve retração de 9,9% em volume, enquanto os preços subiram 6,2%, descontada a inflação. Em janeiro de 2015, o setor sofre novo ajuste, com aumento de 10% no Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI). "Esse é o menor aumento dos últimos anos, o que é favorável para o setor, mas ainda pode levar a um aumento do mercado clandestino", disse Senra. Nos últimos quatro anos, a carga tributária sobre cigarros cresceu 110%. Além do aumento da carga tributária, a elevação nos custos de produção também preocupa a Souza Cruz. Neste mês, a empresa fechou acordo com representantes dos produtores para reajustar a tabela de preços da safra em 6,4%. De janeiro a setembro, a Souza Cruz registrou uma queda de 5,3% em vendas, totalizando 41,1 bilhões de unidades. A receita líquida aumentou 1,3% no período, para R$ 4,49 bilhões. O lucro líquido caiu 6%, para R$ 1,22 bilhão. Senra considerou o resultado positivo. Até setembro, a Souza Cruz ganhou 1,1 ponto percentual em participação de mercado. Em relação às marcas premium, a marca Dunhill ganhou 1,3 ponto percentual no ano, chegando 11,9% de participação. O Lucky Strike ficou estável com 1,3% do mercado. O Free teve queda de 0,3 ponto percentual, para 14%. O Hollywood perdeu 0,5 ponto percentual, para 12,6%. Os cigarros populares (Derby e Minister) mantiveram a participação estável. "A Souza Cruz buscou melhorar a eficiência e reduzir custos. A perspectiva é manter esse foco em 2015", disse Senra. Em relação à marca Dunhill, o executivo disse que a empresa adotou inovações que agradaram consumidores, como um selo que veda a caixa depois de aberta, mantendo o frescor do produto. "A empresa vai trabalhar para ganhar mais mercado no segmento premium", disse Senra. A companhia não divulgou projeção para o quarto trimestre. Neste mês, a Souza Cruz baixou preços de algumas marcas em São Paulo e no Rio Grande do Sul. A medida foi adotada após a rival Philip Morris cortar preços. A redução foi anunciada no momento em que, tradicionalmente, a Souza Cruz elevaria preços, em antecipação ao aumento de impostos. A medida afetará as margens de lucro da fabricante.
Valor Economico
Related products
See this news in: english
Other news
DATAMARK LTDA. © Copyright 1998-2024 ®All rights reserved.Av. Brig. Faria Lima,1993 third floor 01452-001 São Paulo/SP