Presidente da Toyota tem a melhor relação custo-benefício

Conhecida por ter revolucionado o modo de produção de carros após o término da Segunda Guerra Mundial, com o Sistema Toyota de Produção, que dividida as fases de montagem dos veículos e, assim, enxugava estoques, amontadora japonesa não parou de inovar. Agora por conta da postura de remuneração adotada por seu presidente, Akio Toyoda. No ano passado, a Toyota gerou o maior retorno dentre as cinco maiores montadoras de carros em termos de vendas, com 9,75 milhões de veículos comercializados - uma alta de 22,6% relação a 2011.
No entanto, seu presidente, Akio Toyoda, 57, recebe a remuneração mais baixa de todos os líderes desse grupo - menos de um décimo da que ganha o seu par melhor remunerado. Toyoda embolsou pouco menos de US$ 1,9 milhão, o que equivale a 184 milhões de ienes, em 2012, um aumento de 35% em relação ao ano anterior, de acordo com um documento apresentado ontem pelo Ministério de Finanças do Japão. A perspectiva de maiores lucros no futuro levou a companhia a aprovar a maior bonificação para seus funcionários desde 2008.
Quando assumiu o cargo em junho de 2009, Toyoda reativou os lucros da companhia logo depois que a recessão global e a valorização do iene fizeram com que a Toyota registrasse a primeira perda anual em 59 anos. O executivo ainda ajudou a companhia a se recuperar de um terremoto e de um tsunami no Japão e do recall de milhões de carros. “Ele foi testado como nenhum outro presidente da Toyota nos últimos 30 anos”, disse Maryann Keller, diretora da consultoria da indústria automotiva Maryann Keller Associates, sediada nos Estados Unidos. Comparadas com a dele, “a remuneração dos concorrentes é excessiva”.
Em 2010, Toyoda recusou-se a aceitar sua bonificação após um recall de mais de 8 milhões de carros no mercado mundial. Assim, sua remuneração anual ficou abaixo de 100 milhões de ienes - a menor dentre as três principais companhias automotoras japonesas naquele ano. Depois do recall, vieram o tsunami e as enchentes Em março de 2011, Toyoda tinha levado a companhia a superar a crise do recall e elaborado um plano para restabelecer os lucros e a reputação de qualidade da Toyota. Naquele momento, um terremoto de nove graus de intensidade atingiu o Japão, interrompendo a produção durante meses. Antes que a companhia pudesse se recuperar totalmente, enchentes na Tailândia - o centro produtor da Toyota no sudeste asiático - agravaram a falta de autopeças, dificultando ainda mais a recuperação da produção.
Toyoda redesenhou o plano de continuidade comercial da companhia colhendo informações detalhadas dos fornecedores a fim de garantir fontes alternativas de peças. O retorno à capacidade de produção completa, seis meses depois do terremoto e antes das expectativas, marcou a recuperação da Toyota e impulsionou a valorização de suas ações. Grande parte dos ganhos da companhia deve-se a investimentos em ações de exportadores japoneses, na expectativa de aproveitar a queda de 14% no valor do iene em relação ao dólar nos últimos seis meses promovida pelo primeiro-ministro japonês Shinzo Abe.
Contudo, embora a Toyota tenha vendido o maior número de carros no mundo no ano passado, os lucros anuais da Volkswagen foram mais do que o dobro da japonesa. Em setembro, uma disputa territorial causou um boicote na China contra carros japoneses; as vendas da Toyota no país caíram e as da GeneralMotors e da Volkswagen aumentaram mesmo após o fim dos protestos.
Em certo sentido, os investidores estão menos otimistas agora quanto à Toyota.Para ajudar a enfrentar os problemas da companhia, Toyoda nomeou um velho colega e veterano da GM como membro do conselho, Mark Hogan, que é o primeiro diretor não japonês da companhia desde 2007. Hogan trabalhou durante décadas com Toyoda e “conhece nossa gestão loca”", disse o presidente no começo de março. “Como ele também trabalhou para outras companhias, tenho certeza de que nos ajudará a tomar melhores decisões de gestão”, complementou o presidente da montadora.