Friday, March 22, 2013

Norte e nordeste puxarão alta da venda de motos no Brasil

Após encerrar 2012 com recuo na ordem de 15,62%, o segmento de motocicletas recorre ao "boom" nas vendas das Regiões Norte e Nordeste, sobretudo nas zonas interioranas, para retomar um crescimento ainda que modesto do nicho. A expectativa da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) é obter alta de 3,70%, em 2013. Mola de alavanca para tal projeção, o negócio tem se revelado um sucesso na localidade, graças à modernização que lá tem chegado - a preços acessíveis e por meio de consórcio - na forma de motocicletas.
Segundo a Fenabrave, 33 novas concessionárias começaram a atuar na Região Nordeste, em 2012. A mesma região, em 2012, contava com 450 pontos do segmento, ante os 417 do ano anterior. Na Norte, o incremento foi de sete novas revendedoras. Vale recordar que a Harley-Davidson inaugurou a sua primeira loja no nordeste no final do ano passado, na cidade de Fortaleza (CE).
Voltada para um público altamente especializado, o empreendimento é uma das provas de que o segmento local se assemelha cada vez mais, no quesito desempenho, ao da Região Sudeste.
"Com o aumento de renda da população, eles começaram a trocar o jegue pelas motos", afirmou Valdeci Monteiro, sócio-diretor da Ceplan Consultoria e professor de economia da Universidade Católica de Pernambuco, referindo-se ao animal que até então era um dos meios de transporte comuns da região.
Soma-se a isso o fato de grande parte das estradas locais se encontrarem em péssimas condições de uso para automóveis, caminhões e ônibus. A Confederação Nacional dos Transportes divulga em sua página oficial dados que indicam as Regiões Norte e Nordeste com o maior percentual de rodovias em situações ruim, regular e péssimo. Destaque para os estados do Maranhão e Amazonas.

O primeiro é abastecido por 41,1% de rodovias em condições regulares de funcionamento, e o segundo, por 47,1%. Fazendo um contraponto, o estado de São Paulo, por exemplo, detém apenas 10,8% de estradas em estado regular. Além da precariedade estrutural da região, o consórcio também contribui para o aquecimento do setor. Vale lembrar que a limitação do crédito, sobretudo para esse tipo de compra, foi um dos maiores responsáveis pela queda registrada em 2012.
Para o presidente-executivo da Fenabrave, Alarico Assumpção, a venda de motocicletas está muito ligada à oferta de crédito. Como essa área passa atualmente por um momento de retração a nível nacional, as operações nortistas e nordestinas se adequaram ao fenômeno de uma forma distinta das demais regiões. Segundo ele, o consórcio de lá trabalha com a questão do companheirismo, isto é, embora o comprador não tenha conseguido um financiamento no banco, o empresário lhe vende a moto pela confiança que este tem no seu consumidor. "Isso gera muito negócio e volume para as vendas na região. No sudeste, por exemplo, isso nunca aconteceria", afirmou o executivo. Além disso, ele ainda destacou as diferenças regionais entre as práticas comerciais dos dois extremos.

Dona de quase 80% do mercado brasileiro de motos, a japonesa Honda também ostenta a liderança disparada nas regiões menos desenvolvidas do Brasil, com o modelo Honda CG150. No último mês, a marca vendeu 31.686 veículos no nordeste, o que representou 87,9% de participação no segmento local. As informações são da Fenabrave.
Público-alvo
O enriquecimento da população, impulsionado por políticas macroeconômicas, como aumento do salário mínimo e a baixa nas taxas de desemprego e queda dos juros, surtiu efeito principalmente nas áreas mais carentes do Brasil, conforme indicam especialistas do setor. As classes C, D e E foram as mais beneficiadas pelo movimento de inclusão social, empreitado pelo estado no decorrer dos últimos anos.
E são justamente esses grupos que predominam em números tanto nas Regiões Norte e Nordeste como no público-alvo do segmento. Segundo a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo), 85% dos consumidores de motocicletas pertencem à classe C (52%), D (14%) e E (19%).
No entanto, o setor, que chegou a resultados nunca antes vistos há cerca de dois anos - fazendo com que até as grandes metrópoles pensassem numa reorganização do sistema viário local -, sofreu com a alta do percentual de endividamento da população, principal, fator que levou os bancos a reter o crédito.
Acometendo de surpresa o setor, a restrição rigorosa aos financiamentos, principal responsável pela expansão da venda de motocicletas nos anos anteriores, provocou uma queda drástica do desempenho do segmento no ano passado, difícil de ser recuperado em curto prazo de tempo, conforme analistas do setor.
DCI
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