Monday, July 29, 2013

Laranja: vendas São Paulo melhoram, mas a crise continua

Depois de viver em 2012 a pior crise nos últimos 30 anos com a queda na exportação do suco e com a desvalorização do preço da safra, a laranja tenta se reorganizar para colher bons resultados em 2014.
Por isso, apesar da indústria de sucos de laranja ter aumentado as vendas internacionais no primeiro semestre, os produtores continuam amargando baixo rendimento e remunerações ruins. Por conta disso, muitos citricultores estão procurando outras culturas agrícolas no Estado de São Paulo.
“O produtor vai ter que ter fôlego até o ano que vem. Muitos estão saindo ou fazendo apenas o trabalho básico. Nós não tivemos nenhum programa específico para a citricultura em 2013. Ano passado tivemos alguns auxílios do governo federal, como os leilões, mas este ano nada. Não aprovaram o preço mínimo e o suco 100%, que ajudaria a escoar a produção”, comenta Marco Antônio dos Santos, presidente da Câmara Setorial da Citricultura vinculada ao Ministério da Agricultura.
No primeiro semestre deste ano, a indústria do suco de laranja registrou uma pequena recuperação nas exportações. Neste período, foram comercializadas 606 mil toneladas, enquanto o setor registrou ao longo de 2012 um total de 1milhão de toneladas. A expectativa é alcançar amarca de 1,2milhão até o fim do ano.
“No ano passado tivemos um problema na exportação para os Estados Unidos, que embargou o suco brasileiro. Ficamos quase sete meses sem poder exportar para eles. Estamos em uma retomada, com números parecidos com 2011 (foram exportados 1,15 milhão de toneladas)”, afirma Ibiapaba Netto, diretor executivo da CitrusBR, a Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos.
Para a indústria, retomar o ritmo de dois anos atrás é visto de forma positiva, pois as exportações caem desde 2007, quando alcançaram o pico de 1,41milhão de toneladas. Para recuperar esse ritmo, os empresários preparam uma campanha de comunicação que recupere o hábito do consumo de suco de laranja, que cai nos principais países compradores. “As pessoas precisam se lembrar da importância de tomar suco de laranja, nem que seja pelo menos um copinho. Chamam isso de marketing genérico, trabalhar os benefícios do produto em geral. Isso foi muito bem feito nos Estados Unidos com o leite”, destaca Netto.
Por conta das dificuldades na exportação em 2012, os estoques de suco continuam elevados na indústria. Com isso, a demanda por laranja nos produtores é menor e o preço continua baixo. “Não houve nenhum reflexo para o produtor com essa melhoria de cenário que a indústria aponta. É um cenário negativo, desanimador. O que vemos é que isso precisa mudar”, critica Flávio Viegas, presidente da Associtrus, a Associação Brasileira de Citricultores. Se a compra da laranja pela indústria é ruim desde o ano passado, a previsão para a safra 2013/2014 é pessimista. Isso por causa do desgaste natural dos pomares. “Realmente a safra vai quebrar significativamente. Queda em torno de 30%”, enfatiza Viegas. Nas estimativas da CitrusBR, a safra 2013/14 será de 268 milhões de caixas, 117 milhões a menos do que a última. “Isso é bom para escoar os estoques, que dão para um ano”, salienta Netto.
As diferenças de cenário entre indústria e produtores provoca uma briga nos bastidores entre os dois lados do setor. Representante dos citricultores, Viegas acusa a indústria de provocar a queda do preço da caixa, que é vendida por R$ 6 e custa cerca de R$ 20 para o produtor. Por outro lado, Netto, representante da indústria, lembra que faz parte de qualquer negócio e que os pequenos produtores, que são os que mais sofrem com a situação atual, representam apenas 30% do setor. “Hoje a indústria
produz 40% da laranja e compra 30% em acordos fixos com produtores médios, que recebem em dólar e com preço fixo”.
Brasil Econômico - 25/07/2013
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