Thursday, June 20, 2013

Marca própria

Sinônimo de preços mais baixos até alguns anos atrás, algumas marcas próprias das principais redes varejistas do país mudam de estratégia para manter o crescimento do setor, que em 2012movimentou R$ 2,878 bilhões e registrou aumento de 8%. Walmart, Pão de Açúcar, Carrefour, Consesud e Dia% representam 90% das vendas desses itens no país.
Para os diretores dos grupos Walmart e Pão de Açúcar, ter produtos exclusivos é uma forma de fidelizar a clientela. Por isso, itens de maior valor agregado, mais caros e com maior prestígio entre os consumidores, como é o caso dos voltados ao modo de vida saudável e com apelo à sustentabilidade, entraram no portfólio das marcas dos varejistas nos últimos anos.
“Ainda há produtos focados no preço baixo, mas notamos que as redes vêm lançando itens de maior valor agregado para aproveitar o crescimento do poder aquisitivo dos consumidores”, afirma o diretor de atendimento da Nielsen no Brasil, Olegário Araújo. Para ele, a sofisticação do consumidor se reflete no mix de produtos e a tendência é que as marcas próprias se tornem também um atrativo para fidelizar o consumidor para aquela bandeira, uma vez que é exclusivo.
A evolução das marcas próprias no Brasil A presidente da Associação Brasileira de Marcas Próprias (ABMAPRO), Neide Montesan afirma que algumas redes já entraram na fase mais madura do mercado de marcas próprias, chamada pelos especialistas de Geração de Valor. Essa migração começou em 2004, mas se intensificou nos últimos quatro anos, quando esses artigos passaram a dividir espaço nas gôndolas com os itens que estavam na terceira geração, chamada de Mee Too. Esses produtos da terceira geração se consolidaram na década de 1990, com apelo de qualidade similar a das marcas tradicionais e política de preços 15% mais baixos em média.
“Para gerar valor, as marcas dos varejistas tem de oferecer um diferencial que justifique preços mais altos, como, por exemplo, requisitos de sustentabilidade ambiental ou linhas mais saudáveis”, esclarece. Ainda assim, Neide faz a ressalva de que itens típicos da terceira geração ainda são de extrema importância para o negócio.
Os diretores de marcas próprias de grupos supermercadistas concordam com a especialista da entidade. Antônio Sá, do WallMart, explica que os produtos da rede sempre terão preços mais baixos pela simples razão de não carregarem custos com marketing. Mesmo assim, ele garante que os esforços atuais da diretoria são no sentido de fidelizar clientes, o que já apresenta resultados.
"Tem gente que vem para a loja só para encontrar um produto exclusivo nosso e acaba fazendo o resto das compras conosco”, conta ao destacar o bom desempenho da linha de fralda infantil Parent´s Choice.
Já Andre Svartman, do grupo Pão de Açúcar, lembra que não há uma alta de preços dos produtos que já existiam, e sim o lançamento de novos produtos com maior valor agregado, que custammais. Todos os anos, entre 10% e 20% do portfólio é mudado. Com isso, itens com novas funcionalidades são lançados. Um exemplo disso é a marca Taeq, que mira no público em busca de alternativas saudáveis. Segundo Svartman, só no ano passado, aproximadamente cem novos produtos foram lançados.
Apesar do faturamento bilionário, a 18a pesquisa anual do setor da Nielsen aponta uma participação ainda pequena das marcas próprias: elas respondem por apenas 4,7% das vendas totais do varejo, sendo que 70% delas estão concentradas no Estado de São Paulo.
Para o diretor de atendimento do instituto de pesquisa, Olegário Araújo, isso se deve a uma questão geográfica, já que as marcas próprias não chegam na maioria das cidades de médio e pequeno porte. Outro dado curioso diz sobre o consumidor padrão desses produtos tem mais de 51 anos e nível socioeconômico alto. Para Araújo, essa predominância de perfil se dá porque famílias com orçamento mais largo têm cultivado o hábito de experimentar novos produtos. “Esse consumidor pode arriscar e, se não gostar, mudar de marca”, afirma. Redação

FABRICANTES ACOMPANHAM CRESCIMENTO
“FabioGonçalves Por trás do crescimento das vendas das marcas próprias das bandeiras varejistas estão fabricantes, muitas vezes anônimos, que apostam nesse mercado para se dedicar à atividade fabril, sem se preocupar com os desafios e custos de fazer uma marca. Para 93% dos fabricantes, fornecer para as marcas próprias é uma oportunidade para ampliar sua capacidade fabril com menores riscos e ter comprador certo para a produção.
“Em geral, fabricantes com marcas já estabelecidas tem uma capacidade instalada para produzir para marcas próprias, o que já é considerado uma unidade de negócio rentável, uma vez que é usada uma capacidade já instalada e que está ociosa”, explica Neide Montesano, presidente da BMAPRO.
Esse é o caso de Zanoni Campos, dono da Emifor, empresa especializada na produção de alimentos para marcas próprias que atende, entre outros, aos grupos Pão de Açúcar, Walmart e Carrefour, além de manter sua própria linha de produtos que leva o logo da Emifor.
Em 2012, o faturamento da Emifor foi de R$ 212 milhões, dos quais 70% vêm do fornecimento para as grandes redes. Hoje, a empresa possui 120 funcionários em dois parques fabris, um na cidade de Contagem e outro em Pirapora, ambas em Minas Gerais, que produzem, todo mês, 2 mil toneladas/turno de alimentos, sobretudo leite em pó, achocolatado e amido de milho, entre outros.
Para o empresário, há uma relação de interdependência entre empresas como a sua e grandes varejistas e os fornecedores, porque não há tantos fabricantes qualificados no mercado e, no seu caso, a maior parte do faturamento vem dessas redes. “Eu trato a marca própria da mesma forma que a minha marca, trata se de uma aliança estratégica que é diferente de uma relação simples de compra e venda. Da mesma maneira que eles verificam o andamento e qualidade da produção, eu acompanho a distribuição nos mercados e as vendas”, explica o produtor, responsável por produzir, embalar, empacotar e transportar tudo. “Só não tenho a despesa de venda”, resume.
Para Antônio Sá, diretor de marcas próprias do grupo Pão de Açúcar, o negócio de fornecimento para o setor tem grande potencial. “Este é um negócio que vai crescer muito, e isso vai acontecer na medida em que os fabricantes ganham expertise”. E, se em 2012 Zanoni emplacou 21 novos produtos, esse ano quer abrir linhas de produção para fabricar pipoca de microondas, farinha láctea.
Brasil Econômico - 18/06/2013
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