Wednesday, January 15, 2014

Montadoras americanas retornam ao nível pré-crise

O otimismo voltou a predominar na indústria automobilística americana, a segunda maior do mundo, atrás apenas da chinesa. Pelo menos, esse tem sido o tom dominante nas declarações dos chefes de montadoras que, nesta semana, abriram as portas à imprensa do salão internacional do automóvel de Detroit, principal mostra desse setor no país.
Há consenso de que o consumo de carros nos Estados Unidos ainda tem fôlego para continuar crescendo e superar a barreira dos 16 milhões de veículos neste ano, o que significaria retomar os níveis de antes da crise financeira de 2008, quando o mercado girava ao redor desse patamar.
Essa é a previsão mais comum entre as montadoras americanas, mas há quem mostre mais otimismo. A Ford, por exemplo, também parte de uma base de 16 milhões, mas acredita que a demanda poderá chegar a até 17 milhões de carros em 2014, tendo como premissa um crescimento da economia de 2,5%.
O desempenho do ano passado, quando as vendas cresceram 7,5%, para um total de 15,5 milhões de unidades, dá motivo para a empolgação. Desde que caiu para o piso de 10,4 milhões de carros em 2009, o consumo anual de veículos de passeio nos Estados Unidos já evoluiu em 5 milhões de unidades, acumulando quatro anos seguidos de crescimento.
A recuperação exigiu que as fábricas voltassem a aproveitar toda sua capacidade e estimulou a retomada dos investimentos. Durante o salão de Detroit, a alemã Volkswagen anunciou que vai, nos próximos cinco anos, investir US$ 7 bilhões na América do Norte para alcançar vendas anuais superiores a 1 milhão de carros nos Estados Unidos até 2018, saindo dos mais de 600 mil automóveis - entre as marcas Volkswagen e Audi - do ano passado. O plano se insere na meta do grupo de se tornar o maior fabricante mundial de carros no período.
Esse não é um investimento isolado. Ele se soma, entre outros, à modernização de linhas da Chrysler e à renovação de portfólio da Ford, que programa para este ano o recorde de 23 lançamentos em todo o mundo, mais do que o dobro do número de 2013.
Em geral, a apresentação dos carros em Detroit tem sido discreta se comparada à pirotecnia das montadoras nos tempos de vacas gordas do passado. Com a cidade-sede do evento atravessando uma profunda crise financeira, o que lhe forçou a buscar proteção contra a falência em julho do ano passado, não convém mesmo às empresas ostentar.
Porém, quando os microfones são abertos aos chefões da indústria, fica evidente que não falta entusiasmo com os resultados e os rumos do mercado. A General Motors (GM) aproveitou o salão para confirmar que a Chevrolet, sua principal marca, obteve recorde de vendas globais em 2013, com quase 5 milhões de carros entregues, sendo 650 mil deles no Brasil, o terceiro maior mercado. A Hyundai, fabricante do Elantra, décimo-terceiro carro mais vendido nos Estados Unidos, informou, por sua vez, que tem todas as linhas operando a plena capacidade para fazer frente a demanda.
"A economia americana seguirá em crescimento nos próximos trimestres. Temos todos os ingredientes para acelerar essa recuperação" afirmou o presidente da Daimler, Dieter Zetsche, referindo-se ao cenário de baixas taxas de inflação, retomada do mercado imobiliário e melhora nos índices de emprego e de utilização da capacidade industrial no país.
Por mais que haja otimismo, os executivos garantem que a indústria americana aprendeu com os erros do passado e, por isso, não temem "novas recaídas". Alan Mulally, o presidente global da Ford, disse que, apesar do novo ciclo de expansão da indústria automobilística americana, as empresas têm sido cautelosas em manter o equilíbrio entre produção e demanda para reduzir os riscos de ociosidade e pressões sobre preços. "Estou satisfeito com a disciplina que todos os fabricantes têm mostrado", afirmou o executivo, após ser questionado se teme um excesso de capacidade nas montadoras.
Também há uma leitura de que os grandes grupos estão melhor preparados para enfrentar eventuais turbulências após a penosa reestruturação que se seguiu à crise financeira para evitar a falência de montadoras como GM e Chrysler. Os ajustes envolveram o fechamento de fábricas e demissões em massa. "Hoje, os fundamentos são diferentes porque, por muitos anos, fizemos uma redução de custo estrutural na General Motors. Então, hoje, conseguimos fazer dinheiro em nossos negócios", comentou o presidente da GM na América do Norte, Mark Reuss.
Valor Econômico - 15/01/2014
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